31 agosto, 2010

CADA DIA - Senhas Diárias - Setembro/2010

Vivendo o dia de hoje à luz da Palavra de Deus

Esta coluna é dedicada a todos que, na correria do dia a dia,
queiram fazer uma pausa para reflexão e fazer um "clic" aqui

Quinta, 09 de setembro de 2010


“Os que amam a tua salvação digam sempre: Deus seja magnificado” Salmo70.4


“Quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para a glória de Deus” 2 Coríntios 1.20


Estamos vivendo dias de campanha eleitoral. Tempo de promessas que sempre deixa a pergunta: “quantas delas serão cumpridas”, pois geralmente, nessa época todos fazem um “raio x” dos problemas e oferecem solução “se eu for eleito”...


Infelizmente não podemos dizer “amém” para tudo que vemos e ouvimos no horário político. Este mesmo “amém”, que aparece nos dois textos de hoje, se aplica muito bem àquele que promete e cumpre. O próprio Deus. Mas só dirá “amém”, “assim seja”, quem reconhece a ação de Deus, “os que amam a tua salvação”. Não podemos pensar que com relação a Palavra de Deus, o “amém” seja ponto pacífico. Não é. Nem todo mundo a aceita como tal. Outro dia ainda recebi um vídeo, onde alguém, com a Bíblia na mão, a desfazia. Mais uma vez. Só vai dizer este “amém”, quem crê.


Mas crê em que? Aí temos que olhar para o segundo texto de hoje, do Novo Testamento. Crer nas promessas. O texto diz que “todas elas” alcançam o sim daquele que prometeu. Digamos: Ele tem história e esta comprova o que Ele já fez.
Muitas vezes é assim com um candidato a reeleição. Vamos votar nele outra vez por que acompanhamos o seu trabalho e vimos que as promessas de campanha foram cumpridas em seu mandato. O contrário também é verdade: Não iremos votar neste candidato se ele não as cumpriu. Pena que, na questão da política, a maioria da população acaba esquecendo as promessas feitas pelos candidatos. E como a maioria só emite alguma opinião em tempo de eleições e a grande maioria só comparecendo às urnas para votar e mais nada, fica difícil.


Olhemos então para nossa própria história e descubramos o que Deus já tem feito. Por esta sua caminhada conosco, renovemos nossa confiança e digamos o nosso “amém”!



Quarta, 08 de setembro de 2010


“Não endureçais a vossa cerviz; confiai-vos ao Senhor e vinde ao seu santuário” 2 Crônicas 30.8


“O Senhor falou a seu servo: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa” Lucas 14.23


Já ouvimos o ditado: “teimoso feito uma mula”. Não sei quem já viu uma mula embestada, empacada. Que coisa! É pinote, é gritaria, é coice... Quando uma atitude assim vem de um animal, pois esta é a sua natureza, não podemos estranhar. Mas quando vem de uma pessoa?


Em níveis mais acentuados em alguns e mais moderados noutros, a teimosia pode ser encontrada em quase todas as pessoas. Ela assume formas diversas, desde as silenciosas (emburrar e não dizer nada) até as mais espalhafatosas (tenho certeza absoluta...). O primeiro texto de nossas senhas de hoje, aconselha o povo a que não “endureça a sua cerviz”. É a nuca, parte posterior do pescoço. É o símbolo da teimosia. Se antes falei da mula, pensemos agora numa junta de bois, cangada numa carreta (aqui onde moro vejo diariamente). A “canga” colocada sobre o pescoço do animal é para evitar que ele “endureça a cerviz”. Quer dizer: para que fique com a cabeça para baixo, e obedeça aos comandos do arreio. Se quiser dar uma olhada como isso funciona, confira no endereço http://www.lombagrande.org.br/carreteada.html 
 Um dos desfiles da "carreteada", festa típica
da localidade de Lomba Grande/RS

A confiança em Deus traz como ingrediente básico não ter a cerviz endurecida. Quer dizer que precisamos nos deixar guiar. Ler a Bíblia como se olha para um mapa, que nos ajudará a encontrar nosso caminho. E não é só olhar o mapa. É seguir o traçado. Se empacamos e andamos em caminhos próprios, não vamos passar de uma mula esperneando e dando pinotes. Não vamos a lugar nenhum.


O texto do Novo Testamento mostra uma situação interessante. Nenhum dos convidados para uma festa aceitou o convite (teimosos). Mas tudo estava preparado e a festa sairia de qualquer jeito. Foi aí que os empregados foram enviados a chamar os que não seriam orgulhosos a tal ponto de não aceitarem um convite de última hora.
Literalmente, estes últimos convidados foram chamados, para “quebrar o galho”. Se os primeiros convidados tivessem aceito o convite não haveria lugar para todos. Por outro lado, o convite para os últimos, foi tão verdadeiro quanto o dos primeiros.




É uma ilustração para o que significa se deixar orientar por Deus e sua Palavra, “sem endurecer a cerviz”. Basta querer. Tem muito lugar pois “a casa deve estar cheia”. A questão é: quem troca a teimosia da auto-suficiência, do saber tudo pelos conselhos de Deus? Principalmente hoje em dia. Cuidado: Mula empacada não vai longe.



Terça, 07 de setembro de 2010


“Saberão, porém, que eu, o Senhor, seu Deus, estou com elas e que elas são o meu povo, a casa de Israel, diz o Senhor Deus” Ezequiel 11.2


“Deus não rejeitou o seu povo, a quem de antemão conheceu” Romanos 11.2


Uma das figuras mais populares na Bíblia, desde as primeiras até as últimas páginas, é a do pastor com as ovelhas. Ela mostra carinho e atenção de parte do pastor e segurança da parte das ovelhas, que se sabem bem cuidadas e protegidas.


No primeiro texto das senhas de hoje ela também está presente. O profeta Ezequiel vê o povo de Deus como um rebanho, mal cuidado, onde, inclusive os pastores, agem em interesse próprio e não do rebanho. O personagem que o profeta usa para dizer que não esqueceu seu povo e novamente os abençoará, é a do jovem pastor de ovelhas, Davi. Ele é anunciado como o libertador. Apesar de que a lembrança mais comum que se guarda de Davi, é a do jovem e valente guerreiro que enfrenta o gigante Filisteu, Golias, ele foi o rei escolhido por Deus para guiar seu povo e orientá-lo com bons conselhos. E sua escolha foi feita a partir de sua dedicação ao rebanho de ovelhas de seu pai, Jessé, onde muitas vezes se expôs para salvá-las. Por outro lado quando Ezequiel anuncia que Deus continua amando seu povo e “está com suas ovelhas e que elas são o seu povo”, quer que confiem no tempo da tribulação até que Deus venha em seu socorro.
Ao anunciar esta sua ação em Davi, ele também é profético, em relação ao descendente de Davi, o próprio Jesus, que também seria identificado como o “bom pastor que dá a sua vida pelas ovelhas”.


No livro de Romanos, nossa segunda senha, Paulo, o apóstolo aos nãos judeus (gentios), incluiu em sua carta (capítulos 9 a 11), a escolha de Deus para com este povo e, através da fé em Jesus, da amplitude deste rebanho, que teria muitas outras ovelhas, de outra origem. Mesmo que os cristãos teriam agora esta nova cara, Paulo também convida os judeus para que entendam esta mensagem, dizendo que Deus não esqueceu deles, nem os rejeitou. Pelo contrário. Eles já foram escolhidos “de antemão”, sendo assim os primeiros a terem a oportunidade de conhecer este amor de Deus. Mas teriam que voltar-se a ele e serem dignos dele. Deus estava agora formando um novo povo, onde todos são bem-vindos. A promessa cumprida parcialmente em Davi, para o povo de sua época, se cumpre definitivamente em Jesus para todos os povos de todas as épocas.



Segunda, 06 de Setembro de 2010


“Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas” Isaías 2.3


“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, aproximemo-nos com sincero coração, em plena certeza de fé” Hebreus 10.19,20,22


Sempre tem alguém que acha que sabe tudo e por isso não precisa de ninguém que lhe ensine alguma coisa. Aliás, é daí que vem a expressão “o sabe-tudo”. Eu costumo poupar minhas palavras diante deles. Pois acho que irão aprender pouco do que eu disser. Poupe-me!!!


Na visão do profeta Isaías, na nossa primeira senha de hoje, em qualquer lugar e a qualquer nação pode ser anunciado que em Deus está aquele que nos ensina os seus caminhos para que neles andemos. É uma visão apocalíptica, cumprida em parte no nascimento de Jesus. Todos perguntaram pelo menino.
Sábios do oriente (não precisavam de quem os ensinasse) vieram procurá-lo. Por sua sabedoria se deixaram guiar por uma estrela. Coisa simples. A procura da verdade.

Mas a profecia se cumprirá plenamente apenas na segunda vinda de Cristo. São vários os textos do Novo Testamento que apontam para o fato de que “de todas as tribos, povos e raças”, haverá quem virá para adorá-lo, reconhecendo-o como Senhor. Tão importante quanto deixar que alguém nos mostre o caminho, é andar por ele. Se chego a uma cidade estranha e pergunto a algum morador onde fica tal lugar e ele me explica, isto ainda não é nada. Agora devo seguir suas orientações até chegar lá. Se não o fizer de nada adiantou perguntar. Nas expressões “Casa do Senhor” e “Monte do Senhor” está o endereço onde devemos chegar.


Para os Hebreus, acostumados aos seus rituais e sacrifícios, uma ilustração que entenderiam, aponta para a mesma verdade. A expressão “entrar no Santo dos Santos” mostra o novo caminho oferecido a todos, pela fé em Jesus. Esta ação era, no culto judaico, permitida apenas ao Sumo Sacerdote. Agora, tendo sido rasgado o véu que fechava esta parte interior do altar (o que aconteceu literalmente na hora da morte de Jesus na cruz), estava aberto o acesso a todos, pela fé. E para nos apercebermos deste “novo e vivo caminho”, temos que nos aproximar com coração sincero a Ele, àquele altar, como disse Isaías, à Casa do Senhor. Sem fé é impossível agradar a Deus, diz o mesmo livro de Hebreus (11.6). Este constante ir e vir á palavra de Deus, dá sabedoria, mostra o caminho certo e motiva para a vida.

O texto da pregação deste domingo, de Deuteronômio 30.15-20, faz um convite: “escolhei o bem e não o mal, a vida e não a morte”. Achar que se sabe tudo, como ilustrei no início, pode ser uma má escolha e nos conduzir há um caminho sem volta. Ontem, depois do culto em uma das comunidades as quais sirvo como pastor, celebrei numa Comunidade Terapêutica, que acompanha dependentes químicos. Sei que muitos lá estão, por escolhas erradas, motivadas e fomentadas por outros. Agora eles tem um tempo de voltar-se para a vida, nos 9 meses em que trabalham o programa dos 12 passos, antes de voltarem aos seus familiares e vida em sociedade. Vão experimentar um “novo e vivo caminho”, pela fé. Aleluia!



Domingo, 05 de setembro de 2010


“Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder” Daniel 2.20


“Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações” Apocalipse 15.3


Estamos em período eleitoral onde, na campanha dos candidatos, cada um apresenta “suas admiráveis obras”, o bem que já fez a nação ou estado. Com certeza, quem já foi candidato em eleições anteriores, não dirá em nenhum momento: “quero reconhecer que tal meta, colocada anteriormente, não foi alcançada...” ou coisa deste tipo. Eles têm memória curta e o povo também. A maioria das “novas promessas” são as velhas que voltam com roupa nova. Aliás, já se perguntaram, porque na vida política, todo mundo sabe dos problemas e das soluções, só em período eleitoral? Há resposta para a falta de infra-estrutura (esgoto, por exemplo), para a saúde, educação, desemprego, fome, miséria, mortalidade infantil, exploração sexual, até para o tráfico de drogas e o crime organizado.


Os dois textos das senhas de hoje apontam para quem faz sem precisar de propaganda. E veja que a ação de Deus não é para um período específico (4 anos), sujeito a ser revalidado (mais 4) e talvez perpetuado, numa visão democrática pervertida. A descrição de Daniel é interessante: “de eternidade a eternidade”, como se existissem duas eternidades. De fato o que ele está tentando mostrar é que, se olhamos para trás, vemos a eternidade e se olhamos para frente, vemos a eternidade. E em qualquer destes tempos lá está Deus. Por isso, digno de ser louvado: “bendito seja o nome de Deus”. Ao contrário do ser humano, que sem sabedoria só se preocupa com o poder, Deus age movido por ambos. Ele é sábio e poderoso.


E vai assim pelas páginas da Bíblia até o fim. O último livro, o Apocalipse, vê as obras de Deus e as classifica como “grandes e admiráveis”. Por isso Ele é digno de ser louvado. E assim como no texto de Daniel há um motivo para isto (sabedoria e poder) aqui também há: justiça e verdade.
Estas duas características de Deus, se pensarmos na ilustração do início desta reflexão, nem sempre estão presentes nos nossos candidatos em período eleitoral. Pelo contrário: em muitos dá pra “ler nos olhos” que falta verdade e que os critérios de justiça sempre pendem para um lado só, qual seja, a seu favor. E por isso a escolha se torna tão difícil. Tanto que as próprias igrejas estão tomando posições e trazendo-as a público. A CNBB trouxe um documento pedindo que os católicos não votem nos candidatos que são contrários a vida, pensando na legalização do aborto. Confira em:
http://www.cnbbsul1.org.br/index.php?link=news/read.php&id=5742


Algumas igrejas evangélicas também vem tomando posição, orientando que não se vote em quem trás propostas de diminuição do valor da família, através da legalização do aborto e de uniões homo-sexuais, entre outros temas. Quem quiser conferir um destes depoimentos pode acessar este link:
http://www.youtube.com/watch?v=ILwU5GhY9MI


Estes são dois aspectos que, inclusive, tem sido mostrados por alguns candidatos, como as “grandes e admiráveis obras” que irão realizar. De fato a nossa política está pobre. Mas não faltam aqueles que querem ser “rei da nação”, apontando para as obras feitas com a logomarca “nunca antes na história deste país”. Este título, aliás, só fica bem para o próprio Deus.



Sábado, 04 de setembro de 2010


“Eis que tenho feito que passe de ti a tua iniqüidade e te vestirei de finos trajes” Zacarias 3.4


“Observai os lírios; eles não fiam, nem tecem. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais tratando-se de vós, homens de pequena fé” Lucas 12.27-28


A expressão “mas que bonito” convenhamos, é muito relativa. Ou, como se costuma dizer, “gosto é gosto”. Sabemos que o bonito para um nem sempre é o bonito para o outro. Para alguns o bonito sempre está no mais caro, no exagerado, no que chama atenção. Para outros está na simplicidade.


No texto de hoje do Velho Testamento, Zacarias, temos um episódio interessante, onde o sacerdote Josué aparece vestido de maneira inadequada (vestes sujas) e, na visão, recebe a promessa de que receberá vestes novas, uma mitra sobre a sua cabeça e sua vergonha será transformada em glória. Uma visão messiânica. O RENOVO, de quem fala o verso 8, é o Messias que, também virá para transformar a vergonha de um povo e dos pecadores em geral, em glória, quando se vestirem das obras de justiça do Cordeiro de Deus, cobrindo sua própria vergonha. O novo Reino, do RENOVO, terá uma nova cara, terá novos critérios (entre vós não é assim). O feio ficará bonito. O mundo poderá ser transformado, vestindo as “novas roupas” que se baseiam no amor. Muitos anos depois o apóstolo Paulo ilustraria esta mesma verdade dizendo que o cristão será identificado como “aquele que se despe do velho homem e se reveste do novo homem em Cristo” (Efésios 4.22-24).


Para Jesus, o que era bonito para ele, nem sempre o era para os outros. Imaginem comparar a exuberância de um traje real, como todos os reis usavam, incluindo o sábio Salomão, a um pequeno lírio do campo.
A gente diria: “mas não tem nem comparação”.
Ou tem? Parece que sim!

A beleza da veste real estava na opulência, no esplendor, nas jóias que a adornavam, que a tornavam diferente das demais. Para ser belo tinha que ser diferente. Já a figura usada por Jesus, mostra uma outra verdade.






Os lírios do campo não precisam “ser feitos bonitos”. Eles o são. E mesmo que milhares deles estejam juntos num campo aberto, a beleza de um não ofusca a beleza de outro. Para ser belo não precisava ser diferente. Esta era a lição que Jesus queria ensinar. Cada um dos filhos e filhas de Deus tem sua beleza própria. Mesmo assim tem todos “a mesma cara” e continuam sendo bonitos. Os cristãos se parecem e nesta semelhança está sua beleza, que não é própria, mas que reflete a beleza do amor de Deus. Como os astros, que refletem a luz de outros. Nisto são belos. Um exemplo é a lua. Quando ela está na fase de “nova” não a achamos bonita, pois não a vemos (não reflete luz alguma). Mas quando ela está na fase “cheia”, arranca suspiros dos enamorados e admiradores da natureza. O que a torna “bonita”? Ela mesma ou a luz que reflete? Assim é o cristão. E Deus cuida de cada um de seus “lírios”.



Sexta, 03 de Setembro de 2010


“Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades” Isaías 53.5


O apóstolo Paulo escreveu: “Longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo” Gálatas 6.14


O cantor alemão Manfred Sibalt, numa de suas composições, usa uma ilustração interessante. Ele diz: “olha esta cruz pendurada em teu pescoço. Ela é bonita, dourada, uma jóia. Nem sempre ela lembra mesmo aquela outra, tão diferente, onde morreu Jesus”.


Desde a primeira vez em que ouvi esta canção entendi o espírito da mensagem que estava por trás do poeta. Preocupado com a massificação da sociedade, numa característica da sociedade de consumo, uma cruz, num colar ou pingente, pode não ser mais do que uma simples peça comercial, da moda, um produto que se compra e se usa como qualquer outro. Mas e a simbologia? E a verdadeira cruz? Boa pergunta, não acham?
A simbologia da cruz foi antecipada pelo profeta Isaías numa outra, comum ao culto israelita. A oferta de animais, especialmente do cordeiro, talvez tivesse se tornado mais um costume em sua religiosidade. Mas um dia, “naquela cruz” ou, como diz Isaías, “no madeiro”, um cordeiro diferente seria oferecido pelas transgressões e iniqüidades. Sua intenção era ajudar o povo de sua época a ver, naquelas ofertas repetitivas, uma última e derradeira, que não exigiria mais qualquer outro sacrifício. Seria a maior prova de amor de Deus para com a humanidade. Não haveria de que se vangloriar. O inocente morre em lugar do culpado. O justo pelos injustos.


O apóstolo Paulo, fiel a sua tradição judaica, não compreendia esta mensagem trazida pelos primeiros pregadores do cristianismo. Judeus, como ele, convertidos a esta nova maneira de pensar, traziam uma mensagem perigosa: “Não há judeu, grego, bárbaro, homem, mulher... todos são um em Cristo”. Este nivelamento em Cristo incomodava. O povo de Deus, exclusivo, a nação santa, tinha que dar espaço para a nova família de Deus. Paulo se tornou eternamente grato pela ação de Deus em sua vida, abrindo-lhe os olhos, para enxergar esta verdade. Agora, ao invés de perseguidor, motivado pela tradição doentia de sua primeira fé, torna-se pregador e disso “não tem de que se vangloriar”, como diz neste texto aos Gálatas, nossa segunda senha para hoje. A cruz para ele não era um “pingente a ser pendurado no pescoço”. Era um estilo de vida: “O mundo está crucificado para mim e eu para o mundo”. Este mundo é o dos desejos e vontades, que agora seriam pensados antes de praticados. Seriam “avaliados”, como ele mesmo afirma em outra carta: “tudo é lícito mas nem tudo convém... não me deixarei dominar...” (I Coríntios 6.12). E aquela cruz pendurada em teu pescoço... Ai depende!!!



Quinta, 02 de Setembro de 2010


“O Senhor está comigo como um poderoso guerreiro” Jeremias 20.11


O vidente João escreveu: “Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último, e aquele que vive” Apocalipse 1.10-11, 17-18

O período que estamos vivendo no calendário eclesiástico cristão, o de Pentecostes, lança diante de nós o desafio de nos deixarmos orientar por Deus na continuidade da tarefa que o próprio Jesus anunciou a seus discípulos: “Ide, pregai o evangelho a toda criatura”.

Nos dois textos das senhas de hoje temos dois personagens desta história missionária em momentos diferentes. Jeremias, séculos antes do nascimento de Jesus, quer ajudar o povo de sua época a voltar seu coração a estas promessas de Deus. Uma tarefa complicada, pois Jeremias está diante de um povo rebelde, “de coração de pedra”, como ele mesmo os descreve. Não podemos esquecer que do mesmo Jeremias temos suas “Lamentações”.

Ele sentiu o peso do chamado e a dificuldade em cumprí-lo. A pressão era tanta que, nos versículos posteriores, neste capítulo 20, ele mesmo pensa que seria melhor não ter nascido. Antes de ser uma auto-crítiva, desmerecendo seu chamado, o texto deve nos fazer pensar que de fato a rebeldia do povo devia ser grande, para que o profeta chegasse a tanto.




Esse o sentimento ao olhar para si. Mas, quando ele olha para o Senhor, este o defende como um guerreiro.

O outro personagem é João. O discípulo amado, que aponta em seu evangelho este lado vibrante do amor de Jesus, quer levar sua missão até o fim. Assim, já idoso, exilado na Ilha de Patmos, ele tem a possibilidade de “olhar para o futuro”, se vendo no “Dia do Senhor”. Esta expressão descreve o “final dos tempos”, a “volta de Cristo”, as “Bodas do Cordeiro”, o “Juízo Final”. A palavra que ele ouve confirma que valeu a pena ser fiel. O mesmo Jesus que estava no “Princípio” (o chamado dos seus discípulos se inclui aqui), está agora no “Final” (onde João ouve esta voz que o recebe e saúda). Talvez os tempos de João foram tão complicados quanto os de Jeremias. Esta visão em Patmos é praticamente uma recompensa. E, ao citá-la no início do Apocalipse, ele chama a atenção de seus leitores para todas as demais promessas que viria a descrever adiante, culminando com a descrição do “Dia do Senhor", nos últimos dois capítulos da Bíblia. Sua missão estava cumprida. O que falta ser cumprido agora é a realização destas suas profecias, pelas quais nós também esperamos.


Quarta, 1º de Setembro de 2010


“Louvai ao Senhor, vós todos os gentios, louvai-o, todos os povos” Salmo 117.1


“Há um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” Efésios 4.6

Quando alguém quer reconhecer o trabalho ou a vida de uma pessoa propõe uma “palavra de louvor”. Outras vezes este louvor se concretiza numa comenda, num título, numa placa com nome de rua ou de um espaço em determinado prédio público ou privado. Um voto de louvor.

Outro dia ainda, falamos da promessa de Deus a Abrão de que nele: “todas as nações da terra seriam benditas”. Ele traria benção as pessoas e nações. Isto se tornou possível na vinda do Messias, seu descendente, Jesus Cristo. Pela fé em Jesus, gentios, judeus, pagãos, homens, mulheres, escravos ou livres, como afirma Paulo em suas cartas, se tornam seu povo. E são estes que hoje são convidados a louvarem a Deus: “todos os povos”, diz o salmista. De fato, se imaginamos a distância que existe entre a promessa a Abraão e nossos dias, é de admirar como o evangelho tem chegado também a nós e se espalhado mundo a fora. E não falo apenas de distância física ou de tempo. É a cultural, geográfica, histórica. Enfim: tudo é diferente. O que não muda é que podemos louvar a Deus da mesma forma como eles o faziam.
Para confirmar esta possibilidade tão atual o apóstolo Paulo explica como isso acontece. A fé nos relaciona direto com o Criador, o “Pai de todos”, como ele explica. Assim sendo ele mostra a esfera de abrangência desta ação de Deus. Arriscaria, inclusive, a dizer que esta descrição do apóstolo Paulo vai contra as chamadas "coincidências" expressão geralmente usada quando não se tem como explicar certos momentos em nossa caminhada. Em boa parte delas, talvez, seja exatamente a mão de Deus agindo e não apenas “algo que não se explica”. A vida de fato é cheia de mistérios. Sua complexidade, por um lado, e sua simplicidade por outro, são admiráveis. A forma como a natureza se comporta, a maravilha do funcionamento do corpo humano, a harmonia entre os planetas, a preciosidade com que os sistemas se complementam. “Que coincidência!”, alguém diria. Já o salmista e o apóstolo Paulo, preferem dizer: “É a mão de Deus” e por isso vamos louvá-lo. Todas as pessoas, de todas as épocas, de todas as nações. Nós, nos dias de hoje. Faça-o individualmente. Faça-o coletivamente. Participe da igreja. Agradeça. Louve!