01 agosto, 2010

CADA DIA - Senhas Diárias - Agosto/2010

Vivendo o dia de hoje à luz da Palavra de Deus


Esta coluna é dedicada a todos que, na correria do dia a dia,
queiram fazer uma pausa para reflexão e fazer um "clic" aqui

Amigos:


Apesar de termos chegando ao final do mês de agosto, quem ainda quiser dar uma espiadinha nas fotos de minha viagem pra Alemanha, entre na coluna Senhas Diárias – Julho 2010. Quem quiser ler minha pregação no culto em Stuttgart, entre na coluna Carta Aberta


Segunda, 30 de agosto de 2010


“O Senhor disse a Abrão: Em ti serão benditas todas as famílias da terra” Gênesis 12.1,3


“Se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa” Gálatas 3.29


Querendo reconhecê-lo ou não, o que fazemos ou deixamos de fazer, tem sua influência na vida de outros. Mesmo que não o saibamos. Eu mesmo, como pastor, muitas vezes tenho recebido comentários do tipo: “Talvez o senhor não lembre, mas eu sou ‘fulano de tal’ e...” E de fato muitas vezes eu não lembro mas o efeito ficou. É o testemunho dos outros que confirma isso.


No primeiro texto das senhas de hoje, vemos Abrão, e já falamos dele noutras ocasiões, diante de um desafio: “Ser uma benção para os outros”. Para isso ele deveria se deixar abençoar primeiro. E como aconteceria esta benção? Na obediência.
No mesmo texto que diz que “em ti serão benditas todas as famílias da terra”, também diz a Abrão e a sua esposa Sarai, que saiam de sua terra e sigam para um lugar que lhes será mostrado. Quer dizer, sair da segurança de onde estavam para um lugar desconhecido.






Convenhamos que isso exigiu uma boa dose de fé e obediência. Essa era a condição para que se tornassem benção e não somente para o povo imediato que surgiria deste casal, mas para todos que se dobrassem diante do descendente maior desta linhagem, o Messias, Jesus Cristo.


Graças a obediência deste casal, que mesmo na velhice tiveram a resposta do cumprimento das promessas de Deus pelo nascimento de seu filho Isaque, também deixaram a seus descendentes este espírito de esperança. E a espera pela chegada do Messias, alimentou muitas gerações, até que ele veio.


No livro de Gálatas, segundo texto para este dia, não judeus, gentios como são identificados, estão debaixo da mesma promessa. Descendentes de Abraão (seu novo nome), não são mais apenas aqueles de sangue (judeus) mas todos que “nascem de novo” (João 3:3) e se tornam assim “novas criaturas” ( II Coríntios 5.17).
Era o caso dos cristãos da região da Galácia a quem Paulo escreve esta palavra, confirmando que a promessa se cumpre neles também. Esta é uma palavra que se aplica a todos os cristãos, de todas as épocas e lugares. Também a nós. Sem saber do alcance que teria a promessa de Deus a partir de suas vidas, a obediência de duas pessoas abriu as portas para que a salvação chegasse aos judeus, na espera do Messias e se estendesse ao mundo. Hoje os cristãos são em torno de 1/3 da população mundial, cerca de 2 bilhões de pessoas. Vejam que de fato aquilo que fazemos tem influência sobre os outros mesmo. Sem que possamos medi-lo e sem que, inclusive, venhamos a sabê-lo.


Domingo, 29 de agosto de 2010


“Eis que todas as almas são minhas” Ezequiel 18.4


Jesus orou: “Conferiste autoridade ao Filho sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste” João 17.2

Uma das confissões mais fortes da fé cristã, oriunda de confissões anteriores a sua época e nascida na fé do povo de Israel, é a que reconhece a Deus como sendo o “Todo Poderoso”. Aliás, uma das cobiças da humanidade. Muitos tentam sê-lo também. Porém em vão.

Quando o texto de Ezequiel, para a senha de hoje, usa a expressão “todas as almas são minhas”, não está de fato querendo demonstrar uma autoridade, que vem de cima e se impõe, como normalmente acontece entre as pessoas. O assunto que está em discussão neste texto é um velho ditado que corria entre o povo:

v 2. Que quereis vós dizer, citando na terra de Israel este provérbio: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram?

Era uma maneira de desculpar as gerações mais novas, dizendo que seus erros são herança dos pais. Hoje diríamos: Está no DNA. De fato sabemos que herdamos não apenas traços físicos de nossos pais mas também muitas de nossas atitudes, cacuetes e manias. Mas... sem desculpas. Cada um é responsável por sua própria vida e não precisa ficar sempre dizendo: “meu pai também já era assim!”

Deus não queria mais ouvir este provérbio. Ao invés disso ele diz: “Todas as almas são minhas... a do pai como também a do filho”. E afirma que cada um prestará contas de sua própria vida e maneira de agir, fazendo ou bem ou mal, colherá as conseqüências. E o farão diante de Deus, o Todo Poderoso. Sem desculpas.
Na oração sacerdotal de João 17, Jesus está se preparando para a despedida. Ele sabe que está chegando sua hora. Será traído, julgado, condenado e morto. Ora pelos seus. Primeiro aqueles doze com os quais andou por 3 anos e meio. Depois por todos que ainda viriam a crer.




A autoridade que Ele recebeu do Pai, ele quer usar para o bem dos outros: “a fim de conceder a vida eterna a todos”. Ao contrário de boa parte (talvez a maioria) das pessoas investidas de autoridade, que a utilizam em causa própria ou, se não chegam a este extremo, se beneficiam dela. Daí surge a expressão popular: “dar um carteiraço”. Quer dizer: mostrar quem a gente é e dizer: “sabe com quem você tá falando” (dessa eles gostam também). Alguém diferente mesmo esse Jesus.

Além das senhas para este domingo o texto sugerido para pregação aponta para o mesmo tema: Lucas 14.1,7-14. Aí Jesus diz que vangloriar-se e considerar-se mais do que é, não ajuda. Cria confusão e divisão: “Senta na última cadeira e deixe que lhe chamem pra frente, no lugar de destaque. Isto é honra. O contrário, é vergonha”. De forma simples ele deu o recado. Com certeza não são muitos que querem este tipo de autoridade, que se alimenta do serviço de amor ao próximo. Mas é este que identifica o cristão.


Sexta, 27 de agosto de 2010


“Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” Gênesis 1.31


“Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste” Apocalipse 4.11


Com a industrialização veio também a necessidade de registro de marcas e patentes. Um modelo de carro, de uma ferramenta, de um aparelho eletrodoméstico; a marca de um produto, seja refrigerante, suco ou um alimento. E a evolução trouxe a “Marca Registrada” (MR) ou Trade Mark ™ , garantindo os direitos do criador ou inventor. Vieram os direitos autorais para músicas, poesias, textos, gravuras, filmes, fotos e assim por diante. Surgiram as logomarcas, patenteadas e criando um universo de símbolos que identificam praticamente tudo que usamos.


E o mundo no qual vivemos e nos movemos? Ele também traz sua ™. Os direitos autorais são do Deus Todo Poderoso, “Criador do céu e da terra”, como confessamos no Credo Apostólico. E assim como cada criador de algum produto ou inventor de uma novidade, testa primeiro, para depois registrar, Deus também avaliou cada etapa de sua criação. O relato do primeiro capítulo da Bíblia, no Gênesis, acompanha o relato da criação e avaliação: “Viu Deus tudo quanto havia feito e viu que era muito bom”. Isso se repete após cada etapa. E no final, o texto de hoje, dá a mesma nota para “tudo quanto havia feito”.

Numa realidade onde as teorias e procuras sobre a origem do ser humano e do nosso planeta (e dos outros), tendem a crescer, com tantas “respostas” quantas podemos imaginar, reafirmar o “criacionismo” é um testemunho de fé e uma resposta também. Aliás, nesta história de “teorias” tem cada coisa tão difícil de crer, que ninguém precisa ter vergonha de afirmar sua fé no Deus Criador. Lembram do tal “boom” que iriam inventar na Europa, gastando uma fortuna, recriando o início do mundo. Na hora do “boom”, NADA! Ainda bem! Poderiam ter criado um segundo mundo... e esse atual já está complicado demais pra precisarmos de um segundo, não acham? Ainda mais criado pelo próprio homem! Por isso, do primeiro ao último livro da Bíblia, se reconhece a mão de Deus, em tudo. Assim também termina o Apocalipse, dizendo que Ele é digno de receber “a glória, a honra e o poder”. Por tudo que criou. E se formos bons observadores, veremos a ™ divina, da pequena flor aos imensos planetas, onde a terra é um pequeno ponto, quase uma mancha, como bem aparece numa apresentação PowerPoint que está circulando na Internet, mostrando a grandeza do universo, sua perfeição e nossa pequenez, mesmo que nos achemos “os reis da cocada”, como se diz na gíria. A Ele toda a glória!!!



Quinta, 26 de agosto de 2010


“Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, Senhor, és Deus e que a ti fizeste retroceder o coração deles” I Reis 18.37


O apóstolo Paulo escreveu: “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não há outro” Gálatas 1.6-7


Manter-se fiel a um compromisso assumido nem sempre é tão fácil. Na área política o assunto vem sendo regrado pela Lei de Fidelidade Partidária, através do Projeto de Lei Complementar 35/07. Mesmo assim o “virar a casaca” ou “mudar de time”, continua acontecendo.


O povo de Israel reclama diante de Elias, vê os “feitos” realizados pelos chamados profetas de Baal e estão “pendendo” praquele lado. Elias se coloca diante de Deus em oração e pede força e sabedoria. Puxa a orelha do seu povo: “Então Elias se chegou a todo o povo, e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o, e se Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu” (v.21).


Depois vem o teste maior. Ele está sozinho. Do outro lado, quatrocentos profetas de Baal. Um teste, um desafio. Até parece engraçado e estranho. Mas ele o faz. Dois altares são construídos e fogo deve destruí-los. Para ver quem é o Deus Todo Poderoso. E Elias extrapola, diríamos nós. Chega a provocar. Molha o altar com água, incluindo a lenha e faz um rego em volta, cheio de água. E manda vir fogo do céu.
O texto das senhas é o momento crucial. Ele não quer passar vergonha e pede a ação de Deus, pois ele quer que o povo “saiba que o Senhor é Deus e voltem seus corações a Ele”. Com isso se compromete e a sua “carreira” de profeta. Se tudo desse errado... bau-bau!!!


Na continuidade do texto o fogo destrói o altar, o sacrifício e consome a água no rego. Não havia mais dúvida.


No texto do Novo Testamento o apóstolo Paulo chama a atenção da comunidade que ele mesmo iniciou em suas viagens missionárias na região da Galácia. Nesta carta ele aborda várias situações que haviam se infiltrado, bem cedo, na vida daquela comunidade. Mas este era perigoso. Muito cedo, ele diz, já estavam trocando o evangelho anunciado por Paulo por “outro evangelho”, mesmo que não haja outro. Mas para quem acredita em outro, ele existe, mesmo que não o seja. Agora vem a advertência e a tentativa de trazê-los de volta, como fazia Elias com o povo de sua época. Também era uma luta de giganges, como a de Elias. Um conselho de Paulo parecia pouco diante das inúmeras propostas que estavam circulando na Galácia. Paulo era o Davi diante dos Golias infiltrados na igreja dos Gálatas. Aliás esta mesma figura a candidata a Presidência da República, Marina Silva, usou em sua resposta ao artigo da Folha de São Paulo em 22/05/2010 onde Dom Moacyr Grechi, bispo católico, arcebispo de Porto Velho, a considera frágil e sem perfil para a Presidência – veja em http://www.minhamarina.org.br/blog/2010/05/ao-amado-dom-moacyr/


Manter-se de pé, firme a seus ideais, muitas vezes é uma guerra de anões contra gigantes!



Quarta, 25 de agosto de 2010


“O Senhor me concedeu a petição que eu lhe fizera” I Samuel 1.27


“Que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido” I Coríntios 4.7


É comum ouvirmos pessoas se queixando dos outros, como sendo mal-agradecidos: “pra pedir ele é bom... pra agradecer nem tanto”. Aliás Jesus também passou por isso. Dos 10 leprosos curados, apenas um voltou em gratidão e reconhecimento.


No primeiro texto de hoje vemos uma mulher sofrendo com a vergonha da esterilidade, conforme costume da época. Ela ora a Deus para que a livre desta vergonha e a ela e seu marido Elcana, lhes nasce o menino Samuel. Uma gratidão tão grande pelo acontecido faz com que, logo que desmamado, ela leve o pequenino para o templo, para que ali crescesse e pudesse servir a Deus. Ela o apresenta ao sacerdote Eli, como lemos nos versos 25 a 28:


25 “...e trouxeram o menino a Eli.


26 E disse ela: Ah, meu senhor, viva a tua alma, meu senhor; eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, para orar ao SENHOR.


27 Por este menino orava eu; e o SENHOR atendeu à minha petição, que eu lhe tinha feito.


28 Por isso também ao SENHOR eu o entreguei, por todos os dias que viver, pois ao SENHOR foi pedido. E adorou ali ao SENHOR.


Ana não apenas levou Samuel ao templo
mascontinuou cuidando dele

Nesse caso não faltou gratidão. Pelo contrário, sobrou! Imaginem a situação. Ela era estéril, engravida, tem seu filho e se afasta dele!!! Não... sua vergonha havia sido afastada e ela podia servir a Deus, ao mesmo que se alegrava pelo milagre operado e por sua dignidade recuperada.


No texto do Novo Testamento o apóstolo Paulo lembra a Igreja de Corinto de tudo que Deus havia feito por eles, esperando assim, gerar neles um forte espírito de gratidão. Vamos tomar esta palavra para nós. O que temos veio de Deus. Como não ser agradecido. Ou, dentro da ilustração do início: por que ser “mal-agradecido”? Paulo aponta para uma fragilidade do ser humano. Sentir-se necessitado de Deus, apenas na hora de pedir. Depois que vem a resposta à nossa oração, agimos como se fosse nosso próprio esforço que tivesse alcançado aquele bem, aquela atitude. A lição do texto é clara: Se temos humildade suficiente para reconhecermos nossa necessidade e colocá-la diante de Deus, sejamos humildes para dizer de onde veio a força e a resposta. Isso se torna em testemunho. Nisso as pessoas podem crer e isso poderá fazer uma grande diferença nas suas vidas, levando-as também diante deste mesmo Deus. Caso contrário o resultado não será mais do que um simples: “Nossa! Ele conseguiu!” e daí?



Terça, 24 de agosto de 2010


“O Senhor reinará por todo o sempre” Êxodo 15.18


Jesus disse a Pilatos: “Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz” João 18.37


Ter autoridade e ser autoridade. Duas posições muito almejadas, pelas quais pessoas brigam, discutem, se desentendem e muitas vezes cortam relações, principalmente quando são colocadas em pé de igualdade para conquistar determinada posição.


Já no começo da caminhada do povo de Israel, seu líder, Moisés, queria que entendessem e aceitassem a liderança que ele fora chamado a exercer sobre eles, como algo vindo de Deus. Ele a exerceria neste espírito de obediência a Deus, sabendo que a Ele prestaria contas. Por isso ele coloca que o único que de fato reina, é o Senhor. Para sempre. Moisés era passageiro. Seu tempo terminaria. Qualquer líder que fosse dar continuidade a sua liderança deveria fazê-lo no mesmo espírito. E também passaria. Assim como o povo passaria. As épocas passariam mas... “O Senhor reinará para todo o sempre”.

Logo adiante Moisés receberia as tábuas da lei e as repassaria para o povo, começando com: “Eu sou o Senhor Teu Deus...”. Tudo só teria sentido a partir desta compreensão: as vitórias e as derrotas, os bons tempos e os difíceis, o tempo das “vacas gordas e das vacas magras”.








Quando alguém quer tomar o lugar que é só de Deus, as coisas começam a sair dos eixos. Isso vale também para as lideranças políticas, como foi Moisés em sua época. E já que estamos em período eleitoral, convém lembrar esta verdade.


No texto do Novo Testamento o episódio do diálogo de Jesus com Pilatos, é interessante. Não se sabe se Pilatos de fato faz esta pergunta sobre Jesus ser rei, como curioso, para tirar alguma dúvida ou “temendo a concorrência”. Fato é que ele afirmou e assim ficou registrado na cruz: “Jesus Nazareno – Rei dos Judeus (INRI)”. Aproveitando a deixa, com a pergunta formulada, Jesus se identifica, diante da autoridade maior. Seus traços são legíveis. Seu DNA transparece em seus atos, inclusive na última hora. Ele era da verdade e seguia a verdade. Se Pilatos não reconheceu isto, um dos ladrões crucificados ao lado de Jesus o reconheceu, quando manda que seu colega, blasfemador, do outro lado de Jesus, ficasse quieto: “Este nada fez para estar aí. Nós sim, somos culpados, ladrões e assassinos”. Ser da verdade é identificar a verdade. É reconhecer o verdadeiro Deus em Jesus.



Segunda, 23 de agosto de 2010


“Ter-se-ia encurtado a mão do Senhor? Agora mesmo, verás se se cumprirá ou não a minha palavra” Números 11.23


“Aproximando-se (da sogra de Simão), Jesus tomou-a pela mão; e a febre a deixou, passando ela a servi-lo” Marcos 1.31


“Pegar na mão”, um gesto tão simples e comum, mas tão importante. É assim que os pais transmitem confiança aos filhos, começa um namoro, uma cuidadora acompanha seu doente, um deficiente visual se deixa guiar ao atravessar uma avenida tumultuada.


No primeiro texto de hoje, do livro de Números, ainda estamos no início da caminhada do povo de Deus em sua reestruturação após o período de mais de 400 anos como escravos no Egito. A caminhada deste povo não foi tão tranqüila como poderíamos imaginar. Este povo logo ficou falado... bem e mal falado! Sua forma de caminhar e avançar rumo ao seu destino, passando por povos estranhos, que se preocupavam com este “avanço” sobre suas terras, as vezes de forma pacífica, entoando seus salmos de romaria, afirmando sua fé e confiança em Deus, o que por si só, já amedrontava algumas nações. Outras vezes chegou em pé de guerra e algumas cidades foram conquistadas.


Chega, porém, um tempo de tensão e reclamação e aí vem esta ilustração interessante do texto bíblico: “será que a mão de Deus se encurtou”? É o que acontece quando a gente tenta esticar o braço para ajudar alguém mas não tem como chegar nela. Dá uma agonia, não é mesmo?

Quem sente a mão de Deus longe é Moisés, que está enfrentando “uma barra” com o povo. Enjoaram do “maná diário”:... “Chega de pão... queremos carne...”. E Moisés se preocupa, com razão. No verso 21 lemos: “E disse Moisés: Seiscentos mil homens de pé é este povo, no meio do qual estou; e tu tens dito: Dar-lhes-ei carne, e comerão um mês inteiro”.






E a mão de Deus não se encurtou. Ele enviou codornas que alimentaram o povo, até enjoarem, ficando inclusive doentes e morrendo alguns e sendo ali sepultados. Mas a queixa foi ouvida e a oração de Moisés respondida. Com suas conseqüências, é claro!!!


No texto do Novo Testamento uma situação “caseira”, de Jesus com um dos seus discípulos. Pedro estava com sua sogra adoentada em casa. Ele também poderia pensar como muitas vezes nós o fazemos: “Porque incomodar o Senhor com um assunto desses, com tanta gente que ele poderia ajudar por aí”. Acho que este ato de Jesus é mais profundo do que simplesmente somar-se mais uma cura aos milagres de Jesus. Ao atender um pedido familiar de um de seus discípulos, Jesus, o mesmo que disse a Pedro e aos demais, “Vinde após mim e sereis pescadores de homens”, não menospreza as necessidades pessoais nem as responsabilidades para com os seus. Muitas vezes temos ouvido histórias de pessoas, que “por causa da fé e da igreja”, deixam a família em segundo plano, inclusive como desculpa. Penso não estar errado nesta interpretação. Se Deus nos estende a mão também devemos saber fazê-lo, aos de perto e aos de longe.



Domingo, 22 de agosto de 2010


“Eu, o Senhor, a vigio e a cada momento a regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia eu cuidarei dela” Isaías 27.3


Jesus Cristo diz: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda” João 15.1-2


Moro em meio à natureza onde, muitas vezes, a poda de uma árvore se faz necessária, para o bem da própria árvore. Importante respeitar época, local da poda e a situação da árvore. A poda também pode ser fatal ou a salvação da árvore.


Experiências da natureza fazem parte dos relatos bíblicos, tanto no Velho quanto no Novo Testamento. É o caso também nos dois textos de hoje. Em ambos a ilustração é da videira, ou como diz em Isaías, uma vinha de vinho tinto.


No caso de Isaías a expressão “Naquele dia” que aparece nos versos 1 e 2, é um termo profético, futurista, anunciando a implantação do Reino de Deus de forma definitiva. Algumas vezes ela representa um momento menor, que historicamente determinada a ação de Deus e a sua intervenção da vida do seu povo. Outras vezes aponta para mais longe, que é o caso neste texto. Pelo constante abandono do povo aos caminhos de Deus e pelo não cumprimento das promessas feitas a Deus, a missão de muitos dos profetas era chamá-los de volta. Apesar da infidelidade de seu povo Deus continuava cuidando dele como um viticultor cuida de sua vinha, regando e, inclusive, vigiando, para que ninguém a danifique ou faça mal. Uma demonstração de amor para com seu povo.


O mesmo cuidado Jesus demonstrou por seus discípulos, ramos da videira que Deus mesmo plantou: “Eu sou a videira, meu pai o agricultor e vós os ramos”. Os 3 anos e meio dedicados ao seu ministério público, foram de atenção especial aos 12. Deles dependia a continuidade da obra, “da plantação”. Quando um ramo não aceita mais uma poda, não adianta insistir. É cortar e queimar. Mas, quando ainda há chance, a poda faz bem, “para que produza mais fruto ainda”.

Lembro quando tínhamos uma parreira de uva plantada em nossa chácara. Nos ensinaram o dia certo para podá-la e comprovamos que funcionava. Ela vinha bonita, vistosa e carregada. Até que a praga a alcançou e as podas não ajudavam mais. Foi tempo de arrancá-la.



É importante que nos apropriemos desta ilustração. Não tem mais do que duas opções. Ou produzimos ou nos tornamos obsoletos. Uma árvore que não produz frutos tira o espaço de outra. Egoisticamente, podemos nos tornar parasitas, que não fazem mais do que sugar a seiva e a força da árvore para si mesmos. A vida merece mais. O Salmo deste domingo (103) nos faz agradecer a Deus por tudo de bom que ele faz, inclusive por nos renovar as forças como a da águia. O mesmo efeito que a poda produz na árvore cansada.



Sábado, 21 de agosto de 2010


“Eu tirarei a iniqüidade desta terra num só dia” Zacarias 3.9


“Eis que faço novas todas as coisas” Apocalipse 21.5

Vivemos numa sociedade que está se tornando cada vez mais imediatista. Queremos tudo “pra ontem”, num estalar de dedos, num piscar de olhos. E se Deus puder entrar nesta jogada também, isto incluirá nossos pedidos de oração e a necessidade de tê-los atendidos da mesma forma.

Se olharmos rapidamente para os dois textos das senhas de hoje, quase temos que concordar com esse imediatismo. Mas se olharmos para a visão profética, tanto do Velho quanto do Novo Testamento, descobriremos que muitas vezes existe um longo espaço de tempo entre a emissão e o cumprimento da promessa. Algumas delas, inclusive, se cumprem em parte numa época e finalizam noutra. Profecias com relação a Jesus Cristo, por exemplo, tiveram seu cumprimento em parte na sua primeira vinda e se cumprirão plenamente apenas na sua segunda vinda.

É o caso da profecia de Zacarias. Este “num só dia”, esperaria até o nascimento de Cristo para começar a se cumprir. E não se cumpriu plenamente até o dia de hoje, pois a iniqüidade ainda está presente na terra e não foi tirada.



* Zacarias em pintura de Michelângelo



Ela continua sendo promessa inclusive no último livro da Bíblia. Antevendo o final dos tempos, João vislumbra “aquele dia” de Zacarias, quando todas as coisas serão feitas novas. O Apocalipse é um exemplo clássico de profecias cumpridas e por se cumprir. Algumas delas já se cumpriram desde que foram anunciadas por João. Outras são cíclicas e vão se repetindo e cumprindo de acordo com as épocas, como é o caso das cartas as 7 igrejas (capítulos 2 e 3). Outras são as do “finalmente”, como é o caso do capítulo 21. Expressões como ”Novo céu e nova terra”, “Nova Jerusalém” e “Todo o olho o verá”, presentes no Apocalipse, são o encaminhamento daquilo que Zacarias anunciou. Claro que o povo daquela época experimentou a ação de Deus em seu tempo mas, se podemos dizer assim, de forma “parcial” pois o “plenamente” está por vir. Esse é o ritmo da vida cristã: “já mas ainda não”, “em parte mas não de todo”, “salvos e sendo salvos”.




Sexta, 20 de agosto de 2010


“O Deus vivo livra e salva” Daniel 6.26,27


“Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele” I João 4.9


Muitas vezes pessoas chegam ao limite de suas forças e precisam esperar que algo “mais que natural” ou até “sobrenatural” aconteça. E então se agarram a isto como sua esperança e força para enfrentar a situação, seja uma doença, uma dificuldade momentânea, uma desilusão.


O texto do Velho Testamento para o dia de hoje nasce de uma situação assim. Daniel e seus amigos estavam sendo pressionados para cederem ao decreto do Rei Nabucodonosor, que havia mandado construir uma estátua para sua própria adoração, e a exigia. Fiéis, porém, aos seus costumes, os jovens israelenses não se dobravam diante da estátua, mas mantinham o costume de orar 3 vezes ao dia, voltados para a cidade de Jerusalém.

Logo isso chegou aos ouvidos do rei que pede que se retratem. Sem querer fazê-lo são levados ao cativeiro e depois ao castigo final, sendo jogados na cova dos leões. Continuando fiéis a Deus, oraram para que Deus os continuasse abençoando, o que aconteceu.








Sendo poupados pelos leões, deram seu testemunho: “O Deus vivo livra e salva”. Novamente não apontaram para si mesmos, suas qualidades ou sua fé. Deus foi a razão do que aconteceu. Disso eles sabiam e isso eles queriam que também o rei soubesse. E assim foi. Ao contrário de uma estátua sem vida, “O Deus vivo” abençoa. Dito e feito!

Assim como este episódio do Velho Testamento foi prova do amor de Deus para com aqueles jovens fiéis, o apóstolo João se refere a outra prova contundente do amor de Deus, esta através da vinda de seu Filho Jesus Cristo ao mundo. O Deus vivo de Daniel vem, na pessoa de Jesus, para dar vida a todo aquele que crê: “para vivermos por meio dele”, diz o texto de I João. Novamente é uma situação de limites. Não há outra possibilidade para o ser humano a não ser confiar-se ao Deus vivo. É Nele que encontramos perdão, paz, liberdade e motivação para a vida. Ele nos deixou o exemplo: “Por que ele vive, nós vivemos” diz a Escritura. O testemunho do apóstolo Paulo confirma a palavra de João: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2.20). Dito e feito!




Quinta, 19 de agosto de 2010


“Tu não deixarás a minha alma na morte” Salmo 16.10


Jesus Cristo diz: “Todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente” João 11.26


Sem dúvida alguma o maior mistério que acompanha o ser humano desde sua criação, é a morte. E assim é com cada ser humano, desde o seu nascimento. Nascemos morrendo, como alguém interpretou. Ao mesmo tempo em que ela é a maior certeza (vamos morrer) gera as maiores dúvidas.


Os dois textos deste dia de hoje tratam do assunto de formas diferentes. No Salmo uma das tantas referências, comuns neste livro, sobre a morte. Uma situação de sofrimento extremo deixa a pessoa em ansiedade e sentimento de morte. Sua oração é para que Deus alivie este sentimento e mude a situação. Podemos interpretar sua oração como uma ânsia pela eternidade, mas não parece ser o caso. A visão da presença de Deus neste período estava muito mais ligada ao dia a dia da vida do povo e nem tanto futurista. Claro que o salmista também conhece a possibilidade extrema deste sofrimento que é ter que enfrentar a própria morte e, também aí, ele pede que Deus o livre e o faz com certeza: “não deixarás a minha alma na morte”. De qualquer maneira ele renova sua confiança em Deus e não vê a morte como a situação final. E mesmo tendo nela esta “certeza”, não se entrega a ela. É o amor à vida. Se a morte é certa, a vida também é. Vale a pena lutar por ela.

No texto do Novo Testamento temos uma palavra de Jesus a seus discípulos, especialmente a Marta, irmã de Lázaro, diante do túmulo de seu irmão Lázaro. Ela chora a morte do irmão e a ausência de Jesus quando isto aconteceu. Ele a anima com uma pergunta intrigante. Tendo afirmado ser a “ressurreição e a vida”, pergunta se ela crê nisso. Ao receber a afirmativa, Ele interpreta a visão cristã da morte: “ainda que morra, viverá”. O crer dá uma nova forma à morte. A ressurreição de Lázaro, naquele momento, ilustrava que mesmo que esta ressurreição fosse novamente momentânea, pois ele morreria fisicamente de novo, o recado era de que “quem crê não morrerá, eternamente”. Pela fé, Jesus poderia estar dizendo que não faria diferença se Lázaro estivesse morto ou ressuscitado. A eternidade era garantia. Mas, pra confirmar sua autoridade no que dizia, ele opera o milagre, como que dizendo: “Se eu faço aqui, farei lá”. Creiam na ressurreição!



Quarta, 18 de agosto de 2010


“A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?” Salmo 42.2


“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” Hebreus 12.14


Lembro dos meus tempos de menino, quando ia passar as férias nas terras de meus avós, na colônia. Depois do ônibus ou trem, de Novo Hamburgo a Parobé, tínhamos umas 3 horas de caminhada. As paradas pra beber uma água fresquinha, nos riachos da beira da estrada, eram refrescantes.


O salmista, porém, queria mais do que isto. Só se refrescar na água não era suficiente. Ele diz que “tem sede de Deus”. Podemos interpretar isso como o desejo de ver a ação de Deus nas situações de sua vida. Este ter sede é um aspecto de “ansiedade, desejo forte por algo”. E, valendo-nos da ilustração, a gente sabe como é quando a gente está com sede mesmo: “Esvaziamos uma garrafa, num gole só, se der jeito”. Em sua oração o salmista fala da perseguição dos inimigos, de sofrimento, angústia, abatimento e solidão.
A água fresca renova a força para a caminhada

Estes são os elementos que vão aguçando sua sede, seu desejo de ver a situação mudar, onde em seu imaginário, ele constrói um oásis no meio do deserto, querendo “ver o Senhor face a face”. É uma oração de confiança e de renovação de esperança, como o são muitos dos salmos. Por isso também os salmos são sempre atuais e se aplicam aos nossos dias.


O texto do Novo Testamento também aponta para este “face a face”, diante do Senhor. Este é um anseio e uma promessa. Viver em paz com Deus e o próximo, abre as portas rumo a esta promessa. Quando estudamos o catecismo, aprendemos sobre o Credo Apostólico, em seus 3 artigos, onde o último é o da “santificação”. A mesma expressão que aparece aqui no texto de Hebreus. No Credo Apostólico é a referência a presença e ação do Espírito Santo nas vidas dos que crêem. Nos colocando em união uns com os outros (comunhão dos santos), anunciando a paz com Deus (remissão dos pecados) e renovando a esperança (vida eterna). Estes são os elementos desta “santificação” sem a qual ninguém verá o Senhor, como afirma o autor de Hebreus. De fato o processo de “santificação” nos coloca no desejo de ver a vontade de Deus cumprida em nossas próprias vidas, como diz a canção: “como um vaso nas mãos do oleiro... quebra a minha vida e faze-a de novo”. É um constante processo de restauração em nossas vidas. Isso a torna possível de ser vivida e disso deveríamos “ter sede”.



Terça, 17 de agosto de 2010


“Servireis ao Senhor, vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão e a vossa água” Êxodo 23.25


Jesus Cristo diz: “Se alguém me servir, o Pai o honrará” João 12.26


Desde o começo da caminhada do povo de Israel rumo à promessa da terra prometida, vem o anúncio da benção de Deus e o desejo de que este mesmo povo, por gratidão e obediência o servisse, mostrando-se digno da ação divina e da benção prometida.


O livro do Êxodo, ao contar esta primeira caminhada do povo, traz a exortação a que sejam fiéis a Deus. No capítulo 20 temos o resumo desta vontade divina através dos “10 mandamentos”, dos quais também falamos na reflexão de ontem. Na seqüência do livro de Êxodo, que inclui o nosso texto de hoje, os conselhos se renovam. Vale a pena ler com calma todo o capítulo 23. São conselhos interessantes, de diferentes áreas da vida pessoal e comunitária. Cada conselho leva em conta o desejo de servir a Deus. Por amor e obediência e na certeza de continuar sob a Benção Divina.
Ao falar do “pão e da água” são tomados os aspectos básicos da vida. Em outras palavras: nada faltará. Se Deus cuida do mínimo, o qual nós acostumamos a receber de forma tão natural, às vezes sem sequer agradecer, é por que a Ele também interessa o máximo, quer dizer, tudo de que precisamos. A promessa para aquele povo é a promessa para este povo (nós).


Da mesma forma Jesus estimula seus discípulos a continuarem colocando seus olhos na promessa do Pai. Servir a Deus, através da obediência a Jesus e a sua palavra, é novamente colocar-se sob a benção, aqui descrita como “honra”. Quer dizer. Deus não é um mentiroso. Se Ele promete, Ele cumpre. Ele honra sua palavra. É interessante como esta expressão (honra) faz parte de nosso dia. Assim dizemos que “vamos honrar nosso compromisso”, quando nos referimos a uma promessa feita, a uma dívida contratada, a uma tarefa assumida ou um cargo que aceitamos. E é isso que, na palavra de Jesus, em João 12.26, é dito com relação ao vínculo direto que existe entre o “servir a Deus” e o “Pai o honrará”. E se Deus não faz pouco caso no que promete, nesta caminhada de fé, nós também não deveríamos fazê-lo. Isto é ser uma “pessoa honrada”.



Segunda, 16 de agosto de 2010


“Até quando, ó Deus, o adversário nos afrontará? Acaso, blasfemará o inimigo incessantemente o teu nome? Salmo 74.10


“Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra” Atos 4.29

Dos “10 mandamentos” que encontramos na Bíblia, 2 deles estão ligadas ao uso da língua: Na relação com Deus, “não usar seu nome em vão”, na relação aos outros, “não dizer falso testemunho”. Em resumo: Nossas palavras devem construir e não destruir.

Os dois textos das senhas de hoje apontam para outros usos inadequados da língua: a blasfêmia e as ameaças. O dicionário online define a blasfêmia como:

“Palavra que ultraja a divindade, insulta a religião.
Palavra injuriosa contra pessoa ou coisa respeitável”.

Como nos 10 mandamentos, a expressão blasfêmia também é direcionada a Deus e ao próximo. É exatamente nesta direção que vai a palavra do Salmo. A palavra do salmista nos faz lembrar também da história bíblica de Davi, o pastor de ovelhas, que acaba virando soldado, por não suportar a afronta (blasfêmia) que o grandalhão Golias despejava por sobre o exército israelense e o próprio Deus, conforme nossa definição online, “ultrajando a divindade”.

E Davi sabia que não era ele quem acabaria com este ultraje vindo da parte de Golias. Coloca-se diante de Deus em oração, escolhe as suas pedras para a funda (que era o que sabia fazer) e enfrenta a afronta: “Tu vens com tua força e eu em nome do Senhor”.





Parece ser este o conselho no caso de sermos afrontados. Pagar na mesma moeda não vai adiantar, pois a gente apenas incorre no mesmo erro.

No texto de Atos vemos os primeiros cristãos entusiasmados com a pregação do evangelho. Afinal eles tinham sido alcançados com uma mensagem que mudara sua maneira de ver a vida e as coisas. Animados por esta sua fé, queriam o melhor para os outros, o que para eles significava anunciar-lhes o evangelho. Mas para seus ouvintes não era bem assim. Logo surgiram ameaças e falso testemunho. Os primeiros cristãos passaram a ser chamados de “aqueles que transtornaram o mundo”. Isso não como elogio ou uma propaganda de sua mensagem. Pelo contrário, para tentar abafar o impacto de sua pregação. E nesse ponto este povo se volta em oração a Deus, para que não os deixe desanimar. Eles pedem por intrepidez (coragem, força, ânimo) para continuarem anunciando a Palavra, apesar das ameaças. Como na oração do salmista, confiam sua causa a Deus.

Assim como os mandamentos nos aconselham a não usar a língua contra Deus e contra o próximo, quando isso acontece conosco, não adianta dar o troco. Intriga só provoca intriga. Mentira só traz mentira. E se torna um ciclo vicioso do qual é difícil sair.


Domingo, 16 de agosto de 2010


“Não seja eu envergonhado, pois em ti me refugio” Salmo 25.20


“Em Jesus Cristo temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele” Efésios 3.12


Confiar em Deus parece algo tão natural que às vezes nem paramos para pensar o que realmente isso significa. Nem sempre pensamos nisso como na cena tão comum da criança que, de cima de um brinquedo ou um muro, simplesmente se joga nos braços do pai, porque ele disse: “Vem... pula”.


O salmista não tinha apenas colocado sua confiança em Deus “para o que der e vier”, mas havia se comprometido diante dos outros talvez com comentários do tipo: “Vocês não acreditam? Pois então esperem para ver... eu confio em Deus”, ou ainda “Vocês acham que eu não vou conseguir? Pois esperem pra ver!”


E depois vem o compromisso. E se Deus não me atender? Se é coisa da minha cabeça? Se é algo que apenas eu quero e que Deus não concorda?


Para não passar por uma situação destas o salmista renova sua esperança naquele em quem pôs sua confiança: “Não me deixes passar vergonha. Eu só tenho a ti. Em ti me refugio”. A expressão refúgio é muito forte. Ela era usada para descrever as cidades para onde levavam os soldados feridos durante uma guerra, para se recuperem. Naquele lugar estava sua última esperança. Assim o salmista se vê diante de Deus.


Já o Novo Testamento nos diz que Jesus Cristo veio abrir as portas mais íntimas do acesso a Deus para que, pela fé Nele, cheguemos a Deus na mesma confiança que o salmista teve.
Um simbolismo muito bonito acontecia na celebração do culto judaico. A parte interna do altar era guardada por uma cortina que separava o altar anterior do interior. No primeiro eram celebradas, pelos sacerdotes, todas as festas comuns do povo de Deus. No segundo, apenas o Sumo-Sacerdote, entrava para oferecer o sacrifício.



 Jesus Cristo incorporou os dois personagens naquela festa da Páscoa: Ele foi o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” mas ele também foi o Sumo-Sacerdote, pois quando ele morreu na cruz “o véu do santuário se rasgou de cima pra baixo”. Simbolicamente estava aberto o caminho de acesso a Deus, sem intermediação de sacerdotes e sumos-sacerdotes. Você mesmo, pela fé, pode abrir seu coração diante de Deus, como fez o salmista. Isto não anula o diálogo com o conselheiro, a oração do pastor nem a oração comunitária. Todos estes momentos são importantes. Mas a porta está aberta a todos. O acesso a Deus só tem um nome: Fé.



Sábado, 14 de agosto de 2010


“O Senhor é quem vai adiante de ti; ele será contigo, não te deixará, nem te desamparará; não temas, nem te atemorizes” Deuteronômio 31.8


“Os discípulos constrangeram Jesus dizendo: Fica conosco, porque é tarde, e o dia já declina. E Jesus entrou para ficar com eles” Lucas 24.19

Muitas vezes, quando uma autoridade vem visitar um determinado lugar, a sua frente vem a “tropa de elite”, os batedores, que com suas motos e/ou carros, abrem caminho, afastando os carros com suas sirenes e buzinas e limpando o caminho para que o carro oficial possa passar.


Tenho a impressão que é algo parecido que encontramos no texto do Velho Testamento destas senhas de hoje. A vida está cada vez mais complicada. Muitos, inclusive, acabam se isolando, sem querer sair de casa, com medo e sem querer enfrentar as dificuldades do dia a dia, nas estradas e na vida agitada das cidades. Se olharmos apenas para a situação que nos cerca, de fato não dá muito ânimo encarar a vida, hoje em dia. O povo de Israel enquanto caminhava rumo ao recebimento das promessas de Deus, tinha maus bocados a enfrentar. E é nessa situação que vem a promessa deste “batedor” a frente, abrindo o caminho, companheiro de jornada que não abandona, nem desampara. E só podia terminar essa promessa com uma palavra de ânimo: “não tenhas medo”! Vivemos numa outra época e realidade, mas esta mesma fé é a única forma de se olhar para a vida com bons olhos e enfrentá-la de cabeça erguida, correndo atrás de suas metas e fazendo-o com alegria.


Situação semelhante experimentaram aqueles que, na tarde do domingo da Páscoa, voltavam de Jerusalém para suas casas, tristes pelo que acontecera naqueles dias, com a morte de seu mestre e guia, o Senhor Jesus. Sem terem tomado conhecimento do que acontecera logo cedo, com a ressurreição de Jesus, voltam desanimados, com a figura da morte, da sexta à tarde.





No sábado cumpriram a lei e ficaram na cidade. No domingo levantaram acampamento e seguiram adiante. Tão entristecidos que nem perceberam que aquele que se aproximara e caminhava com eles era o próprio Jesus. Incorporando-o ao grupo, com mais um desanimado da turma, o convidam para entrar e passar a noite com eles, uma vez que já anoitecia. E Jesus aceita o convite. Na hora da janta, seqüência de nosso texto, ele toma o pão e agradece, semelhantemente a celebração da Ceia, e eles o reconhecem. Na intimidade percebem a sua presença. O “não temas” de Deuteronômio se renova num momento de fraternidade narrado por Lucas. As realidades são distintas, mas o princípio é o mesmo. Deixe que Deus o acompanhe em seus passos e verá que isso fará a diferença.



Sexta, 13 de agosto de 2010


“Quem despreza o dia dos humildes começos, esse alegrar-se-á vendo o prumo na mão de Zorobabel” Zacarias 4.10


“Desejamos que continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança”. Hebreus 6.11

Hoje precisamos conhecer um pouco da história do povo de Israel para entender os dois textos de nossas Senhas.

Cerca de 600 anos antes do nascimento de Jesus Cristo, Israel ficou sem templo. O povo dividira-se: havia dois reinos (Israel e Judá) inimigos um do outro. O povo tornara-se idólatra e totalmente iníquo, e o Senhor rejeitara a ele e ao seu santuário. O reino de Israel, formado por 10 das 12 tribos, fora subjugado pela Assíria por volta de 721 a. C. e, cem anos depois, a Babilônia conquistou o reino de Judá. Durante 70 anos, o povo de Judá, que passou a ser chamado de judeu, permaneceu na servidão, exatamente como fora predito.

Quando os primeiros cativos começam a voltar deste exílio na Babilônia, Zorobabel era o Governador e omeça a reconstruir o novo templo. Em 536 a.C começaram a reconstrução do que era o templo de Salomão. Houve desânimo e os profetas Ageu e Zacarias incentivavam o povo à reconstrução, lembrando-lhes inclusive de existirem cartas do Rei Ciro que os autorizava a reconstrução.

Embora tivessem começado com carinho e presteza, acomodaram-se por causa das dificuldades e o trabalho foi paralisado. Os inimigos, samaritanos, que prejudicaram a obra fazendo-a ficar parada por mais de 15 anos, fez com que os judeus ficassem acomodados e desanimados, outro motivo era que o templo era inferior ao de Salomão.
Agora entendemos a palavra de Zacarias, pois começando pequeno o projeto, veriam o prumo (construção em andamento) e a obra concluída. Uma palavra de desafio para todos, inclusive nós, de não desistirmos cedo demais de nossos projetos.

É esta a palavra de ânimo de Hebreus: continuar firmes até o fim, com diligência e esperança. Os hebreus, a quem se dirige a carta, também estavam passando por dificuldades e perseguição e estavam agora dispersos. A palavra tinha que ser de ânimo, como no capítulo 12, quando são exortados a agirem como quem quer ganhar o primeiro lugar na corrida. Até o final. Sem desistir. Esta é a mensagem.



Quinta, 12 de agosto de 2010

“Bendito seja Deus, que não me rejeita a oração, nem aparta de mim a sua graça” Salmo 66.20


Jesus Cristo diz: “Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa” João 16.24


Falando em oração alguém disse que Deus sempre atende o que pedimos, mas ele tem formas de fazê-lo. Ele pode responder: sim, não ou mais tarde. Pensando que nosso conhecimento é finito e limitado podemos esperar uma resposta que queremos mas pode não ser a melhor.


Os dois textos deste dia falam da oração nesta perspectiva. Interessante que no Velho Testamento, onde impera a lei, a dureza de princípios, ouvimos o salmista falar de graça, palavra típica do Novo Testamento. O salmista reconhece que tudo que vem de Deus é graça, presente, favor imerecido. Este salmo virou hino em nossas celebrações também. O HPD, volume 2, hinário da IECLB e outros cancioneiros usados, nos ajudam a lembrar desta verdade afirmada pelo poeta do Velho Testamento. Deus ouve sim! A resposta pode nem sempre ser como queremos, mas ela chega aos Seus ouvidos. Ele não a rejeita. Por quê? Graça!

No texto do Novo Testamento é Jesus quem fala da oração. Ele já havia falado sobre a importância de orar e confiar sua vida a Deus. Já havia falado sobre a importância de permanecer firme nesta fé, como o ramo que fica firme ao tronco da árvore para dela se alimentar e dar os seus frutos. Tem que pedir, diz Jesus. E na resposta vem a alegria de saber-se amado e agraciado por Deus. Ele ainda acrescenta: alegria completa. De fato quando nos sentimos agraciados por Deus só podemos nos sentir agradecidos e alegres.


Quarta, 11 de agosto de 2010


“O Senhor é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação” Êxodo 15.2


“Quando sou fraco, então, é que sou forte” 2 Coríntios 12.10

Ontem compartilhei a história de Nick Juvicic e acho que alguns acessaram seu vídeo. Lembro de uma frase que ele disse: “Não quero que as pessoas me conheçam ou se interessem por minha história por que nasci com problema a aprendi a me esforçar para superar meus limites”. Em seu testemunho ele diz que deve tudo a Deus e Nele está toda a sua força.

Os dois textos para este dia de hoje confirmam esta experiência de Nick. Em Êxodo vemos Moisés, explodindo em um cântico de louvor a Deus, após a passagem do povo de Israel pelo mar, na fuga do Egito. Moisés reconhece de onde vem sua força. Ele mesmo não tem nada de que vangloriar-se. Começou com seu nascimento.

O faraó havia mandado matar todos os meninos que nascessem as mulheres judias. Mas as parteiras hebréias, tementes a Deus, não o fizeram. Quem escapou com vida? Uma frágil criança, escondida pela mãe e a irmã num cesto revestido de piche, descendo a correnteza do rio Nilo, “ao Deus dará”.





E assim foi a vida deste servo de Deus. Toda vez em que obedecia e deixava Deus agir as coisas davam certo. Quanto tentou mostrar sua força, como no caso do soldado egípcio que matou para defender um escravo judeu, fazendo justiça com as próprias mãos, se deu mal.

Agora no seu cântico ele reconhece esta presença da mão de Deus em sua vida e liderança e diz “O Senhor é a minha fôrça”.





O apóstolo Paulo é mais contundente ainda: “quando sou fraco aí é que sou forte”. Parece masoquismo. Coisa de faquir que gosta de deitar em colchão de pregos, não é mesmo? De fato não é. Vemos aqui uma pessoa estudada, culta, de fina formação, líder de respeito em sua religião reconhecendo a mesma coisa que Moisés reconhecera muitos anos antes. E do mesmo modo como Moisés, Saulo de Tarso, abriu mão de toda esta sua história, para ser Paulo, o apóstolo. Como Saulo tenta mostrar toda sua força, como manda o figurino. Com carta de autorização das autoridades judaicas de Jerusalém, ele sai em perseguição destes “cristãos revolucionários”. Cai por terra, fica cego por 3 dias, é carregado pela mão de outros e acaba sendo cuidado por aquele a quem queria matar, Ananias de Damasco. Quando mais tarde Paulo escreve a comunidade de Corinto, dá seu testemunho, reconhecendo que a fraqueza o torna forte. Suas viagens missionárias o fizeram passar por todo tipo de afronta e perseguição. Foi preso e maltratado, teve que sair fugido de alguns lugares e acaba quase cego, como interpretam os biblistas, precisando de alguém que lhe escreva algumas de suas últimas cartas.

Em toda esta fraqueza está um testemunho de força. Não própria mas oriunda da fé e da confiança em Deus. Isso vale pra nossas vidas também. Um bom exemplo a seguir.


Terça, 10 de agosto de 2010


“O Senhor, teu Deus, te abençoou em toda a obra das tuas mãos” Deuteronômio 2.7


“Simão disse: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes” Lucas 5.5

Ontem falei sobre Provérbios. Outro livro interessante é o Eclesiastes, onde Salomão se coloca no lugar de uma pessoa desanimada com a vida e que não “vê mais graça” em nada e simplesmente diz: “tudo é vaidade”. Não adianta trabalhar, plantar, colher, festejar... em tudo ele acha defeito achando que nada vale a pena.

Pois os dois textos de hoje colocam a mão de Deus em tudo que fazemos. Aliás, na explicação do que é “pão” na oração do Pai Nosso, Martim Lutero também fala em tudo que precisamos para viver, incluindo “casa, comida, emprego, bom patrão, bons empregados...”. Nesta visão das coisas tudo se torna benção de Deus. Ao contrário do desiludido personagem de Eclesiastes, o personagem de Deuteronômio entende a importância de reconhecer em cada coisa, em cada detalhe, a presença de Deus. Ele diz claramente: “em toda a obra de tuas mãos”. Nos cultos deste final de semana, pensando no texto da pregação e no dia dos pais, cantamos o hino 286 do HPD 1 da IECLB: “Obrigado, Pai Celeste!”. Também o poeta incluiu em sua canção esta dimensão mais ampla da vida. Lembra da família, do lar, do trabalho e do lazer. Este reconhecer da ação de Deus anima e fortalece na caminhada, ao contrário do que acontece com o eterno desanimado e desiludido da vida, de quem fala Salomão.

Unindo todas estas coisas, vamos agora nos colocar no lugar de Pedro e os demais discípulos que estavam voltando de uma noite de pesca, sem terem conseguido nada.
Humanamente falando eles tinham toda a razão em dizer: “nós somos do ofício. Sabemos que o mar não está pra peixe hoje. Não adianta tentar de novo”. Agora, movidos pela fé naquele que falava com eles, a coisa muda. O impossível pode ser possível: “se o Senhor está dizendo, vamos jogar as redes de novo”. Aqui lembro de outra canção, que cantávamos com nossos filhos e agora cantamos com nossos netos e sempre acompanhou as crianças na Escola Dominical e nas Escolas Bíblicas de Férias (EBF): “Pedro, Tiago e João num barquinho...”. Lembraram? Em resumo assim vai a letra:

• Jogaram as redes mas não pegaram nada...

• Jesus mandou que jogassem de novo...

• Tiraram as redes, cheinhas de peixinhos...

... no mar da Galiléia!

A diferença está na fé. E no saber em quem colocar esta fé.


Ontem assisti a um vídeo postado no YouTube e que conta a história de Nick Juvicic, hoje adulto, que nasceu sem os braços e sem as pernas. Conviveu com a amargura de não se aceitar daquela forma e não aceitar a Deus por tê-lo feito daquele jeito.
Nesta luta, onde tentou o suicídio ainda criança, encontrou a resposta que procurava.




Entregou suas “redes” nas mãos de Deus. Tornou-se um pregador. Já passou por mais de 20 países contando sua história e falando do amor de Deus. Escolas, ginásios lotados, presídios, hospitais. Não há ambiente em que seu testemunho não crie impacto. Se ele fosse como o personagem de Eclesiastes, simplesmente diria: “De que adianta tudo isso. Tudo é vaidade!”

Se quiser dar uma espiada no vídeo vá em
http://www.youtube.com/watch?v=et9hV3TmpRE&feature=related


Segunda, 09 de agosto de 2010


“O Senhor julga os povos” Salmo 7.8


“Vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo” Efésios 5.15-16

Provavelmente nós já dissemos pra alguém ou já ouvimos de alguém a expressão “vê se não faz uma bobagem dessas”! Pode ser um conselho de amigo, uma conversa entre pai e filho, entre colegas de trabalho, ou um papo jovem num intervalo de aula na faculdade.

“Não fazer uma bobagem” pode ser aquilo que o apóstolo Paulo estava tentando alertar a comunidade de Éfeso, quando disse que não fossem néscios (bobos, tolos), mas que fossem sábios. Ligado a este “ser sábio” está a prudência. Estar atento, prestar atenção. Aliás aí os termos se somam, pois quem comete uma “imprudência”, fez uma “bobagem”. Pode ser um ato impensado, ou mesmo involuntário, mas com conseqüências negativas para si e/ou para outros. Por isso é tão importante ter alguém com quem conversar, pedir um conselho e, se necessário escutar: “vê se não faz uma bobagem dessas!” Pior do que isto é não ter quem nos ajude e, mais tarde, mesmo arrependido, sentir-se num caminho que não tem mais volta.

Quando busquei uma imagem para download, sob o tema
"imprudência", praticamente todas estavam relacionadas
ao trânsito. Mas sabemos que o "fazer bobagens" vai
além das duas ou quatro rodas

Quem fala muito sobre isso é o sábio Salomão, em Provérbios. Este é um livro da Bíblia que sempre vale a pena ser lido. De forma poética, onde os ditados e conselhos estão em versículos isolados, repetidos em capítulos diversos, Salomão nos dá esta visão do saber decidir pelo melhor. Vale a pena conferir estes conselhos e experimentar os benefícios do viver com prudência ao invés de “ficar fazendo bobagens”.

O Salmista também nos lembra que, além de andar com prudência ser um benefício para nós mesmos, nos ajuda a reconhecer que também temos contas a prestar ao Criador. O Salmo deste dia é direto: “O Senhor julga os povos”.


A modernidade não gosta muito desta palavra “julgar”. Mas os atos de imprudência que crescem assustadoramente, exigem cada vez mais a ação dos juízes. Se tenta acelerar este processo com o “Juizado das Pequenas Causas”.








Devemos, porém, ser lembrados que em Deus está o verdadeiro Juiz, de quem nada escapa, desde as pequenas até as maiores causas. E, se entre os julgamentos dos juízes, existe muitas vezes parcialidade e condenações que consideramos “injustas”, a sabedoria divina não erra. Com isso deveríamos pensar que tem coisas com as quais não se brinca. Errar é humano? Perdoar é divino? Esta relação, porém, exige que não façamos pouco caso dos nossos atos, sem medirmos as conseqüências, principalmente se queremos evitar de fazer “muita bobagem”.



Domingo, 08 de agosto de 2010

“Disse comigo mesmo: guardarei os meus caminhos, para não pecar com a língua” Salmo 39.1


“De uma só boca procede benção e maldição. Meus irmãos,não é conveniente que estas coisas sejam assim” Tiago 3.10

Nesta semana tivemos o primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República. Um analista político publicou o resultado do “Truster”, equipamento usado para identificar “mentira ou verdade” enquanto os candidatos falavam. Os candidatos que estão à frente das pesquisas, mentiram, em várias ocasiões, principalmente nas promessas que faziam.

Dilma e Serra não passaram no teste de detecção de mentira

De fato a boca é um perigo. A Bíblia já disse que “quem controla a língua, controla qualquer coisa”. No popular temos o ditado: “o peixe morre pela boca”. O salmista alerta para este perigo também e assume uma atitude de vigilância quando diz: “guardarei os meus caminhos”. Tem que estar alerta. Tem que vigiar. Se não, quando a gente menos espera, lá estamos falando o que não devemos. Nos 10 mandamentos já temos advertência nesse sentido quando somos orientados a não mentir e não difamar o próximo (falso testemunho). Quer dizer que falta de aviso não é. Se continuarmos mentindo e destruindo com o “fogo da língua”, não temos desculpas.

O texto do Novo Testamento é mais duro ainda. O falar pode se tornar uma benção mas também uma maldição. Com as nossas palavras construímos mas também destruímos. Com nossas palavras juntamos mas também separamos. Com nossas palavras podemos plantar amor mas também ódio. O conselho da carta de Tiago é para que evitemos (não é conveniente) esta duplicidade. Quem de fato escolhe como usar suas palavras, somos nós mesmos. Claro que tem aquelas palavras que nos escapam e que não gostaríamos de ter dito. Mesmo assim Jesus já advertira que “a boca fala do que está cheio o coração”. Quer dizer que, mesmo a palavra que “sai inesperadamente” tem sua fonte explicada. É do coração que devemos cuidar, isto é, dos sentimentos, das emoções, das escolhas que fazemos. Eis aí uma questão complicada de se lidar com ela. Todavia podemos aprender a fazê-lo. Aliás: Ou aprendemos ou vamos amargar as conseqüências do mau uso da língua.

Sábado, 07 de agosto de 2010


“Aprouve ao Senhor fazer-vos o seu povo” I Samuel 12.22


“A salvação vem dos judeus” João 4.22

O ser humano tem uma necessidade natural de justificar-se e também de provar do que é capaz. Para isso compara, faz contas, apresenta resultados, buscar aperfeiçoar seus conhecimentos, quer sempre ser o melhor e tenta provar isso aos outros e a si mesmo.

Isso também afeta a maneira como cremos. Boa parte das religiões exige de seus seguidores o cumprimento de regras rígidas, fazendo-os crer que esse é o verdadeiro sentido da religião. Nas páginas da Bíblia, porém, tanto no Velho quanto no Novo Testamento aprendemos o verdadeiro sentido da religião. A palavra originada no latim “re-ligare”, mostra um abismo entre o Criador e sua criação, entre Deus e os homens. Aliás, um abismo tão grande, que o ser humano não consegue transpô-lo a sua maneira. Por isso Deus vem ao encontro. Quem faz a ponte neste abismo, é Ele.
O esforço e a boa vontade do ser humano
são tentativas frustradas de obter a salvação

O povo de Israel, escolhido por Deus para que o mundo pudesse experimentar a salvação, como diz nosso texto do Evangelho de João para este dia de hoje, não deveria fazer disso motivo de soberba ou achar-se melhor do que os demais.

A palavra de I Samuel aponta para o autor desta salvação. É o Senhor. Deus toma a iniciativa. Ele vem ao nosso encontro. Ele dá, nós recebemos. Por isso as tentativas do ser humano em chegar a Deus são insuficientes. A história da humanidade tem apresentado as mais diversas formas que o homem tem usado nessa tentativa: Flagelos, castigos, boas obras, penitências, promessas, peregrinações, só para citar alguns. Aliás! Algumas delas são, inclusive, recomendadas na Bíblia, mas sempre como resposta a ação de Deus e não para conquistar alguma coisa. Assim como Ele nos fez seu povo pela fé, podemos deixar também que Ele mesmo nos estimule e fortaleça para que andemos nessa mesma fé. A gratidão e a obediência passarão a ser resposta. As boas ações serão então como frutos amadurecidos numa árvore frondosa.




Quinta, 05 de agosto de 2010

“Reprime a tua voz de choro e as lágrimas de teus olhos; porque há recompensa para as tuas obras, diz o Senhor” Jeremias 31.16


“A nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” 2 Coríntios 4.17

Diz o ditado que “depois do temporal vem a bonança”. Apesar disto, quando estamos em meio a uma situação complicada, onde não parece de fato haver saída, parece que o ditado ajuda pouco. Pelo contrário. Muitos se sentem afundando cada vez mais, como se estivessem em areia movediça.

Experiências de pessoas em sofrimento e lágrimas, permeiam as páginas da Bíblia. Algumas delas amargam esta situação até as últimas conseqüências, como foi o caso de Jó. Aliás, falando deste personagem, sugiro a leitura do artigo “Perdão”, matéria de capa da Revista Veja, edição 2175, de 28/07/2010.

Jeremias, mesmo sabendo que tem diante de si um povo difícil de se lidar, com um coração duro e desobediente, como aliás já vimos em algumas reflexões anteriores, anuncia a este mesmo povo uma virada, quando pessoas se arrependem e se voltam para Deus. Aquele que transforma a situação, fazendo com que a voz de choro e as lágrimas sejam ouvidas e recompensadas. Uma bela palavra de estímulo a quem anda desanimado, sem perspectiva de que alguma coisa boa ainda possa acontecer em sua vida.

O apóstolo Paulo chama estas situações difíceis de “leve e momentânea tribulação”. E olha que ele passou por algumas situações extremamente complicadas: Precisou sair “fugido” e protegido por seus amigos, escapou de uma cilada a noite, descendo num cesto pelos muros da cidade, teve um naufrágio numa de suas viagens, passou por perseguição e prisão, inclusive com castigos físico extremos.
Uma das situações difíceis pelas quais passou
o Apóstolo Paulo foi a de naufrágio

Este é o homem que diz que não há comparação entre a glória a ser experimentada por aqueles que crêem em Deus e nele colocam sua confiança e esperança. Ele, inclusive, usa uma expressão bastante forte: “produz um eterno peso de glória”. É quase uma linguagem de guerra, quando os soldados voltavam mostrando seus troféus, através das conquistas sobre as cidades inimigas invadidas.

Em ambos os textos o importante é identificar a ação de Deus que, mesmo nas situações mais difíceis de nossas vidas, anda conosco e, no momento certo, entrará em ação, a nosso favor. É promessa divina. Nela se pode confiar.


Terça, 03 de agosto de 2010


“Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu e o livrou de todas as suas tribulações” Salmo 34.6


“Se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito” I João 5.15


Pior do que estar numa situação difícil é não ter onde buscar ajuda. Quantas vezes tenho ouvido este argumento de pessoas que me tem procurado para aconselhamento, nestes quarenta anos de caminhada. Eu não tenho pra quem contar minha dor.


O testemunho do Salmista, em nosso primeiro texto para hoje, é de alguém que encontrou em Deus um ouvido sempre aberto e um coração sempre voltado para si: “Deus me ouviu e me livrou”. Aliás, o livro dos Salmos, com seus cânticos e orações, traz o argumento da confiança em Deus em quase todos os seus capítulos, que são 150 no total. O contexto do capítulo 34, de onde vem nossa senha de hoje, é de afirmação à esta verdade e também serviu de inspiração há um dos cânticos que temos em nosso hinário da IECLB: “Bendirei ao Senhor em todo tempo”. Este testemunho, aliás, não ecoa apenas nas páginas do livro de Salmos. Na história de inúmeros seguidores e fiéis discípulos, foi a força para a vida. Só para citar alguns dos mais conhecidos: Martin Lutero, Martin Luther King, Dietrich Bonhoeffer, Desmond Tutu...


Para alguns, este clamar a Deus aconteceu até a morte, da qual não foram poupados. Para citar alguém de nosso relacionamento e com quem tive a oportunidade de conviver alguns dias em seu lugar de trabalho em Moçambique/África, menciono a Irmã Doraci Edinger, missionária brasileira, diaconisa da IECLB, assassinada no exercício de sua missão naquele país.


O texto do Novo Testamento também é um “refrescar de memória” desta verdade básica. Deus não apenas nos ouve, mas também nos responde. Alguém ilustrou dizendo que Deus sempre atende nossas orações, com 3 respostas costumeiras e a seu tempo: Sim, Não ou Espere. Mas ele atende. Veja que esta questão não nos desestimula a buscarmos a ajuda e convívio de outras pessoas. Pois alguém poderia dizer: “Eu não preciso de ninguém pois já tenho a Deus”. A certeza da presença de Deus, pelo contrário, nos impulsiona em direção aos outros. Jesus mesmo foi um exemplo nisso.

Apesar de ser encontrado muitas vezes orando sozinho, escolheu 3 dos seus 12 discípulos para viverem mais próximos dele. A eles pediu que vigiassem com ele em um dos momentos mais atribulados de sua vida, na véspera de sua morte, ao sair para orar no Jardim do Getsêmani (foto).




Felizmente ao cristão existem os dois caminhos: Para cima, na vida em comunhão com seu Deus e para os lados, no convívio com irmãos e irmãs, a quem se estende a mão tanto para ser ajudado quanto para ajudar. Muitas vezes, é nesse convívio, que Deus responde nossas orações e as dos outros.



Segunda, 02 de agosto de 2010

“Eu te ordeno: livremente, abrirás a mão para o teu irmão, para o necessitado, para o pobre na tua terra” Deuteronômio 15.11


“Andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós” Efésios 5.2

Fazer alguma coisa “por obrigação” ou “de má vontade”sempre deixa um gosto amargo, tanto na pessoa que age assim, como naquele que recebe este serviço e o percebe dessa maneira.

Ao contrário dessa situação os textos de hoje são um convite para um voluntariado alegre e prazeiroso. Imaginem que no tempo da lei, da “obrigação”, como era o tempo do Velho Testamento, a palavra de Deus orienta para o “dar livremente”. Abrir a mão pra quem precisa de ajuda, de forma voluntária. Um exemplo de vida essa palavra de Deuteronômio. “Abrir a mão” é uma expressão que também faz parte de nossa sabedoria popular. Costumamos usar o termo “mão aberta” para alguém que não mede esforços em ajudar os outros. Por outro lado, quem não gosta de agir assim, chamamos de “munheca”e o gesto que acompanha esta segunda expressão é a mão fechada. Que belo convite este do texto de hoje. E ele nos faz pensar: “Quem são os necessitados, que estão ao nosso alcance, e a quem podemos abrir a mão”? Cada um de nós tem que achar sua resposta pra sua ação pessoal mas, a comunidade, a igreja, também tem que se fazer esta pergunta e estar pronta ajudar.
Pelo texto do Novo Testamento percebemos que o exemplo do que significa este “abrir a mão” esta na maneira como Jesus viveu, “andando em amor”. Sabemos que querer seguir o exemplo de Jesus é uma meta e um alvo a ser perseguido, mesmo sabendo que nunca seremos como Ele foi. Nossa natureza é contra nós. Nascemos pecadores e vivemos pecadores. Isto muitas vezes nos impede de alcançarmos os “melhores alvos” e vivermos de acordo com as nossas “melhores intenções”. Mas o que vale, de acordo com a palavra do apóstolo Paulo aos Éfesios, é esta vontade de se deixar orientar pelo amor, exatamente o oposto de fazer as coisas “obrigação ou má vontade”. E, no fundo, a escolha de como queremos fazer as coisas, é nossa.

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