31 março, 2010

CADA DIA - Senhas Diárias - ABRIL 2010

Vivendo o dia de hoje à luz da Palavra de Deus



Esta coluna é dedicada a todos que, na correria do dia a dia,
queiram fazer uma pausa para reflexão e fazer um "clic" aqui


Sexta, 30 de abril de 2010


“Quando pensei: não me lembrarei dele e já não falarei no seu nome, então, isso me foi no coração como fogo ardente” Jeremias 20.9


“Todos os dias, no templo e de casa em casa, os apóstolos não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo” Atos 5.42

O decepcionar-se consigo mesmo ou com outra pessoa muitas vezes pode chegar ao limite. Para alguns, no caso da frustração pessoal, os resultados são a depressão profunda que pode, inclusive, terminar em suicídio. Em relação aos outros é o isolamento e o fim de um relacionamento.

Pois vejam vocês! O profeta Jeremias, cujo livro tem tantas palavras bonitas e de estímulo, teve que curtir também seus próprios momentos de ansiedade e frustração. No capítulo 20, ele lamenta, inclusive, o dia de seu nascimento. Já havia decidido abandonar seu chamado, frustrado com os resultados e a não aceitação de parte do povo às suas palavras proféticas. O personagem do versículo 9 é o próprio Deus: “Não quero mais saber” ou em termos de hoje em dia, “larguei de mão”. Jeremias pensava que era isso que ele iria tomar coragem para dizer a Deus, dentro da decepção com seu chamado.
Em meio à depressão pode surgir uma nova maneira de ver a vida

Mas aí vem o mais importante. Ele desiste quando descobre que estava a serviço de uma causa maior do que ele mesmo e de seus sentimentos. Uma expressão muito forte descreve sua mudança de idéia: “como um fogo ardente em meu coração”. Ele não podia abandonar o chamado. Ao pensar em fazê-lo lhe ardeu o coração. Como iria fazer uma coisa dessas. Este sentimento o pôs novamente de pé. Outros passaram por situações semelhantes, como Isaías e Moisés.

Os apóstolos do Novo Testamento, seguidores de Jesus Cristo, no início de sua tarefa missionária, também tiveram que escolher entre o fazer ou não fazer. Tudo começou com Pedro, corajoso ao ponto de cortar a orelha de um soldado em defesa de Jesus na noite de sua prisão, traído por Judas, mas medroso ao ponto de não assumir que conhecia Jesus, no dia seguinte, ao redor da fogueira, enquanto o Mestre era condenado à morte por Pilatos. O mesmo Pedro puxa a dianteira no dia de Pentecostes, prega o evangelho com intrepidez e cerca de 3.000 pessoas são batizadas, dando início a Igreja Cristã. Dar seu testemunho e levar esta palavra adiante passou a ser tarefa de todos. Diz o texto de Atos que faziam isto “todos os dias”, “no templo” e “de casa em casa”. Foi assim que o evangelho foi entendido pelos primeiros cristãos e foi assim que ele chegou, como Jesus mesmo havia anunciado e prometido, “até os confins da terra”, o que nos inclui, neste lado do mundo.

Que o espírito missionário e de ajuda ao próximo sejam fortalecidos em todos nós!


Quinta, 29 de abril de 2010


“Se tornares ao Senhor, teu Deus, então ele mudará a tua sorte e se compadecerá de ti” Deuteronômio 30.2,3


Jesus disse à mulher curada: “Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal” Marcos 5.34

Conhecemos a expressão “Pau que nasce torto, morre torto”. Geralmente se aplica a casos complicados de pessoas que, por seu mau comportamento, não demonstram qualquer perspectiva de mudança.

De um certo modo poderíamos pensar que esta de fato é uma regra definitiva para o ser humano. Mas vejam que o texto do Velho Testamento aponta para possibilidade de mudança. E como? No voltar-se a Deus: “se tornares ao Senhor” diz o versículo. Parece que aí reside esta interpretação de que em alguns casos não há perspectiva de mudança. O homem vira as costas para Deus. Anda em caminhos próprios. Caminhos nos quais tem prazer e, em muitos casos, não quer largar. Neste caso também muitos chegam ao chamado “fundo do poço” e só aí, acabam tendo alguma sensibilidade para perguntar por mudanças. A promessa bíblica é de que Deus irá “mudar a tua sorte”. Mostrar compaixão é característica de Deus. Mas para encontrar este Deus cheio de amor e bondade, temos que “nos voltar” para ele. O arrependimento é a maneira pela qual se chega a Ele.

No texto do Novo Testamento um exemplo do que significa esta possibilidade de experimentar uma mudança em sua vida. Não é um caso de alguém afastado ou desviado de Deus por causa do seu pecado, mas alguém que sofre com sua doença e coloca em Jesus sua confiança e ouve uma promessa maravilhosa: “a tua fé te salvou”. O resultado desta fé foi duplo. A cura e a paz.
Identificar uma doença é apenas parte do processo de cura

Quem vive afastado de Deus está doente, ou poderíamos dizer, “é doente” e precisa de cura. Como em qualquer caso de doença, tem que tomar o remédio. No caso do afastamento de Deus é voltar-se para Ele. Como no caso de um diagnóstico, identificada a doença e apontada a medicação, cabe ao paciente seguir as orientações médicas e “tomar o remédio”. Como diz uma antiga canção, dos tempos de juventude, “a decisão é tua”!



Quarta, 28 de abril de 2010


“O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti” Números 6.25


Jesus Cristo diz: “Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” João 20.21

Vivemos numa época em que boa parte das conversas entre as pessoas são, como se diz na gíria ”entre cobras e lagartos”. Há poucas palavras de estímulo. Há muita auto-defesa e muitas desculpas. Aliás, quando a gente se desculpa (não no sentido de pedir desculpas), geralmente sobra a culpa pra alguém.

Pois veja que beleza os dois textos de hoje nas Senhas Diárias. De fato são palavras que deveríamos escutar e falar todos os dias. Reconheçamos, porém, que não é bem assim. Mesmo que a gente queira, sempre aparece um “espírito de porco” pra nos tirar do sério, não é mesmo?

A expressão do livro de Números é talvez a mais conhecida. Palavras que Moisés e Arão receberam de Deus para abençoarem o povo:

E falou o SENHOR a Moisés, dizendo:
Fala a Aräo, e a seus filhos dizendo:
Assim abençoareis os filhos de Israel,
dizendo-lhes:
O SENHOR te abençoe e te guarde;
O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti,
e tenha misericórdia de ti;
O SENHOR sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

Outro dia falamos sobre “dobrar o joelho de rosto em terra”, como sinal de humildade e obediência. Agora podemos levantar a cabeça, para deixar que o brilho da benção de Deus nos ilumine, anime, fortaleça e acompanhe.

Nas palavras de João esta benção se transforma num voto de Paz. Esta foi uma expressão que passou a marcar o convívio de Jesus com seus discípulos após a ressurreição. Todos os textos que identificam a chegada de Jesus ali onde os discípulos estavam, em diferentes momentos e lugares, a saudação é a mesma: “Paz seja convosco!” João acrescenta ainda que esta é para ser partilhada.

Quem é recebido com paz se torna mensageiro da paz. Não é pra menos que no Sermão do Monte, entre os “bem-aventurados”, estão os pacificadores. Jesus enviou seus discípulos na paz para viverem em paz. É um desafio e uma opção de vida. Mesmo que às vezes tenhamos que dizer algumas verdades, pra quem nos quer fazer de bobos. Um colega meu dizia: “Ser cristão é viver na paz e fazer o bem, sem precisar ser capacho de ninguém”.

 
Terça, 27 de abril de 2010


“Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós?” Isaías 66.1


“O Altíssimo não habita em casas feitas por mãos humanas” Atos 7.48

Dentre as riquezas culturais mundo afora, estão muitas igrejas, templos maravilhosos, construções impressionantes. Eu mesmo já pude estar em algumas delas, no Brasil e no exterior, e são riquezas que de fato causam impacto na gente. Lembro de uma dessas em Varsóvia, Polônia. Não entendia o idioma. Sentei-me quieto. Escutava. Admirava.

Com certezas todas estas construções não são apenas relíquias culturais. Elas são marcos de fé. Mostram muitas vezes a dedicação de uma geração inteira, levando em conta quanto tempo algumas delas levaram para serem edificadas. Nas páginas do Velho e do Novo Testamento, porém, aparece uma verdade básica: “Deus não habita em casas feitas por mãos humanas”. Não é um desmerecimento ao esforço humano. O próprio Deus deu as medidas e a maneira como queria que Salomão construísse um templo ao louvor do seu nome e como testemunho aos povos vizinhos. E o templo construído por ele foi maravilhoso, “de encher os olhos”. Mas a morada de Deus entre os seus, não dependia do templo. Ele estava com eles na escravidão, no exílio, no Tabernáculo entre as barracas do acampamento no deserto. Ele estava com eles em uma coluna de fogo ou numa nuvem. Deus habita onde está seu povo.

Lembro de uma experiência maravilhosa no interior de Moçambique na África. Depois de duas horas de vôo de Maputo à Nampula, mais uns 150 quilometros percorridos de camioneta, chegamos a um lugarzinho, no nada. De todos os lados vinham pessoas. Mais de 200 se reuniram. Uma festa. Um belo culto. Muita música. Muita gratidão daquele povo pelo apoio da IECLB, que eu representava naquele momento. Gratidão especialmente pela presença da Irmã Doraci, missionária dedicada e amada por todos, infelizmente assassinada um ano depois. E não havia templo! Uma grande, grande mesmo, árvore foi o lugar da acolhida. Um grande círculo com dança e louvor. Inesquecível! Por quê? Por que Deus não habita em casas feitas pela mão humana. Ele habita com seu povo. Também em casas feitas pelas mãos humanas.

De fato, como diz Isaías, o céu é o trono de Deus e a terra o lugar onde ele firma seus pés.
Estes pés criaram forma humana, nas pegadas de Jesus, as quais podemos seguir: “Pegadas na areia”, como diz o poeta, em conhecida mensagem. Jesus mesmo, em sua vida e ministério, visitava e atuava no templo, nunca o desprezou, mas se entristeceu quando o viu transformado “em covil de salteadores ao invés de casa de oração”. No mais, ele estava com o povo, na beira do lago, no alto da montanha, andando pelas estradas, entrando em suas casas, abençoando crianças, curando enfermos. Esta era a habitação de Deus. Que figura! Que lição de vida!

Que saibamos conservar e cuidar dos patrimônios culturais e religiosos legados por nossos antepassados. Que saibamos preservar a morada de Deus entre nós, enquanto nos reunimos como seu povo.

Esta poesia tem se tornado um dos clássicos da fé cristã


Segunda, 26 de abril de 2010


“Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua. De mim se dirá: Tão somente no Senhor há justiça e força” Isaías 45.23-34


“Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira, para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” Filipenses 2.9-11

Há muitas formas de se reconhecer as qualidades de alguém, desde um simples elogio até as condecorações. Assim surgem as medalhas, as premiações e os títulos de “Honra ao Mérito”. Na vida cristã também procuramos maneiras de demonstrar nosso reconhecimento a grandeza de Deus e suas ações a nosso favor.

Nas celebrações, como o culto, por exemplo, nossos cânticos, nosso louvor, nossas orações, tem esta finalidade. Podemos visualizar este reconhecimento através de gestos como levantar-se, erguer as mãos, ajoelhar-se. A simbologia é uma linguagem. Quase todas as religiões se valem de gestos, cheios de significados.

Assim era também o culto judaico. E dentro desta tradição Isaías usa a expressão “dobrar o joelho”. Orar com o rosto em terra, com os joelhos dobrados, simbolizava respeito à autoridade divina e humildade. Outros símbolos muitas vezes acompanhavam as orações, como o “vestir pano de saco” em sinal de arrependimento.

Na visão do Apóstolo Paulo, o grande missionário do Novo Testamento, a medida que o evangelho ia avançando e encontrando novas pessoas, ele imagina também crescendo o número de pessoas glorificando a Deus, por isso ele fala de joelhos que se dobram “nos céus, na terra e debaixo da terra”. Com isso ele quer simbolizar o alcance do evangelho e a caminhada de Jesus.
O texto de Filipenses 2, de fato pode ser identificado como um hino de exaltação a maneira como Jesus viveu. É interessante a leitura deste texto de Filipenses 2.1-11, especialmente os versos 6 a 11. A humildade de Jesus que, por amor, se entregou até a morte e, a partir da ressurreição no domingo da Páscoa, depois de descer até a pior situação, começa a subir. O texto diz “Deus o exaltou sobremaneira...”. Quem se dobra agora somos nós, cristãos do mundo todo, achando nossa maneira de fazê-lo, com as simbologias nas quais nos sentimos a vontade, em nossa devoção pessoal e em nosso louvor comunitário.


Domingo, 25 de abril de 2010


“Executai o direito e a justiça e livrai o oprimido das mãos do opressor; não oprimais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem a viúva; não façais violência” Jeremias 22.3


“Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem saber acolheram anjos” Hebreus 13.2


O ser humano é mau, por natureza. E isso não é exceção. É a regra. O apóstolo Paulo diz “que não há justo, nem sequer um” (Romanos 3.10). Esse mal toma as mais diferentes formas e nas mais diversas intensidades. Por isso todo cuidado é pouco, para que não sejamos levados por natureza a fazer o que prejudique a nós mesmos e aos outros.


De acordo com o texto de Jeremias, podemos “vencer o mal com o bem”. Numa esfera mais ampla e social, ele fala de uma troca, onde a opressão cede lugar à justiça, onde a violência cede lugar à bondade. Os grupos de pessoas que aparecem como alvo do “mal”, são os dos mais fracos, ilustrados aqui pelos estrangeiros, órfãos e viúvas.
Os mais fracos são os alvos mais fáceis da violência 

Interessante verificar que nos três grupos, algo é similar: perderam seu apoio e ponto de referência. O estrangeiro sem sua terra e direitos, os órfãos sem os pais que os sustentavam e as viúvas sem o amparo do marido. Pessoas fragilizadas são alvos fáceis de violência e perversidade. Por isso eles, ao contrário de quem se aproveite deles, precisam de quem os defenda. Individualmente ou como sociedade (grupos, vizinhança, igreja, etc.) devemos denunciar atitudes de violência, colocando sinais de paz e justiça.


Na mesma linha do texto de Jeremias vem a palavra do Novo Testamento, com outro exemplo: a hospitalidade. Receber alguém, oferecer-lhe abrigo, comida ou mesmo atenção, são sinais de obediência a Deus e amor ao próximo. As formas que estas atitudes irão tomar, variam de situação a situação, de cidade a cidade, de época a época. O importante, porém, é que haja pessoas que reconheçam o valor do amor e do empenho pela causa dos outros. Conheço profissionais, que fora ou mesmo junto de seu expediente e atendimento, tomam causas dos menos favorecidos, como uma forma de mostrar amor e compromisso pelas causas sociais. Poderia citar médicos, professores, advogados, empresários que assim o fazem. Eu mesmo tenho encaminhado a estes profissionais pessoas que não tenham recursos de bancar uma consulta, a defesa de uma causa ou coisas semelhantes. Tenho acompanhado por anos o trabalho voluntário de professores e professoras na luta pela erradicação do analfabetismo, para que estas pessoas, através do conhecimento, deixem de ser manipulados pelos que sabem mais e se tornem agentes de uma história que respeita seus dons, capacidades e possibilidades.


Estas são formas em que o ser humano mostra que, apesar de sua natureza, outra pode, a partir da fé, ocupar lugar em sua vida e mostrar seus frutos também.



Sábado, 24 de abril de 2010

“O Senhor, por causa do seu grande nome, não desamparará o seu povo” I Samuel 12.22


“Para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quanto o Senhor, nosso Deus chamar”. Atos 2.39

Vivemos de promessas. Quando um casal começa a se conhecer e, nos bons tempos, usávamos as 3 etapas: namoro, noivado e casamento, eles iam firmando o seu relacionamento nas promessas feitas um ao outro. Mesmo que os tempos mudaram e as formas de se formarem estas uniões, não mudou o princípio básico. Quem promete, cumpre. Quem recebe promessas, confia. Isso é cativar! Como dizia Saint Exupéri: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.
Como a confiança entre um casal nasce das promessas feitas,
nosso relacionamento com Deus se firma em suas promessas


Quando cremos em Deus é porque ele nos cativou, através de sua palavra, de suas promessas. Nelas confiamos, nelas nos firmamos. Quem promete deveria honrar, em primeiro lugar, sua própria promessa. Deus faz assim. Está em jogo o seu nome. Se ele diz que vai caminhar conosco, ele o faz. Nem sempre nós o entendemos. Nos últimos dias, com a enfermidade do Pastor Homero, muitos colocaram suas esperanças em pedidos de oração por sua cura. Este sempre é o nosso desejo. E que bom que é assim. Mostra nosso desejo pela vida, mesmo sabendo que ela não está em nossas mãos. Eu disse hoje à esposa e aos filhos do colega Homero, que a maneira como eles vivenciaram estes dias, compartilhado com todos no blog da família, foi um testemunho de fé e um estímulo a todos, pois a gente nunca pensa que pode acontecer conosco, ou com alguém de nossa família. E, quando a gente vê, estamos envolvidos pela situação.

Deus nos quer trazer para perto dele, diz o texto do Novo Testamento. E, por nosso testemunho, podemos ajudar com que outros “ainda longe”, se aproximem, perguntando, colocando suas perguntas e sendo ajudados a acharem as respostas. A maior delas é que Ele promete e cumpre. Histórias que poderemos passar as futuras gerações (para vossos filhos e netos). Como é importante termos boas histórias para contar às gerações que vem depois de nós. Histórias tristes, fatalidades, reclamações, descontentamentos e amarguras, sempre estão presentes. Mas histórias boas, vem de um coração que confia e se coloca diante das promessas de Deus. Um desafio e uma oportunidade.

Sexta, 23 de abril de 2010


“Uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro” Números 24.17


“Eu, Jesus, enviei meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã” Apocalipse 22.16


Hoje temos algumas simbologias nos textos das Senhas Diárias, linguagem bastante comum nas páginas da Bíblia. Eles também trazem promessas de épocas diferentes, mas apontando para um mesmo momento.


O povo de Israel, que durante mais de 400 anos no exílio do Egito perdera suas esperanças, agora é objeto de renovação de promessas. Uma estrela faz pensar em visibilidade. Todos verão. A expressão cetro, lembra poder, governo. A referência é a vinda de Cristo, em seus dois momentos. Uma estrela anunciou a primeira vinda da estrela, Jesus. Sem cetro, sem poder, mas humilde, sofredor, montado em jumento, que veio para servir. Já na segunda vinda haverá cetro, cavalo branco, coroa e trono. São as figuras que simbolizam a vinda da Estrela da manhã, como anuncia o texto do Novo Testamento. É o cumprimento da expressão que confessamos no Credo Apostólico: “Virá para julgar os vivos e os mortos”.


Além do nome simbólico de Estrela da manhã, usado no Apocalipse, para identificar Jesus Cristo, outra expressão significativa é “Raiz de Davi” ou “Geração de Davi”. Deus,em sua história com seu povo, muitas vezes quebra paradigmas, usando exceções ao invés de regras. Quando o povo de Israel pediu um rei, como os seus povos vizinhos os tinham, receberam a Saul. Alto, forte, impressionando pela aparência, mas frágil no seu interior e na sua obediência. Quando soube que seu sucessor não seria seu filho, mas o jovem Davi, deixou que a inveja tomasse conta de seus sentimentos, tentando, inclusive matá-lo. Pois desse Davi, de uma família simples e não real, vem outra promessa. De sua descendência viria o Messias.
A vinda do Leão de Judá, a Raiz de Davi,
anunciará tempos de paz

Por isso a Raiz de Davi. Humilde na sua primeira vinda, como já disse. Como Davi. Pastor das ovelhas. E ele: “O bom pastor que dá a vida pelas ovelhas”. Fiel a sua raiz. Numa das canções do Hinário Hinos do Povo de Deus, volume 2, da IECLB se canta:


“Glória pra sempre, ao Cordeiro de Deus, a Raiz de Davi, ao Leão de Judá, que venceu e o livro abrirá”


Todas as figuras apontam para o momento final, descrito também com novas figuras: “As Bodas do Cordeiro”, a “Nova Jerusalém” e a “Casa do meu pai”. Viver na esperança do cumprimento dessas promessas não é fugir da realidade através de uma fé “contemplativa”. É viver no presente com os olhos no futuro. Isso é esperança.




Quinta, 22 de abril de 2010


“Deus é a minha rocha, e a minha salvação, e o meu alto refúgio; não serei jamais abalado” Salmo 62.6


“Jesus Cristo diz: “Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante. É semelhante a um homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se o rio contra aquela casa e não a pôde abalar” Lucas 6.47-48

Acho que todos já observaram uma construção, de grande ou pequeno porte. Deve ter notado que em todas, uma coisa é comum: ela começa por baixo, abrindo valas, colocando pedras de alicerce, que nunca mais serão vistas.

Esta é a figura trazida no texto do Novo Testamento, onde se fala deste tipo de construção, comparando quem toma esta providência a uma pessoa sábia e de fé. No texto que não aparece e que são os versículos anteriores de Lucas, o tolo é aquele que constrói sem alicerces. Ele simplesmente vai levantando as paredes sobre a areia. Onde está a diferença? Ela só aparece quando vem a enchente. Uma casa cai e a outra não.

Veja que esta história surgiu como ilustração para o ouvir e o praticar da palavra de Deus. Ouvir sem praticar é construir na areia. Veja que na vida se ouve muita coisa: conselhos, ensinamentos, verdades mil. Quantas delas levamos a sério mesmo? Talvez poucas. Depois a gente se surpreende com os resultados de nossa falta de atenção ao que nos foi dito.

O texto do Salmo confirma esta verdade definindo, porém, o alicerce: Deus é a minha rocha. De fato viver sem Deus é “pedir que a casa caia”. O ser humano tem capacidades para muitas áreas de sua vida e para a vida em sociedade. Ele planeja, constrói, inventa. Mas ele nunca poderá ocupar o lugar que não é dele, o de criador. Apesar de que, por certas atitudes que toma, o ser humano tenta ser o todo poderoso, comparando-se ou querendo superar a Deus. Talvez seja isso mesmo que abale tanto a sociedade moderna. Estamos perdendo os alicerces, as bases. Nos tornamos uma sociedade vulnerável, enfraquecida, prestes a desabar, como aquela casa construída na areia.

A verdade maior, porém, permanece: A fé recebe tudo de Deus. Faz dele sua rocha. E constrói para o futuro.


Quarta, 21 de abril de 2010

“Como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o Senhor, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome” Isaías 66.22

“Se fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida” Apocalipse 2.10

A procura por novidades move o mundo. Somos curiosos por natureza. Conhecer novos lugares move o turismo. Experimentar um carro novo ou usar um novo produto eletrônico move o comércio. Conhecer uma nova igreja ou filosofia de vida move as religiões.

Parece que foi assim sempre. Inclusive nos textos bíblicos de hoje. No Velho Testamento já se fala em “novo céu e nova terra”, palavra que se torna muito forte no Novo Testamento, especialmente no último livro da Bíblia, o Apocalipse. Os Israelitas, prisioneiros do regime egípcio por mais de 400 anos, são motivados por Moisés a saírem para a “nova terra”, a “prometida”.
A busca pela "terra prometida" muitas vezes passa
por desertos abrasadores




A vida de muitos, no mundo inteiro, é movida pela busca do novo. A peregrinação, a migração e a imigração. Enfrentamos dificuldades se necessário, queremos novas experiências e por isso vamos em busca do novo. Foi assim, inclusive, com os que foram ao sertão goiano, chamados de candangos, para fundar Brasília, com seus 50 anos comemorados hoje.


A sede do governo brasileiro, terra prometida para muitos,
deveria fazer, através do seu poder, um Brasil, como prometido

Boa parte das páginas da Bíblia é de histórias de pessoas que “vem e vão”. Ontem ainda falamos de José, migrante forçado, levado ao Egito pelos comerciantes que o compraram dos seus irmãos. A primeira vista, sua “nova terra” foi deprimente. Depois, porém, se tornou em terra de abundância, pois pode sustentar, inclusive, sua família. Quando pensamos em esperanças, através destas tentativas por uma vida melhor, sempre “levamos a família de arrasto”, como se diz na gíria. As promessas de Deus, trazidas por Isaías, também incluem a família toda (posteridade).

Já o Novo Testamento, no texto para este dia de hoje, olha para a última situação de “novo céu e nova terra”. A última morada. A eternidade. Como muitas das “primeiras” buscas e esperanças são alcançadas pela “fé”, assim será a definitiva. Por isso a palavra de João fala em “ser fiel até a morte” (parece promessa de casamento). Mas esta aliança é ainda maior. E é a fidelidade que nos mantém no caminho, não nos deixa desistir e correr até alcançar o alvo. Nesta busca vem a coroação do objetivo: “a coroa da vida”. Penso nas olimpíadas ou na São Silvestre. Claro que tem dinheiro envolvido na premiação e nos patrocínios. Mas aquela “coroa” de ramos na cabeça, o estar no pódio, são o máximo. Essa é a expressão usada no texto para ilustrar que a fé é uma caminhada, a talvez até uma “corrida”! Alcançar a eternidade é “ganhar a coroa”. É presente de Deus, conquistado na cruz de Jesus.


Terça, 20 de abril de 2010


“Como cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” Gênesis 39.9


“Sabendo que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus” Gálatas 2.16


Vivemos hoje numa realidade em que quem quer fazer algo certo e respeitando valores e princípios, acaba sendo tachado de bôbo. Seja na vida pessoal, comunitária ou nos negócios. É o mundo do “levar vantagem”.


Mas parece que esta história não é de hoje. Alguém lembra qual era a “maldade” da qual fala o texto de Gênesis? Lembram quem é o personagem desta parte do Gênesis? (pausa para pensar)... é José. Seus irmãos tentaram tirar vantagem em cima dele. O venderam para os comerciantes egípcios pois tinham inveja e raiva dele (coisas de irmãos). Pois Potifar (espécie de Primeiro Ministro da época) o comprou dos comerciantes e o pôs para administrar os negócios. Passou a ser do “primeiro escalão”. Pois aí vem o “olho grande”. A mulher de Potifar quis se aproveitar de José (não dizem que os malandros são sempre os homens?)mas ele quer ser fiel ao seu patrão, a Deus e seus valores. Daí vem o texto do verso 9: "por que cometer essa maldade?" E a história é ainda mais forte.
Quando ela o agarra para deitar-se com ele, José sai correndo e rasgadas as roupas, ficam em mãos da “coitadinha”, que inverte a história. De vítima a vilão. De vilã a vítima. Coisas dos dias modernos (isso dá novela).


Já que falei em novela, a de José acaba bem pois, mesmo na prisão de forma injusta, é liberto e reposto a um cargo de confiança, onde reencontra os irmãos e o pai, num tempo de fome e “final feliz”, não por falcatruas mas por fidelidade aos seus valores e a Deus.


A atitude de José foi de fé. O texto do Novo Testamento aponta para a obediência a Deus, como resultado da fé, onde fazemos o bem (obras da lei) não para ganharmos com elas alguma coisa, mesmo que sejamos como foi José, mas como resposta ao amor de Deus por nós. Este é um dos valores básicos da fé cristã e evangélica: Deus age, nós reagimos. Deus faz, nós recebemos. Deus chama, nós respondemos. Ele bate, nós abrimos.


Como é importante que tenhamos pessoas com a coragem e fidelidade de José. Como é importante que a nossa sociedade, corrompida pela falta de valores, encontre ainda pessoas de fé, prontas a transformarem esta fé em ações. Nem sempre perder é ganhar mas, muitas vezes, “ganhar” pode ser uma grande perda.




Segunda, 19 de abril de 2010


“Israel, tu és o meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei” Isaías 41.9


“Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis frutos” João 15.16

Hoje são muito comuns expressões do tipo: “mandei currículo mas não fui aceito”; “me inscrevi mas não tive retorno”; “mandei formulário mas rejeitaram”. É o mundo competitivo no qual vivemos e precisamos “mostrar serviço”. E, em muitas das situações, “aceitar alguém” significa “rejeitar” outros.

Este também é o tema dos dois textos desta segunda-feira. No primeiro deles duas palavras fortes: escolher e rejeitar A primeira é ESCOLHI. Ela é muito importante. Quem não gosta de ser “o escolhido” !? Enche a gente de orgulho, nos faz sentirmos importantes. O diferencial nesta situação é que o povo, por sua desobediência e dureza de coração, não “merecia” esta escolha. Mas Deus não negocia. Ele ama!

Muitos se advogam o fato de serem os “escolhidos de Deus”. Este tem sido, inclusive, fator de brigas e divisões em igrejas. Muitas religiões surgiram assim. Algumas delas, como é o caso da Testemunhas de Jeová, erroneamente, limitam o número dos escolhidos, em 144.000 pessoas. Uma interpretação fora de contexto, de uma palavra bíblica do livro do Apocalipse, dirigida a reconstrução de Israel e do Reino futuro (o texto fala de 12.000 de cada “tribo” que são 12 = 144.000). Como eles mesmos são mais do que este número, esta questão da escolha, é uma concorrência interna.

Felizmente a escolha de Deus não está nas nossas capacidades, como se fossemos “merecedores” disso. A mesma coisa Jesus disse aos seus discípulos e o apóstolo João captou esta mensagem, na ilustração da videira, descrita no capítulo 15 do seu evangelho.

Quem disse: “vinde a mim”, foi Jesus. Quem fez o convite: “segue-me”, foi Jesus. A graça e o amor de Deus nos fazem “aceitar” o seu convite. Dizemos sim! Inspirado nesta ilustração dos galhos unidos a videira, ele diz que este “estar em Jesus” nos torna frutíferos. O amor recebido é repartido. Não guardamos para nós. Repartimos.

Hoje, na celebração do terceiro domingo da Páscoa, cantamos no culto a canção “A paz do ressuscitado” (número 377 do HPD 2 – Hinos do Povo de Deus da IECLB). A terceira estrofe diz que esta paz “não pode ficar trancada em ti, dispõe-te a compartilhá-la”. Isso é missão.

E, segundo nosso tema deste ano, deveria ser a nossa “paixão”. Por gratidão. Por nos sabermos “escolhidos”, sem méritos!


Domingo, 18 de abril de 2010


“O meu coração se regozija no Senhor” I Samuel 2.1

“Filipe batizou o eunuco. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, não o vendo mais o eunuco; e este foi seguindo o seu caminho, cheio de júbilo” Atos 8.38,39

Dizem que se exigem muito mais músculos do rosto para ficar sério e carrancudo do que para sorrir ou dar uma boa gargalhada. Apesar disso, com as dificuldades que a vida nos apresenta a cada dia, parece que é mais fácil ficar emburrado do que feliz.

Os dois textos deste domingo nos falam de uma alegria “além da conta”. As palavras fortes nos textos são “regozijo” e “júbilo”. São palavras que revelam um sentimento que vai além do simples “ficar contente”. Por outro lado também sabemos que a alegria, até um certo ponto, pode ser provocada. Uma dose a mais de bebida pode deixar “mais alegre”. Uma boa notícia pode provocar uma alegria repentina e uma reação inesperada de satisfação. O gol do time para o qual torcemos arranca de nós uma alegria espontânea, onde nos abraçamos, vibramos e fazemos festa. Em cada uma destas situações que ilustrei sabemos, todavia, que o “outro lado da moeda” também é verdadeiro. Uma dose a mais pode levar a uma angustia e até provocar choradeira; uma má notícia nos frustra e leva ao desespero em segundos; o gol da equipe adversária nos faz reclamar e falar mal do próprio time e nos decepciona.

As palavras regozijo e júbilo apontam para um sentimento que vem primeiro “de dentro para fora”, isto é, antes de serem provocados vem de um estado de espírito. No texto de Samuel é o coração (interior) que se regozija. A fé e a confiança em Deus fazem um coração alegre. No caso do texto do Novo Testamento vemos alguém, que descobre a vida em Jesus. A explicação que Filipe dá das Escrituras Sagradas ao eunuco, mexem com toda a sua estrutura. Ele ouve, crê e pede para ser batizado, como sinal concreto desta fé interior. E o texto afirma que ele saiu da água onde fora batizado, “cheio de júbilo”. Isto é mais do que uma alegria provocada por agentes externos. Ela vem de dentro para fora.

Estamos acompanhando de perto, já há mais de um mês, a luta pela vida de um de nossos colegas pastores, o Pastor Primeiro Vice-Presidente da IECLB, nosso amigo Homero Severo Pinto.







Após uma visitação à Moçambique, dentro de suas funções na direção da igreja, contraiu malária cerebral, e desde o dia 14 de março, está na UTI da PUC em Porto Alegre. Em estado gravíssimo, vivendo pela graça de Deus, apesar de todo o cuidado médico a sua volta. Em meio a angústia da família, que acompanha a situação mais de perto, sentimos sempre uma forte dose de alegria, aliás ”regozijo e júbilo”, pelos que oram com eles, pelas reações positivas do Homero, mesmo sedado. Com isso eles se fortalecem enquanto nos fazem muito bem, por seu testemunho. Um exemplo dos textos para este domingo. Continuamos pedindo a todos que orem pelo Pastor Homero e pela família. Podemos acompanhá-los e manifestar nosso apoio pelo blog no endereço http://saudepastorhomero.blogspot.com/


As reflexões da semana passda foram redigidas desde Bogotá/Colômbia, onde me encontrava em assessoria a Federação Luterana Mundial. Nosso trabalho de lá pode ser acompanhado na cobertura do evento em http://preasambleaflmamericaycaribe.blogspot.com/ ou pelo site da FLM em www.lutheranworld.org

Delegação brasileira em Bogotá, com o Dr. Ishmael Noko,
atual secretário geral da FLM (5º da direita para a esquerda)
e o novo secretário eleito, Rev. Martin Junge
(6º da esquerda para a direita)

Foto oficial com todos os participantes

Sábado, 17 de abril de 2010

“Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor!” Isaías 1.17

“Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo” Gálatas 6.2

Muitas vezes se ouve a expressão: “eu não nasci sabendo” e, de fato, ninguém nasceu. Tudo se aprende na vida. Inclusive a fazer o bem ou o mal, a praticar a justiça ou a injustiça.

O primeiro texto deste sábado é uma prova desta verdade básica da vida quando o profeta Isaías pede ao povo de sua época que “aprenda a fazer o bem”. Não temos desculpas. Tudo se aprende. Aliás não podemos ser bons em tudo mas podemos pelo menos tentar aprender. E não precisamos ter limites físicos ou de outra ordem para nos exercitarmos na superação de limites. É a vontade de aprender. Vejam que este bem se estende a todos, tomando, quando necessário, proporções fortes, como o de chamar a atenção de quem erra para poder ajudar a mostrar o bem que precisa ser feito.

 
 A fome continua sendo uma vergonhosa realidade no mundo.
E não é por falta de comida mas de amor e senso de justiça.

Encerramos ontem nossa reunião em Bogotá. Na mensagem final se faz referência a nossa sofrida realidade Latino Americana. Transcrevo parte do texto:
“O pão nosso de cada dia nos dá hoje (nosso tema) é um grito da terra Latino Americana e Caribenha, terra empobrecida, transgredida e com fome de justiça alimentar, ecológica e de gênero. Neste contexto, o pão se traduz na inclusão e hospitalidade em comunidades que oram e denunciam que o acesso ao pão digno e justo está ameaçado pelas desigualdades em nosso contexto. Orar o Pai Nosso é buscar justiça e reconciliação para toda a criação, pedindo pelo pão que se encarna e dignifica a vida”.

Orar o Pai Nosso é aprender a fazer o bem pois incluímos os outros. É, nas palavras do texto do Novo Testamento, “levar as cargas uns dos outros”. Quando eu oro por alguém, penso nas suas necessidades e me disponho a fazer alguma coisa para mudar sua situação e mais, “cumpro a lei de Cristo”, quer dizer, sou obediente. Um exemplo disso veio a nós na reflexão de encerramento em nosso encontro e eu o partilho:

“A parábola do rico insensato é uma advertência as nações e também para os indivíduos que armazenam os recursos de Deus em silos, depósitos e celeiros, quando deveriam depositar esses recursos nos estômagos das pessoas pobres”.

Está dado o recado: Todos podemos aprender a fazer o bem. É só começar!



Sexta, 16 de abril de 2010

“Nada acrescentarás à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor, vosso Deus” Deuteronômio 4.2

Jesus Cristo diz: “O Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” João 14.26

Conhecemos o ditado que diz que “quem conta um conto, aumenta um ponto”. Lembro do meu tempo de juventude. Tínhamos na reunião dos jovens a brincadeira do “telefone sem fio” (ainda brincamos com os netos de vez em quando). Quase sempre o recado que chegava no último da roda não era o que tinha saído da boca do primeiro.

O texto do Velho Testamento é desafiador. O povo de Deus, após o exílio no Egito, começa a se organizar como nação. Os “10 mandamentos” (que não são todos), ou como eram chamados, “as tábuas da lei”, não deveriam ser usadas para interpretações próprias e para desculpas no não cumpri-las.

Por isso não “acrescentar” nem “diminuir” nada neles. Sabemos que muitas vezes usamos as coisas a nosso favor. Se nos incomoda ou atrapalha, “fechamos um olho” ou então dizemos “mas não é bem assim”. Por outro lado quando diz respeito aos outros, é “na ponta da faca”. Não perdoamos nada e cobramos o “pingo em cima do i”. Como alguém já disse e está na Bíblia: “Se fossemos nossos próprios juízes, nunca estaríamos errados”. Quer dizer: colocaríamos nossos próprios conceitos na avaliação. Por isso é melhor aceitar a Palavra de Deus como ela é e pedir que Deus nos ajude a dar-lhe o devido valor e segui-la, para nosso bem, sabendo que ninguém conseguirá cumpri-la integralmente. Jesus mesmo disse que “quem tropeça em não cumprir um dos mandamentos é como se tivesse falhado em todos”.

Já o texto do Novo Testamento dá um reforço pois, além de termos a tentação de mudar as coisas de acordo com nossa vontade, ou como diz o ditado: “puxar a brasa para a nossa sardinha”, ainda esquecemos o que aprendemos e precisamos ser lembrados constantemente. É assim conosco desde pequenos. Quantas vezes nossos pais precisavam repetir as mesmas coisas para nós, pois simplesmente esquecíamos (ou não queríamos lembrar). Pois com os mandamentos divinos não é diferente. João diz que é o Espírito Santo quem nos lembra dos mandamentos. Que bom também, que é ele mesmo que nos ajuda a cumpri-los. Não é um esforço próprio.

Uma coisa é certa: Se nos esquecemos ou esquivamos dos mandamentos divinos, os primeiros prejudicados seremos nós mesmos.

Quinta, 15 de abril de 2010

“Fui buscado pelos que não perguntavam por mim; fui achado por aqueles que não me buscavam” Isaías 65.1

“Jesus viu Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu” Marcos 2.14

Já conhecemos a história do “procurei e não achei”. Quantas vezes nos “matamos” procurando alguém ou alguma coisa e nada! Depois que estamos desistindo e quase esquecendo o assunto acabamos “achando” o que procurávamos.

O texto do Velho Testamento mostra Deus como àquele que muitas é achado por quem nem sequer perguntava por Ele e não O buscava. Na minha caminhada pastoral tenho testemunhado este fato de diversas maneiras. Pessoas que entram na igreja “por acaso”, ou porque escutaram o coral cantando e não saíram de casa para isso. Pessoas que na “hora do aperto” chamam por ajuda e tem a oportunidade de conhecer a Bíblia e muitas vezes, terem seu primeiro contato com a Bíblia.
A história do coletor de impostos do Novo Testamento é outro exemplo desta verdade colocada por Isaías. Horário de expediente (sentado na coletoria) e tem sua atenção desviada para um estranho que para na porta e diz “segue-me”. Que coisa estranha, não acham? E lá vai ele. Agora ele é o “apóstolo Levi (Mateus)”.

Numa igreja histórica, formada pela tradição familiar, “de pai para filho” ou de “avô para filhos e netos”, não são muitas estas histórias. Veja que isso não é um menosprezo a este aspecto de se passar a fé para as futuras gerações. É algo que Deus valoriza e reconhece. Que bom! Mas daí vem o aspecto missionário de um Deus que também existe para quem não crê na sua existência. Como brincava um amigo meu: “sou ateu, graças a Deus!”
De fato temos que reconhecer que a fé, muito antes de significar o ser humano procurando a Deus, quase sempre é o reconhecimento de que era Deus quem estava a nossa procura e nos achou.



Quarta, 14 de abril de 2010


“Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor” Isaías 43.10

“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” Marcos 16.15

Estamos reunidos num grupo de cerca de 50 pessoas, representando 14 países Latino Americanos e do Caribe, membros das igrejas luteranas da região, que somam em torno de um milhão de latinoamericanos evangélico-luteranos, afiliados à FLM. A maior destas igrejas da região é a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), com sede em Porto Alegre, reunindo mais de 700.000 membros. É a única de fala portuguesa, sendo as demais de fala hispana e inglesa (coisas da colonização).

Quando os textos de hoje falam sobre “ser testemunhas” e “ir por todo o mundo”, entendemos essa visão bíblica um pouco melhor num encontro continental. A Pré-Assembléia desta região é preparatória a XI Assembléia da FLM que se realizará no próximo mês de julho em Stuttgart na Alemanha. Para este evento serão representantes de mais de 140 igrejas nacionais e mais de 70 países representados. Além das línguas oficiais (inglês, francês, alemão e espanhol) cada um traz sua própria tradição, dialeto e língua nativa (coisas da evangelização).

Foi desta maneira simples, dando testemunho e indo, que o evangelho se espalhou desde Jerusalém a todo o mundo. São hoje mais de 1200 idiomas ou línguas que conhecem o evangelho em parte ou total. É simples como falar para um amigo e convidá-lo para uma atividade na igreja. É tão complicado quanto comprometer-se com nosso testemunho, identificando-nos como cristãos, crendo na criação, no amor de Deus, na Páscoa da ressurreição, na vinda do Espírito Santo e na volta de Jesus Cristo. UFA! Tudo isso! Sim, em verdade é tudo isso e muito mais. Esses sãos princípios básicos da fé cristã que testemunhamos a séculos através do Credo Apostólico. E eles nos comprometem. Portanto, dar testemunho é também um compromisso, também num tempo em que as pessoas querem cada vez menos compromissos.


Terça, 13 de abril de 2010

“Todas as nações que fizeste virão, prostrar-se-ão diante de ti, Senhor, e glorificarão o teu nome” Salmo 86.9

O apóstolo Paulo escreve: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!” I Coríntios 9.16

Nem tudo que se faz por obrigação é feio ou negativo. Se fosse assim, nunca teríamos recebido o evangelho da salvação em Jesus Cristo, do qual o apóstolo Paulo diz, que o anuncia por “pesar sobre ele esta OBRIGAÇÃO”.

Os relatos bíblicos estão cheios de exemplos semelhantes ao do apóstolo Paulo. Pessoas chamadas para serem profetas de Deus, mas aceitam este convite, meio que “na obrigação”. Só para lembrar alguns deles: Moisés, Isaías, Jeremias, Jonas... Cada um deles com as dificuldades e limitações que lhe pareciam ser empecilho em atender o chamado divino. Entre as justificativas: “sou muito jovem”, “não sei falar direito”, e assim por diante. Mas, ao pensarem na responsabilidade e no alcance que teria sua missão, cederam e se deixaram enviar. A isso chamamos de “vocação”, do latim “vocare”, “chamar”.

O salmista diz que “as nações” vão glorificar a Deus. Por isso o chamado de Deus não tem fronteiras, nem limites. Onde a Palavra de Deus chega, coisas acontecem. O caso mais significativo talvez seja o do apóstolo Paulo. Perseguindo os primeiros cristãos, com carta de autorização das autoridades judaicas, pensando em estar fazendo um bem a sua religião e ao próprio Deus, Paulo acaba se tornando missionário, sob a benção de um de seus perseguidos, Ananias (veja Atos 9).

E o mundo passa a ser alcançado. Três grandes viagens missionárias mais sua última ida a Roma de onde não voltou. Em número de livros escritos, praticamente a metade do Novo Testamento é de autoria de Paulo, escrevendo as igrejas fundadas por ele ou aos seus discípulos que ficaram em seu lugar seguindo o trabalho.

E Paulo confessa: “ai de mim se não pregar o evangelho... pesa sobre mim essa obrigação”. Sabemos que ele tornou a obrigação em prazer, quando descobriu o amor de Deus e seu efeito na vida das pessoas. Por isso ele confessou: “Não sou mais eu quem vive, mas é Cristo que vive em mim” (Gálatas 2.20).


Segunda, 12 de abril de 2010


“Eis aí vem dias, diz o Senhor, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá” Jeremias 31.31

“Por semelhante modo, depois de haver ceado, Jesus tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o bebeste, em memória de mim” I Coríntios 11.25

Fazer alianças. Esta expressão passou a receber uma forte conotação política nos últimos anos e passou a ser o caminho pelo qual a própria vida política do país, em todas as esferas, vem se desenvolvendo no dia a dia. As alianças somam partidos mais próximos ideologicamente a outros nem tão próximos assim. Certas alianças, inclusive, surpreendem, colocando de mãos dadas opositores do passado distante e até mesmo de um passado mais próximo. ALIANÇAS!

Alianças também continuam servindo de sinal visível, na mão esquerda ou direita, para que se saiba se tal pessoa é casada ou está noiva. Na tradição católica, as religiosas (freiras ou irmãs) usam “aliança de casada” (mão esquerda) intitulando-se como “noivas de Cristo”. ALIANÇAS!

Um povo de coração endurecido, que Jeremias chama de “coração de pedra”, recebe o anúncio de perdão e a possibilidade de receber um “coração de carne”. Aponta para a iniciativa de Deus. Ele sempre dá o primeiro passo. Para que o povo entendesse este “vir ao nosso encontro” Jeremias também fala de aliança, aquela que Deus vai firmar. Uma aliança é sempre um sinal de compromisso, seja em que esfera for. Quando Deus promete fazer uma aliança conosco ele se compromete. ALIANÇAS!

Ao redor da mesa, num lugar singelo, numa sala preparada especialmente para que Jesus comesse a Ceia da Páscoa com seus discípulos, numa quinta-feira à noite, durante a janta, pão e vinho, elementos do dia a dia da refeição judaica, assumem caráter eterno, pois se tornam “sinais de aliança”.
A morte estava chegando. Ela seria vicária (em lugar de). No dia seguinte viria a hora da cruz. Antes de acontecer, um compromisso: “Faço com vocês uma aliança”. Na simplicidade do partir do pão e do vinho (hóstia ou suco de uva), o eterno chega ao finito. O perdão chega ao pecador. A vida chega para ocupar o lugar da morte. ALIANÇAS!

Convém perguntar: Quantas promessas nós mesmos já fizemos a Deus, na beira da cama de um querido doente, ao lado de uma sepultura, antes de uma decisão difícil a ser tomada: “Senhor, eu prometo...”. Até que ponto são ALIANÇAS e até que ponto estamos comprometidos com àquele a quem as fizemos?



Domingo, 11 de abril de 2010


“Engrandecei o nosso Deus” Deuteronômio 32.3

“Falai entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” Efésios 5.19-20

Ontem, na aula de Ensino confirmatório de uma turma de 2º ano, estudávamos a oração do Pai Nosso, onde se diz: “Santificado seja o Teu nome”. Uma pergunta que os jovens deveriam responder no livro Passos da Fé, era sobre o que promove a Cristo e o que não promove a Cristo. Quer dizer: Para não sermos apenas cristãos nominais, nossa vida deve ter relação com o nosso dia a dia e nossas atitudes. Honramos a Deus ou não, com nossa maneira de agir.

É nessa direção que vai o texto do Velho Testamento em nossas senhas do dia de hoje. Engrandecer a Deus é a expectativa. O povo chamado para ser “seu povo”, carregava nisso um privilégio mas também uma responsabilidade. Aliás, todo privilégio exige responsabilidade. Se em termos humanos honrar um “sobrenome” (nome de família) já é significativo, imaginemos então carregar o nome do próprio Deus. É muito fácil se intitular “filho de Deus”. Difícil é “honrar o sobrenome”. Quase precisaríamos fazer o exercício dos confirmandos e, em duas colunas, colocar no papel, o que fazemos para engrandecer o nome de Deus e o que não.

Muito semelhante, o texto do Novo Testamento, é complementar e enriquece o tema. Engrandecer a Deus pode ser uma atitude de louvor (salmos, hinos e cânticos espirituais), de gratidão (dando sempre graças) e de obediência (de coração). Saber os mandamentos é parte da história. Viver de acordo com os mesmos é a outra. Louvar a Deus com os lábios é parte da história. Fazê-lo de coração é a outra. Saber agradecer a Deus é parte da história. Fazê-lo sempre é a outra parte.

Monumento a Bíblia nos Estados Unidos
com ênfase nos 10 mandamentos

Creio que o mínimo que podemos aprender destes textos é o fato de que precisamos ser coerentes e equilibrar teoria e prática. A máxima “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”, contradiz plenamente o princípio bíblico. No reverso da moeda alguém disse: “O que você faz fala tão alto, que não escuto suas palavras”. Dá o que pensar, não é mesmo?


Quarta, 07 de abril de 2010

“O meu Espírito habita no meio de vós; não temais”. Ageu 2.5

“Jesus Cristo diz: Convém-vos que eu vá, porque , se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei” João 16.7

O medo está se tornando uma das neuroses da vida moderna. Temos medo de quase tudo: da pessoa que nos olha meio de lado, pois pode ser um ladrão; do posto de gasolina, pois o produto pode estar adulterado; do email que entrou, mesmo com remetente conhecido, pois pode ter vírus; da vacina, pois a fórmula não foi testada e contem mercúrio. Isso só para citar alguns exemplos.

Será que uma palavra como a de Ageu, em nossa primeira leitura, ainda faz diferença para uma sociedade evoluída (pelo menos assim a chamamos) e segura (pelo menos assim ela aparenta ser) como a nossa? Mesmo que recém tenhamos saído do período da quaresma e celebrado a Páscoa neste final de semana, os nossos textos já apontam para o Pentecostes, anunciando a presença do Espírito Santo: “Ele habita no meio de vós”. Esta é uma palavra familiar. Habitamos com quem conhecemos, a quem amamos com quem queremos dividir nosso tempo e sonhos. Habitar também significa permanência, estabilidade. É como quando fazemos algum documento ou abrimos uma conta no banco: temos quer comprovar residência. E isso é estabilidade. Esta é a idéia com relação ao Espírito Santo. Ele veio para ficar, não dar uma passeada por aqui.
Foi praticamente uma troca, segundo o texto de João: “eu preciso ir para que ele venha”. Com o crescimento da igreja a partir do Pentecostes, Jesus mesmo ficaria limitado, como homem, não podendo estar em mais do que um lugar ao mesmo tempo. É a lei da física. O Espírito não tem problema com limitações. E no crescimento do cristianismo mundo afora, isso fica comprovado. A Palavra de Deus é pregada. São mais de 1.200 idiomas com a Bíblia traduzida, em parte ou total. Costumes e tradições diferentes. Mas todos se entendem. Todos louvam. É o milagre da fé, possível apenas pela presença do Espírito de Deus. Transformando, como no episódio da Páscoa, tristeza em alegria, medo em confiança e morte em vida.


Terça, 06 de abril de 2010


“A resposta brande desvia o furor; mas a palavra dura suscita a ira” Provérbios 15.1


“Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” Efésios 4.26


"Não jogue lenha na fogueira..." esta é uma expressão que se costuma usar para cortar uma conversa inconveniente, evitar que uma fofoca se espalhe ou que uma briga atinja consequências maiores.


Salomão na sua sabedoria sabia que era assim mesmo. Sua ilustração é outra: palavra branda e palavra dura. Sabemos onde pode parar uma conversa onde o volume começa a subir, as ofensas sobem de tom, o pescoço fica vermelho e o dedo em riste em direção a outra pessoa. E não precisa ter bebida no meio não. Isso não é só coisa de bêbado. A raiva está dentro de todos nós, como parte de nossa natureza. Mas ela pode ser controlada. Se assim não fosse Salomão não colocaria o contraste entre as diferentes formas de tratar da situação. Saber responder e tratar de um assunto não é coisa tão fácil assim. Procuramos nos defender, justificar e explicar. Quando esta é a intenção de todos os envolvidos, a confusão está armada e... até as últimas consequências: briga, agressão física, raiva, rancor, ameaças. É como fogueira queimando: cada graveto jogado a mantém acesa.
 

Dominar ou ser dominado...
Perdoar e ser perdoado!!!


No texto do Novo Testamento aparece uma maneira de ser encarar o problema: o perdão. É assim que tem sido interpretada esta exortação do Apóstolo Paulo, “não se ponha o sol sobre a vossa ira”. A única maneira de fazer com que uma discussão não se transforme em “pecado” é colocando “água fria na fervura”. Perdoar é esquecer. É não voltar ao mesmo assunto, sempre de novo, depois de acertadas as contas. Esse remoer das coisas é como ferida mal sarada. Basta uma coçada na casquinha e o sangue jorra de novo. Acertar as coisas o mais rápido possível, não deixar para outra hora, oferecer e pedir perdão. Conselhos sábios e de resultado certo.


Sabemos que o diálogo está cada vez mais difícil. As pessoas se falam cada vez menos. Muitos dos assuntos que discutimos, são tratados entre ligações de celular, som nas alturas, TV ou computador ligado, gente correndo em volta e coisas desse tipo. Sentar quieto, com calma e “acertar” as coisas, nem sempre é fácil. Mas exige uma boa dose de esforço. Ou nos tornamos donos de nossas palavras ou elas nos possuem,  como disse o Apóstolo Tiago: “Ou dominamos a língua ou ela nos domina”.



Segunda, 05 de abril de 2010

“Na tua mão há força e poder; contigo está o engrandecer e a tudo dar força” I Crônicas 19.12

“O Senhor é fiel; ele vos confirmará e guardará do Maligno” 2 Tessalonicenses 3.3

Força e poder. Duas palavras que fascinam. Já foram tema de música e grito de guerra de super-heróis (“eu tenho a força”... “ pelos poderes de...” ). Quem não lembra!
  
Super-heróis muitas vezes
personificam nossos próprios desejos

Pois me parece que continuam sendo muito atuais. E sobre eles falam nossos textos de hoje.

Pois me parece que continuam sendo muito atuais. E sobre eles falam nossos textos de hoje.
Nas palavras do Velho Testamento a força e o poder são colocados nas mãos de Deus. Sabemos, porém, que desde a criação do ser humano, o mesmo tenta tirar este controle das mãos divinas. Na tentativa de organizar a primeira célula familiar, o homem e a mulher, regras de convivência e obediência foram dadas para seu bem. Mas o que faz o casal? Cria novas regras. Aceita novos parâmetros (“será que foi isso que Ele disse?” ), impostos por um agente externo, que no texto do Novo Testamento é descrito como “o Maligno.

O primeiro homem e a primeira mulher não se contentaram em receber o sustento das mãos de Deus. Eles o buscaram por si mesmos. Eles precisavam saber mais. Eles precisavam ser “como Deus”. E o mesmo Deus que os engrandecera (criados um pouco menor do que Deus – Salmo 8), para usar as palavras de I Crônicas, perderam sua força original e passaram a depender de sua escolha (“do suor do teu rosto” – Gênesis 1 e 2).

Deus tinha que ser fiel ao que prometera, por mais que lhe doesse e entristecesse. O apóstolo Paulo descreve a Deus como o “Senhor que é fiel”. Nesta sua fidelidade ele não esquece de nossa fraqueza e livra os que lhe pedem por ajuda. O problema de Adão e Eva foi tentar esconder-se e esconder seus erros, ao invés de assumi-los e voltar a fonte da reconciliação: o arrependimento e o perdão. Na oração do Pai Nosso nós pedimos o que no texto de hoje é prometido: “Mas livra-nos do mal”. O termo exato é: “Mas livra-nos do Maligno”, exatamente como aparece no texto de 2 Tessalonicenses. A maior tática de alguém que tenha um inimigo e queira prejudicá-lo é fazê-lo pensar que não tem esse inimigo. Ao esquecer-se das artimanhas do inimigo e das armadilhas que coloca, se torna presa fácil. A história se repete no futebol (“vai ser fácil”), na política (“as pesquisas dizem”), no mundo dos negócios (“o mercado está reagindo”). Só para citar alguns exemplos.

Não vamos nos iludir. Estamos numa luta sim e é preciso conhecer o inimigo e buscar o amigo, de quem podemos receber ajuda. Este sim tem a força e o poder!