03 março, 2010

CADA DIA - Senhas Diárias - MARÇO 2010

Vivendo o dia de hoje à luz da Palavra de Deus

Esta coluna é dedicada a todos que, na correria do dia a dia,
queiram fazer uma pausa para reflexão e fazer um "clic" aqui



Ouça a canção "O Pão Nosso de Cada Dia", de minha autoria, em 
Quarta, 31 de março de 2010


“O Senhor irá adiante de vós, e o Deus de Israel será a vossa retaguarda” Isaías 52.12


“Jesus Cristo diz: Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas” João 10.14,15

Em muitos episódios de guerra, seja nos filmes mais antigos ou nas novas versões, mais explosivas e barulhentas, uma cena quase sempre é comum. A preocupação com o inimigo: de onde ele vem, se será possível visualizá-lo ou se ele vem em número superior e melhor aparelhado. E há duas direções que são fundamentais: a frente, que precisa ser a tropa pronta a enfrentar o primeiro impacto e a retaguarda, que significa a vigilância com o inesperado.

Eu monto este cenário imaginário pois é muito parecido com a promessa de Deus através do profeta Isaías. Nos cenários dos filmes, os da frente não podem ao mesmo tempo ser os de trás. Mas Deus se apresenta como o que vai a frente (que já conhece o que nos espera) ao mesmo tempo em que está na retaguarda (conhecendo o que para nós faz parte do inesperado). Nas lutas (guerras) do dia a dia somos este soldado ansioso pelo que está à frente e preocupado com que pode vir e para o qual não esteja preparado. E que ninguém tente ganhar a guerra sozinho. Soldados devem agir em pelotão. Para isso Deus nos constituiu em sua família (temos irmãos ao nosso lado). A oração, a intercessão, o abraço fraternal e o convívio comunitário são essenciais. Nada substitui a fé presencial. Não basta “ler a Bíblia em casa”. Precisamos dos outros e os outros precisam de nós.

Este ambiente é descrito noutra linguagem no Evangelho de João, numa imagem que muitos já não vêem mais: O pastor e suas ovelhas.

Tenho o privilégio de morar em uma zona rural, onde algumas vezes precisamos parar nosso carro para que as ovelhas atravessem em segurança e passem para o pasto que está do outro lado. O lavrador que também cuida de suas ovelhas e seu gado, não é mais chamado de pastor. Ao invés do cajado, vem o cachorro pastor alemão (o nome tem a ver!).

Mas eu gosto daquela cena. Mesmo que algumas coisas mudaram da cena original ilustrada por Jesus não mudou a essência. Elas conhecem quem é seu guia e se deixam guiar. Elas estão sempre juntas, em rebanho (grupo) e, o mesmo pastor alemão que não as deixa escapar, se coloca em sua defesa, quando algum perigo aparece.

O Deus protetor do Velho Testamento, numa linguagem de guerra, se personifica em pessoa meiga, companheira, amável e disposta a dar a sua vida pelas ovelhas. Seu nome: Jesus!


Terça, 30 de março de 2010


“O Senhor é bom para todos, e as suas ternas misericórdias permeiam, todas as suas obras” Salmo 145.9


“Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros” I João 4.11

Conhecemos muito bem a expressão “chover no molhado”. Nós a usamos quando se diz alguma coisa que parece não precisaria ser dita, de tão conhecida. Creio que ela se aplica aos nossos dois textos de hoje. Falar que somos amados por Deus e que devemos assim amar nosso próximo, não parece ser novidade e sim “chover no molhado”.

Arrisco, porém, a dizer que nossa realidade nos mostra exatamente que não é bem assim. O coração do ser humano, ao contrário de uma terra muito úmida, onde não precisaria se colocar mais água, se parece muito com aquelas imagens de seca no nordeste, onde por meses, as vezes anos, a falta de chuva deixa a terra, literalmente, rachando de tão seca.
O coração humano pode se tornar tão duro
quanto a terra em tempos de seca

Apesar da afirmação do salmista de que “Deus é bom para todos” nem todos se deixam alcançar por suas misercórdias. Esta expressão é muito significativa. Podemos separar a palavra "misericórdia" em “miseris” (miséria) e “cardia” (coração). Olhando nua e cruamente para nós mesmos e sendo sinceros com o que vemos, temos que nos considerar como “miseráveis”, uns coitados. E daí, para não nos desesperarmos com esta situação, descobrimos um Deus cheio de amor que nos olha “com o coração”.

Os episódios da Semana Santa mostram o olhar carinhoso e cheio de amor de nosso Deus. Imagino que o Domingo de Ramos, celebrado ontem, significou para Jesus uma oportunidade de ver naquele gesto dos mais simples, uma resposta do coração. Não é assim que a gente diz as vezes: “fiz isso de todo o coração”. E de fato é assim que deveria ser nossa reação quando, como diz João, nos sabendo amados por Deus, amemos também. E, acrescento, “com misericórdia”, isso é, de coração.

Assim como a época do Advento e do Natal, também esta época da Semana Santa e da Páscoa nos deixam de coração mais mole. Ficamos com mais pena dos que nada tem, damos esmolas, achamos triste ter vizinhos que não podem comprar alguma coisa para seus filhos, fazemos biscoitos, ovos recheados com amendoim e outras coisinhas, típicas da época.

E de novo somos testados: “estamos agindo em misericórdia... de coração”?


Segunda, 29 de março de 2010

“O teu reino é o de todos os séculos, e o teu domínio subsiste por todas as gerações” Salmo 145.13


“Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre” Hebreus 13.8

Uma das características do ser humano é sua instabilidade. Cremos e descremos; prometemos e não cumprimos; batemos nos peito para nos gloriarmos e às vezes de coisas que nem fizemos. Destas e outras situações surgem expressões populares como: “vira casaca”, “entregou o jogo” ou ainda, “se vendeu”.

Que contraste com o louvor que vem do salmista, se dirigindo a Deus: “por todos os séculos” e “por todas as gerações” são expressões fortes e cheias de convicção. Um Deus que não muda, que inspira confiança pois promete e cumpre. Quando chegamos ao texto do Novo Testamento descrição semelhante se aplica a Jesus Cristo: “o mesmo ontem, hoje e para sempre”.

Superando todas as épocas, séculos, milênios e gerações, a Bíblia, continua sendo o best-seller de vendas. Disponível de maneira plena ou em partes, alcança hoje povos de mais de 1.200 idiomas, línguas ou dialetos. De forma impressa, falada ou virtual, online no seu computador, está na “ponta dos dedos” anunciando a mensagem que não se desatualiza, pelo contrário, se renova.

Estamos na Semana Santa, e mais uma vez a história que já poderia estar “fora de moda”, continua tão real como sempre foi. Dois terços da população mundial confessa a fé cristã e, dois mil anos depois da primeira Semana Santa, continua dizendo: “Jesus Cristo é o Senhor”. Mãos a palmatória, temos que dizer, que esta confissão é feita em meio a fraquezas, como foi a dos primeiros discípulos. O mesmo apóstolo Pedro que, para defender seu mestre, corta a orelha de um soldado, o nega alguns momentos depois. O mesmo apóstolo Judas, que reclama do desperdício do perfume que Maria derramou sobre os pés de Jesus dizendo que poderia ser vendido por 300 moedas de prata para ajudar os pobres, poucos dias depois traiu seu mestre por apenas 30 moedas.
"A última Ceia" e a traição de Judas

Quem sabe chegamos mais uma vez aquela época em que temos que analisar nossa fé e ver se ela não passa de uma confissão tradicional, repetida, da boca pra fora, ou se ela de fato nos compromete com aquele que não muda, como diz um hino do hinário da IECLB: “Jesus Cristo é Rei e Senhor, seu é o reino e o louvor. É senhor potente, hoje e eternamente”.

Domingo, 28 de março de 2010


“Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor” Isaías 40.29


“A numerosa multidão que viera à festa, tendo ouvido que Jesus estava de caminho para Jerusalém, tomou ramos de palmeiras e saiu ao seu encontro, clamando: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor e que é Rei de Israel!” João 12.12,13

A IECLB tem em seu hinário nº 1 uma canção bastante conhecida e escrita por meu colega e amigo Pastor Oziel Campos de Oliveira Jr. Estou falando do hino: “Os que confiam no Senhor”. A primeira estrofe inspirada nos Salmos e a segunda no texto de Isaías: “Os que esperam no Senhor, suas forças hão de renovar”.

Este é o contexto de onde vem nosso primeiro texto das senhas deste dia de hoje. A fé renova forças. Pois “Ele multiplica as forças ao cansado”. A ilustração usada por Isaías e que aparece também na canção é de que os cansados “sobem com asas como águias”.
Aqui, na realidade brasileira, não vemos muitas águias, mais comuns em outras paradas. Mas temos outros pássaros que parecem um planador nas alturas, quando os vemos nos céus. É o gavião, com suas asas abertas, espiando sua próxima caça. É o urubu, com suas asas compridas, sobrevoando o ambiente, anunciando que algum animal morreu e logo será carniça. Todos eles gastam muita força para subir e as recuperam no planar de suas asas. Confiar em Deus e esperar por ele, é alçar vôo para outra esfera, de onde vem a força para quando precisamos descer novamente ao nível onde nos movemos, como ilustramos ontem, entre os temporais da vida.

Assim foi com Jesus. No domingo de ramos, comemorado hoje, Ele inicia sua última semana e teria muitas “tormentas”: traído por Judas, negado por Pedro, condenado como um assassino e ladrão. Este episódio da entrada em Jerusalém, foi como um alçar de vôo, como se diz muitas vezes: “ficar nas nuvens".
Aquela gente simples, usando suas capas e ramos de árvores para fazer um tapete por onde Jesus iria passar, confessava sua real compreensão de Jesus: Ele é o Rei. Pilatos, poucos dias depois, reconheceria isso tarde demais. Assim também o soldado que lhe feriu o lado quando agonizava na cruz e os soldados que vigiaram seu túmulo até domingo cedo. Tarde demais!

Que pena quando perdemos nosso tempo, lutando com as próprias forças para sairmos das dificuldades, rastejando entre os problemas, quando poderíamos sobrevoá-los, com as asas vencedoras da fé, da confiança e da esperança. E louvando: “Bendito o que vem em nome do Senhor...”


Sábado, 27 de março de 2010


“O Senhor ouviu a nossa voz e atentou para a nossa angústia, para o nosso trabalho e para a nossa opressão” Deuteronômio 26.7


“O mar começava a empolar-se, agitado por vento rijo que soprava. Tendo navegado uns vinte e cinco estádios, eis que viram Jesus andando por sobre o mar, aproximando-se do barco; e ficaram possuídos de temor. Mas Jesus lhes disse: Sou eu. Não temais!” João 6.18-20


Hoje tomo a liberdade de iniciar nossa reflexão com uma história que recebi nesta semana, como segue:


Contam que um dia um camponês pediu a Deus permitir-lhe mandar sobre a Natureza para, segundo ele, conseguir melhores colheitas. E Deus lhe concedeu!


Então quando o camponês queria chuva ligeira, assim acontecia; quando pedia sol, este brilhava em seu esplendor; se necessitava mais água, chovia mais regularmente... Mas quando chegou o tempo da colheita, sua surpresa foi grande porque o resultado foi um total fracasso. Desconcertado e meio aborrecido perguntou a Deus por que aconteceu aquilo, se ele havia escolhido os climas que achara adequados.


Mas Deus respondeu: "Tu pediste o que quiseste, mas não o que de verdade era necessário. Nunca pediste tormentas, e estas são muito necessárias para limpar a semente, afugentar aves e animais que a consomem, e purificá-la de pragas que a destroem.”
Vejam vocês que muitas vezes de fato acontece isso também conosco, na vida real. O povo do Velho Testamento reconhece que na angústia, trabalho e opressão (tormentas) que tiveram que enfrentar, estava a mão de Deus e por ela sobreviveram.


Os discípulos de Jesus, como se já não bastasse a tormenta e o mar agitado, ainda tomam um susto com “alguma coisa ou alguém” andando sobre o mar e vindo ao seu encontro. Mas aí escutaram o que precisavam: “Sou eu... não tenham medo”. A tormenta virou bonança. A figura assustadora se tornou seu salvador. Quem sabe já passamos pela experiência de, numa noite escura, ouvirmos passos e vermos um vulto se aproximando (parece história de terror em acampamento de jovens). Fora este comentário, coloque-se na situação e imagine o sufoco, a ansiedade, a preocupação até que a voz diz: “Sou eu” e nela você reconhece, o esposo, o pai,o amigo... Ufa! Que alívio! Foi assim com os discípulos.


Voltemos à história do começo. Não desprezemos os momentos de tormenta que nos chegam na vida. Eles podem se tornar num poder purificador, num balsamo refrescante ou num desafio vencido que ensina grandes lições para a vida.



Sexta, 26 de março de 2010

“Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.” Salmo 13.6


“Graças, porém, a Deus que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento” 2 Coríntios 2.14

Quem não conhece o ditado: “Quem canta, seus males espanta”? Pois parece que o salmista traz uma nova versão para o ditado: “Quem canta louvores, mostra sua gratidão a Deus”.

Os Salmos, na sua grande maioria, são orações. Eram cantadas nas mais diferentes situações pelas quais passava o povo de Deus. Por isso temos salmos de confissão, de vitória, de louvor e de gratidão. Elas continuam tão atuais que podemos simplesmente abrir a Bíblia e orar muitos dos salmos nas nossas situações diárias. É o caso do primeiro texto de hoje. Um coração alegre e agradecido ao reconhecer as coisas boas que Deus faz, explode em canto. Não um canto qualquer. Não a primeira entre as “10 mais” daquela emissora preferida, mas um canto de louvor: “Cantarei ao Senhor”. Tem gente que gosta de cantar. Tem gente que sabe cantar. Poder ser que, muitas vezes, até seus males espante.Mas quando nosso canto se torna em louvor, gratidão, que vem do coração, ele se torna em testemunho.

Nas palavras do apóstolo Paulo em nosso segundo texto, pode ser como um perfume gostoso, que vai tomando conta de todos os espaços. Ele usa a palavra “fragrância”.

Conhecer a Deus, reconhecer sua ação e falar dela aos outros, é como uma música bonita que vai chegando aos ouvidos, como o perfume gostoso que se espalha. O louvor expresso em 2 Coríntios nasce do reconhecimento da presença de um Deus que “sempre nos conduz em triunfo”. Aponta para a vitória maior, alcançada por Jesus na cruz, evento que lembramos na próxima semana, chamada de "semana santa". Parece um daqueles salmos, presente no hinário da IECLB: “Exaltar-te-ei, ó Deus meu e Rei e bendirei o teu nome...” só para citar um deles.

O testemunho, o falar daquilo que Deus faz, pode motivar ao louvor, espalhando o bom perfume, ao invés do mau cheiro que vem tomando conta de nosso mundo, pela maldade do ser humano e sua ingratidão.


Quinta, 25 de março de 2010


“Eu disse na minha pressa: estou excluído da tua presença. Não obstante, ouviste a minha súplice voz, quando clamei por teu socorro” Salmo 31.22


“Jesus disse para Bartimeu: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente tornou a ver e seguia a Jesus estrada a fora” Marcos 10.52


Conhecemos o ditado que diz que “as aparências enganam”. De fato, muitas vezes, nos enganamos ao tirarmos conclusões precipitadas de uma pessoa ou de uma situação e só descobrirmos mais tarde que não era bem assim.


Aparentemente o sentimento de culpa fez com que o salmista se sentisse tão mal diante de Deus que já se imaginava cortado, “excluído” do relacionamento com Ele. Veja que esta foi sua primeira impressão. Ele diz, inclusive, que esta foi uma conclusão precipitada, “na pressa”. Passado este primeiro sentimento, refletindo melhor, ele percebe a verdade: Deus está presente, ele me ouve e me socorre. Que bom que às vezes, as aparências enganam.


Já o texto do Novo Testamento apresenta um personagem que não consegue nem se deixar enganar pelas aparências, pois era cego. Mas, como acontece com a maioria das pessoas que tem algum limite ou necessidade especial, acabam tendo também uma compensação e desenvolvem alguma qualidade especial. E se Bartimeu não podia ver, ele escutava muito bem. Não escapou de sua sensibilidade a passagem de Jesus, ali onde ele estava. E, como o salmista, ele também pede por socorro. Este seu “ouvir e ver” não lhe deixou dúvidas. As aparências não o enganaram.
A mesma fé que Jesus viu nele e que o salvou, também o tornou seguidor. A expressão é muito bonita: “o seguia estrada a fora”. Esta expressão se usa para designar viagens maiores, quando “colocamos o pé na estrada”. Não é só dar uma volta. É encarar e seguir. No caso de Bartimeu parece ter sido a gratidão que o motivou e a sua nova visão do mundo, depois do milagre.


Esta pode ser uma boa visão para nossa vida também, tantas vezes acomodados na “beira da estrada”, analisando as aparências e, muitas vezes, nos deixando enganar por elas.



Quarta, 24 de março de 2010


“Esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher” Gênesis 3.8


“Não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” Hebreus 4.13


Talvez uma das primeiras brincadeiras que cada um de nós aprendeu, foi o tal de “esconde, esconde”. Foi assim comigo, foi assim com meus filhos e agora se repete com meus netos: “Vô... vamos brincar de esconder”. É contar até 10 e sair procurando.


Parece que esconder-se é de fato uma característica do ser humano desde a criação. É o que nos retrata o texto do primeiro livro da Bíblia, o Gênesis. Ao saberem-se “errados”, Adão e Eva tiveram medo. Geralmente é por isso que a gente se esconde. Qualquer delito, ao ser cometido, do menor ao maior, exige de seu autor que se esconda. Por que depois de um deslize ou crime, o cara “some”? Se aparece, vem acompanhado de advogado, com mil desculpas ou argumentos preparados com tempo. Se não se escondesse e tivesse que responder a queima-roupa, sem tempo de achar desculpas ou provas, se daria mal. Neste ponto, infelizmente, a própria lei favorece o infrator.


O alerta que vem dos textos de hoje é de que esconder-se pode funcionar por algum tempo e em alguns círculos. Mas vai chegar a hora da verdade, mais cedo ou mais tarde. O nariz de Pinóquio vai crescer tanto que um dia a ponta vai aparecer. Desde o dedo que furou o bolo de aniversário e lambeu a cobertura até as falcatruas cometidas, por colarinhos de qualquer cor, inclusive os do “colarinho branco” (que parecem ser os mais difíceis de serem descobertos). Se isso já está sendo uma realidade diante das câmeras escondidas, usadas por reportes disfarçados de “gente normal”, ou de desafetos políticos, que dirá diante Daquele, de quem diz o texto de Hebreus, “temos que prestar contas”.


A secularização da fé tem amenizado alguns termos que há anos atrás eram usados com mais clareza, como o “Juízo Final” ou a figura de Deus como Juiz. É mais fácil lidar com a figura de Deus como um Papai Noel, ou para a época, um Coelhão de Páscoa, que no final vai trazer qualquer coisa pra todo mundo, do que com a realidade de que o ser humano é responsável por seus atos, sejam impensados ou planejados. É obvio que preferimos muito mais dois braços nos abraçando do que um dedo apontando nossos erros. As duas realidades existem e devemos conviver com elas. Por não buscarem os braços daquele que lhes poderia entender e perdoar, já os primeiros seres humanos tiveram que conviver com o incômodo dedo do juízo. Aliás, o tão falado “livre arbítrio” nos permite escolher um ou outro.



Terça, 23 de março de 2010


“Filho do homem, mete no coração todas as minhas palavras que te hei de falar e ouve-as com os teus ouvidos” Ezequiel 3.10


“A rainha do Sul veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis aqui está quem é maior do que Salomão” Lucas 11.31


Muitos dos provérbios e ditos populares que circulam por aí tem alguma coisa a ver com os ensinamentos de Salomão. Não é para menos que o próprio Senhor Jesus disse que, ”entre os nascidos de mulher, ninguém foi igual a ele”. Conhecido como o homem mais sábio do mundo seus conselhos, a grande maioria deles no livro de Provérbios no Velho Testamento, são lições de vida para todos os tempos e épocas.

Mas de que adiantam palavras sábias num mundo de gente tola que acha que não precisa de conselhos. Ouvido e coração abertos ao aprendizado são características de gente sábia. Ezequiel diz que as palavras sábias devem chegar aos nossos ouvidos e, usando uma expressão forte, diz que devemos “metê-las no coração”. A gente usa muito um dito para descrever uma pessoa cabeçuda e teimosa: “quando ele mete uma coisa na cabeça, não tem quem tire”. É interessante lembrarmos que a cabeça é racional. Com ela pensamos e decidimos. E se a boa palavra ficar somente neste nível intelectual, sem alcançar o coração (sentimentos, emoções, vontade), para nada serve.


Se é tão importante darmos ouvidos e atenção à palavras sábias e aos bons conselhos, quanto mais para os que vem de alguém que “é maior do que Salomão”, como diz o evangelista Lucas. Com toda sua sabedoria Salomão foi limitado. Ele mesmo não cumpriu muitos dos conselhos que ele deu a outros. Jesus, porém, veio para por “o pingo no i”. Ele falou e viveu de acordo com isso. Por isso mereceu o respeito e aceitação dos mais humildes que, reconhecendo sua pequenez e limitações, lhe deram ouvidos e lhe entregaram o coração. Ao contrário das autoridades da época, que sendo sábios aos seus próprios olhos, o desprezaram e encaminharam à morte e vergonha da cruz. A quaresma, como tempo de reflexão, nos deve ajudar a uma auto-avaliação. Estou vivendo com sabedoria?


Segunda, 22 de março de 2010


“Que teus olhos estejam abertos à suplica do teu servo e à súplica do teu povo de Israel, a fim de os ouvires em tudo quanto clamarem a ti” I Reis 8.52


Esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve” I João 5.14


Já passou pela experiência de estar falando com alguém e perceber que ela “não está nem aí”? Desatenta, pensando em outras coisas, faz de conta que está ouvindo mas... está longe. É uma situação desagradável. Felizmente, quando o assunto é oração, temos alguém “sempre alerta”.

No texto do Velho Testamento a palavra súplica aponta para um momento de sofrimento ou angústia. Nesses casos fazemos mais do que só pedir, suplicamos, insistimos, clamamos. O detalhe está naquele a quem dirigimos este clamor. Nosso Deus é vigilante, sempre de “olhos abertos”. No popular diríamos, “de quem não escapa nada”.


Na mesma direção aponta o texto do Novo Testamento, mas com um detalhe: “se pedirmos segundo a sua vontade”. Lembramos aqui a oração do Pai Nosso que é uma declaração de dependência de Deus quando afirmamos “Seja feita a Tua vontade”. Nossa oração sempre tem que levar em conta que nossa vontade, nosso querer, nosso clamor, nossa súplica, podem não combinar com a vontade daquele que nos conhece melhor do que nós mesmos. Alguém já disse um dia que, quando oramos, podemos contar com três respostas da parte de Deus: sim, não ou aguarde.


Outro detalhe do texto de João é o “pedir com confiança”. Lembro da história que Jesus contou para ilustrar esta atitude diante da oração. Uma viúva tinha uma causa a ser julgada e ninguém que a defendesse. Foi direto ao Juiz, insistente, confiante de ser atendida. Depois de muitas tentativas, ele a recebeu, pois percebeu sua situação e sua súplica. Creio que a história nos ajuda a entender os textos de hoje.



Domingo, 21 de março de 2010


“Tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade” Isaías 63.16


“Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, segundo sua misericórdia, ele nos salvou” Tito 3.4-5



O “antigo” está recuperando seu valor, em meio à modernidade. Casas de antiguidades, recuperação de móveis, tombamento de prédios históricos, são alguns sinais desta nova fase. É bom que ao lado de uma sociedade cada vez mais descartável, consigamos não esquecer de tudo. Assim também pode ser com relação à presença de Deus em nossas vidas. Quando se perdem os pontos de referência também se perde o rumo.


O profeta Isaías olha para trás e o que ele vê? Um Deus estável, um pai amoroso, o Redentor (Salvador). Um Deus que renova sua caminhada com cada geração, “desde a antiguidade”. Esta história de Deus com o ser humano inspira confiança. No campo dos negócios a “solides” é usada no marketing... “50 anos no mercado”, “de pai para filho desde...”, “não arrisque... fale com quem tem experiência”. Voltando ao nosso texto: De vivência e dedicação ao ser humano, Deus tem experiência de sobra, não é mesmo?


Esta longevidade da ação divina chega aos tempos do Novo Testamento na pessoa de Jesus Cristo. Mesmo com toda perseguição e desconfiança que as autoridades da época semearam quanto à sua vida e ações, as pessoas que tiveram oportunidade de vê-lo e ouvi-lo, viram nele alguém digno de confiança: “Ele fala com autoridade, não como os demais...”, avaliavam. Ele é a revelação do Deus descrito por Isaías. Ao mesmo tempo em que suas palavras eram de autoridade seus gestos eram de amor e bondade como Paulo escreve a Tito e mais: “amor para com todos”. Estamos chegando ao final da quaresma e logo começa a semana santa. Começando com o Domingo de Ramos, daqui há uma semana, teremos a oportunidade de sermos lembrados da “misericórdia e benignidade” de Deus em Jesus para com a humanidade.



Sábado, 20 de março de 2010



“Converte-te a teu Deus, guarda o amor e o juízo e no teu Deus espera sempre” Oséias 12.6

“Não pagai mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizei, pois para isso mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança” I Pedro 3.9

Na tarde deste sábado, dia 20, as 14h32, termina o verão e entramos no Outono. No Brasil não temos mudanças tão expressivas na natureza, como nos países do norte, onde as folhas mudam de cor de maneira visível, antes de caírem à espera da neve. Mesmo assim, o Outono é o mês em que a natureza se “converte”. A primeira aparência desta conversão não é bonita aos nossos olhos, onde o verde e as cores vão desaparecendo aos poucos. Mas sabemos que é preciso esta conversão para que depois venham novamente os brotos e a vida volte na primavera. É o ciclo da vida.


Estrada pela qual transitamos nos Alpes Franceses no Outono Europeu (10/2009)
A coloração das árvores é muito linda e revela a estação!


Uso esta ilustração, pois nosso texto do Velho Testamento também fala de “converter-se”, isto é, voltar-se para Deus. Lembram do sinal de conversão no trânsito? É 180 graus. Ao invés de afastar-se de Deus cada vez mais, o que acontece se seguimos nosso caminho “sempre em frente”, nos voltamos para ele e damos ouvidos aos seus conselhos. Ao contrário do desespero que marca nossos dias, passamos a alimentar a esperança: “no teu Deus espera sempre”.



Esta conversão tem conseqüências na maneira como vivemos. É o que mostra o texto do Novo Testamento que aponta para a possibilidade de trocar a maldição pela benção, a raiva pelo perdão e a maldade pela bondade. Estas não são coisas que o ser humano consegue por seu próprio esforço. Nossa natureza não quer conversões. Pelo contrário, muitas vezes passamos por cima dos outros, atropelamos a vida.

Na vida real é permitido fazer a conversão... aliás... recomendada!


A palavra “conversão” tem sido “mistificada”, apontando para um ato único, perdido no passado, diferenciando o “crente” do “não crente”. Desmistificá-la é entendê-la com um encontro com Deus sim, mas que se renova a CADA DIA através de nossos pensamentos, palavras e ações.




Gente amiga!
Nesta semana escrevi o CADA DIA da Costa Rica,
onde cheguei na manhã desta segunda-feira (15)e retornei na sexta-feira (19)
Tivemos um encontro de comunicadores onde prestei assessoria.


Sexta, 19 de março de 2010


“Filhos sois do Senhor, vosso Deus” Deuteronômio 14.1


“Vós sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” Efésios 5.8



Vivemos uma época de evasivas, ou como diz o ditado, “onde todos saem pela tangente”. Quer dizer: não se quer mais comprometimentos por afirmativas que podem gerar cobranças mais tarde. Então surgem as expressões: “pois é, vamos ver”; “não posso garantir”; “aí depende!” e assim por diante. Que diferença do Deus comprometido conosco e da clareza com que seus profetas anunciavam estas verdades ao povo.


No texto do Velho Testamento uma afirmação: “vocês são filhos de Deus”. Haveria expressão mais confortante, segura e animadora? Em meio às dificuldades e questionamentos que acometiam o povo de Deus em sua reestruturação como nação, uma palavra como essa teve um efeito maravilhoso. Ela foi transposta para nossos dias pela canção “O povo de Deus”, cantada e apreciada por muitos. O poeta dizia: “O povo de Deus era rico de nada, só tinha esperança e o pó da estrada”, mas se sabia Povo de Deus.


No texto do Novo Testamento, outra afirmativa: “Vocês são luz em Deus”. Os filhos e filhas de Deus, através de seu testemunho, trazem luz ao mundo que vive na escuridão. É um privilégio e também uma responsabilidade (como dizia um professor meu). Para fazer jus à afirmação, andar de acordo com ela: “andai como filhos da luz”. Em outras palavras, “porque andar às cegas, se temos a luz por perto. Volto ao poeta, que no refrão de sua canção diz: “Também sou teu povo Senhor e estou nesta estrada, somente a tua graça me basta; e mais nada!” Esta também é uma afirmação corajosa. Saber-se dependente da graça (amor, bondade, favor, cuidado) de Deus... e mais nada!


Dizer-se “filho de Deus, crente, cristão” ou qualquer outra forma que se encontre para definir aquele que ama ao Deus revelado em Jesus Cristo, é uma afirmativa... e corajosa!




Quinta, 18 de março de 2010


“Quem poderia estar perante o Senhor, este Deus santo”? I Samuel 6.20

“Pedro disse para Jesus: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo” João 13.8

“Frijoles, arroz, platanos y queso blanco”... Que tal começar o dia com este cardápio? Café da manhã com feijão, arroz, banana da terra e queijo branco. Um pouco fora da realidade da maioria dos brasileiros. Mas não na Costa Rica. Foi assim esta semana.

As palavras bíblicas às vezes também não “sentam bem”, como comida pesada. Quando somos colocados diante dos atributos de Deus, nos sentimos muito pequenos. No livro de Samuel a coisa fica “pesada”. Deus é santo (único, sem pecado, justo). Como se colocar diante dele? Com desculpas, com histórias mil? Essas coisas às vezes funcionam quando se tenta enganar alguém e, ainda assim, nem sempre. Que dirá diante de Deus! Um amigo meu, seguidor deste blog, tem uma palavra sábia em seu perfil do Messenger: “Não se justifique; os amigos não precisam e os inimigos não acreditam”. Valeu!

Foi assim que muitas vezes os primeiros seguidores de Jesus se sentiram diante das coisas que presenciaram. Sua maneira de falar com as pessoas, principalmente aquelas que os outros evitavam. Sua maneira de agir com as pessoas, principalmente aquelas que os outros rejeitavam. Sua maneira de receber as pessoas, principalmente aquelas que os outros excluíam. O apóstolo Pedro, inclusive, se sentiu tão envergonhado e pequeno diante do Mestre, que na cerimônia do lava-pés, quis dar uma de grande: “nunca me lavarás os pés”. Mas a lição ensinava a humildade. O Senhor veio servir. Nós temos que nos reconhecer indignos de que ele nos sirva. Por outro lado é a única maneira de entrarmos no serviço também: “Se não for assim não tens parte comigo”.

Lava-me, Senhor e mantém-me limpo.
Ajuda-me a saber curvar-me e encontrar os pés daqueles a quem eu também posso servir.



Quarta, 17 de março de 2010


“Eis que envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim” Malaquias 3.1


“João batista disse: Eu sou a voz do que clama no deserto – endireitai o caminho do Senhor, o qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias” João 1.23,27

Uma palavra pessoal no início da meditação de hoje. Preciso me desculpar pela hora tardia da inserção pois temos 3 horas de diferença com o Brasil aqui na Costa Rica e porque só agora tive sinal fixo de Internet, voltando para San Jose, depois de estarmos reunidos no centro de encontros (MANU) sem acesso à Internet, infelizmente.
Primeira parte do encontro no Centro Manu em Guapile
Estrada San Jose/Limon
Rodolfo (Costa Rica), Andreas (Austria/Costa Rica), Heitor (Brasil)
Jukka (Finlandia/Genebra), Gabriela (Argentina), Rolf (Brasil) e Ramirez (Colombia)

Vamos aos textos de hoje

Malaquias prevê que antes da chegada de Jesus, o Messias, haveria um mensageiro, preparando o caminho. Parece que Deus sempre está á frente preparando as coisas para nós. Isso é uma questão de fé e esperança.

Confirmando a profecia de Malaquias, o próprio mensageiro, João batista, assume seu papel de antecessor, apontando para o que vem depois. Como se diz na gíria, sem “puxar a brasa para sua sardinha”. Ele é mensageiro. Cumpre seu papel e o faz com propriedade. A expressão “endireitar o caminho”, é atual. Nosso mundo anda em “caminhos tortos”: corrupção, miséria, perda de identidade, ano eleitoral (promessas mil), são algumas das pedras neste caminho torto. O problema maior é que ninguém assumir a posição do “amarrar as sandálias” (abaixar-se, servir, ir ao encontro do outro). É mais fácil ficar de pé, olhando os outros de cima para baixo. Esses são os olhos da maioria de nossos governantes, dos ricos em relação aos pobres, dos que mandam em relação aos que precisam obedecer. Quem quer “desamarrar as sandálias! E já que estamos na época da quaresma, lembrar que foi exatamente isso que Jesus Cristo fez no final de sua caminhada. Seu último momento íntimo com os discípulos, foi o “lava-pés”. Os elementos desta cena: bacia, água, toalha (ferramentas de serviço). Esta é a mensagem. Organizações de serviço social já inventaram o slogan “quem não vive para servir, não serve para viver”. Nós o podemos fazer por obediência, amor e fé.


Terça, 16 de março de 2010


“Não é Efraim meu precioso filho, filho das minhas delícias? Pois tantas vezes quantas falo contra ele, tantas vezes ternamente me lembro dele; comove-se por ele o meu coração, deveras me compadecerei dele, diz o Senhor” Jeremias 31.20


“Não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” Romanos 9.16

Neste final de semana que passou refletimos com as comunidades nos cultos sobre a Parábola do Filho Pródigo. Lembram??? O filho mais novo que saiu de casa, depois de ter pedido que o pai repartisse a herança. É um texto conhecido.

Jeremias usa ilustração semelhante. Deus sempre nos quer de volta. Mesmo que para isso é preciso que ele “fale contra nós”, como os pais muitas vezes das tradicionais “broncas” nos filhos. O Filho Pródigo experimentou do bom e do melhor, de acordo com sua avaliação. Mas o melhor mesmo ele descobriu quando voltou pra casa. Assim Deus quer fazer conosco.

Isso é graça e amor. Paulo diz que não é esforço nosso (querer e correr) mas bondade e misericórdia de Deus. Esse é um dos esteios da vida cristã. Vivemos pelo amor de Deus. Se tudo fosse acontecer por nosso esforço, nos daríamos mal, pois o ser humano é volúvel, por natureza.

Que bom que, da parte de Deus, isso não acontece. A palavra misericórdia (ver com o coração) é uma boa expressão nesse sentido. Confiemos nela!

 


Segunda, 15 de março de 2010

"O teu caminho, ó Deus, é de santidade" Salmo 77.13

"Jesus diz: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me" Marcos 8.34

"A vida não está fácil!" Esta é uma expressão popular que ilustra as dificuldades com as quais muitas vezes nos defrontamos para conseguir alguma coisa na vida. Pode ser na busca de um ideal, na realização profissional, na perseguição de um sonho ou esperança. Quando Jesus chamou seus 12 apóstolos, sabia que eles teriam que fazer uma opção. Não poderiam continuar no seu barco de pesca e na estrada ao mesmo tempo. Por isso a advertência tripla de Jesus: "negar-se, tomar a cruz e seguir".


Se já foi difícil entender este caminho nos tempos bíblicos, imaginem nos dias de hoje, onde ninguém quer abrir mão de nada, todos lutam por seus direitos, estamos numa concorrência direta com outras pessoas, seja na disputa por uma vaga, numa posição melhor no emprego ou na manutenção de nosso "status social". Como abrir mão (negar-se) e optar por carregar um peso adicional (cruz) e não ser o dono de seu próprio nariz (seguir).


Mas estas são características de alguém que aspira seguir o caminho da fé, muitas vezes nada confortável, apesar das promessas feitas aos seguidores de Jesus. O que significam estas palavras na vida de cada um de nós, só nós mesmos saberemos medir. Sacrifício para um pode ser uma atitude natural para outro.

Segue uma estória que poderia ilustar isto: "Um homem comparece a presença de Deus, queixando-se da vida e de que sua cruz era muito pesada de carregar. Deus levou-o a um lugar onde havia muitas cruzes, pediu que deixasse a sua ali e procurasse uma mais leve. Ele saiu andando, perdido no meio de tantas cruzes, colocando-as no seu ombro para ver qual lhe serviria e o deixaria mais confortável. Depois de muita procura, finalmente achou uma que lhe agradou. Perguntou a Deus quanto pagaria por aquela cruz e a resposta foi direta: Você não paga nada por esta. É a sua, deixada aqui quando entrou".


O caminho de santidade, descrevendo o próprio Deus na palavra do Salmo, é a fonte para a inspiração àqueles que querem seguí-lo. A força para isso não está em nós mesmo. Vem do próprio Deus a quem está disposto a seguir seus ensinamentos.



Domingo, 14 de março de 2010

"Deus tirará de toda terra o opróbrio de seu povo" Isaías 25.8

"Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram" Apocalipse 21.4

Mais uma vez aparece a palavra "opróbrio" sobre a qual falamos noutro dia. O dicionário Michaelis Online, a define assim:
1 Extrema abjeção. 2 A maior desonra; ignomínia. 3 Afronta, vergonha. 4 Infâmia, injúria.
Quer dizer: nossos sentimentos causados por algo que outros fizeram a nós. É isso que Deus promete fazer com as pessoas. Tirar delas o peso da culpa que carregam consigo, proveniente de sua natureza pecadora ou provocado por insultos, mentiras ou injurias de outros. Que promessa! Lembram do "Deus Consolador" da reflexão de ontem?

Mas esta é uma questão que só será resolvida definitivamente no anúncio da eternidade em Apocalipse, pois sempre teremos novos motivos e novas situações que nos colocam de novo sobre o "opróbrio".

A ilustração que aparece é muito bonita: alguém que nos enxuga as lágrimas (situação típica de alguém ofendido e ferido) e nos recebe num lugar novo, sem luto, sem choro, sem dor. Note que isto só acontece depois de "as primeiras coisas terem passado", isto é, as coisas desta vida e deste tempo. É uma descrição muito bonita do eterno, do céu, da presença de Deus e nossa com Ele. Podemos dizer que esta é a "esperança maior".

É gente! Não tem outro jeito de descobrir estas maravilhosas promessas, a não ser pela leitura e estudo da Bíblia. Ignorar a Palavra de Deus e fazer pouco caso dela, é correr o risco de perder a esperança ou se contentar com coisas menores, oferecidas pelos caminhos da superstição, religiosidade popular, crendices ou no seu próprio entendimento das coisas. O ser humano, portanto, corre um grande risco e precisa saber disso.


Sábado, 13 de março de 2010


“Eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu, para que temas o homem, que é mortal” Isaías 51.12


“Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Romanos 8.31


Uma das queixas “modernas” é a do isolamento, o que é quase uma incoerência. E ela é ainda maior nos centros urbanos, onde pessoas se conhecem cada vez menos, mesmo morando no mesmo condomínio, edifício ou vizinhança de bairro. Horários cada vez mais apertados para cumprir com os compromissos, filhos pra deixar e buscar na escola, cuidados mil pela falta de segurança, preocupação, ansiedade. Estou pintando um quadro com cores muito escuras? Acho que não! Infelizmente!

Apesar de uma situação de aparente desespero o texto de Isaías fala de “consolo”. Deus nos consola. Ele se coloca ao nosso lado. Consolador é “alguém que se coloca ao lado”. Mesmo que nos sintamos isolados e sozinhos, apesar de tanta gente a nossa volta, Ele está conosco. Esta é uma palavra confortante, a ponto de nos tirar todo e qualquer temor.
Numa palavra que quase parece irreal de tão forte, o apóstolo Paulo diz que este consolo vem do Deus que se põe do nosso lado, a ponto de lançar uma pergunta que não parece mais encontrar resposta em nossos dias: “quem será contra nós, se Ele está do nosso lado?” Alguns diriam: “Mas é muita ousadia”. Mas de fato esta não é uma palavra para que alguém se imagine superior aos outros “por ter Deus do seu lado” e inclusive “fazer loucuras”, nesta falsa visão de que “nada me acontecerá”, pois estou com Deus. Este pode ser um pensamento enganoso e longe do propósito do texto de hoje, que é o de nos fortalecer para a caminhada, na certeza da presença de Deus. O que passa disso se encaixa na resposta de Jesus ao Diabo no cenário da tentação nos 40 dias no deserto: “Não tentarás ao Senhor Teus”.




Sexta, 12 de março de 2010


“Eu darei lábios puros aos povos, para que todos invoquem o nome do Senhor e o sirvam de comum acordo” Sofonias 3.9


“Eu vi uma grande multidão, que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro (Jesus), vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação” Apocalipse 7.9,10

Numa época em que cresciam os cultos de adoração a Baal e os sacerdotes de deuses estrangeiros, Sofonias vem com palavras duras, tentando despertar o povo a voltar-se em adoração só a Deus. Inclusive tornando-se assim, por seu louvor, missionários, para que “todos” clamassem pelo nome de Deus. Esta palavra de nosso primeiro texto de hoje, foi proferida cerca de 800 anos antes de ser escrito o último livro da Bíblia, o Apocalipse. Neste segundo texto, João tem uma visão, onde o trabalho missionário da igreja logrou êxito, em obediência ao ensino de Jesus: “Ide por todo o mundo”.

Este crescimento do Cristianismo, reunindo hoje perto de 2 bilhões de pessoas, números semelhantes aos do Islamismo, cumprem a visão de João: “de todas as nações, tribos, povos e línguas”. Mas, infelizmente, parece que o fervor missionário do cristianismo está enfraquecendo. Igrejas locais se contentam com o cristianismo de manutenção, sobrevivendo com seu rol de membros, sem um desejo claro de crescerem.
A visão de João no Apocalipse irá se cumprir com ou sem o nosso esforço missionário. O que muda é que deixamos de dar oportunidade que esta “multidão, que ninguém podia enumerar”, seja ainda maior, dando oportunidade a mais pessoas de encontrarem “o caminho, a verdade e a vida” (João 14.6)



Quinta, 11 de março de 2010


“Assim diz o Senhor: Teu mal é incurável, a tua chaga é dolorosa. Porém eu te restaurarei a saúde e curarei as tuas chagas” Jeremias 30.12,17


“O testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu filho” I João 5.11

Na minha caminhada pastoral, não foram uma nem duas, as pessoas com as quais a gente trabalhou em aconselhamento, algumas passando por situações bastante complicadas. Aquela conversa tradicional do médico que chama pra dar um diagnóstico, quase sempre entra na lista destas conversas: “Pastor. Como a gente faz agora? O médico disse que...”.


Essa foi a mensagem que o profeta Jeremias precisa dar ao seu povo, desobediente, com um “coração de pedra”, como ele já havia dito: “teu mal é incurável”. Este parece ser um retrato de nossa sociedade. Ela sofre de males incuráveis. Pelo menos assim parece. A pornografia, a safadeza, a exploração de menores, a prostituição infantil, a pedofilia, a corrupção, só para citar alguns. Vão crescendo e se tornando gigantes diante dos quais nos sentimos como um pequeno Davi com algumas pedrinhas nas mãos, para usar uma ilustração bíblica. A esperança que nos resta é saber que o médico que faz o diagnóstico também oferece a cura: “eu te restaurarei a saúde”. Só a intervenção divina na vida do ser humano para que haja esperança.


Lembrando que estamos na quaresma, esta “restauração” tem nome: arrependimento! Só experimenta a cura, que João chama de “vida eterna”, quem entende que seu mal também estava na cruz de Jesus. É quase um mistério. É sair de seus próprios argumentos e tentativas de sobrevivência (remédios caseiros), que são muitos bons, mas não se aplicam em todos os casos.
E no da maldade humana, mal incurável, não adianta vir com chazinho.
Precisa de transplante; “um novo coração”.
Como Nicodemos ouviu de Jesus: “nascer de novo” (João 3.3)





Quarta, 10 de março de 2010


“Longe de nós o rebelarmo-nos contra o Senhor e deixarmos, hoje, de seguir o Senhor” Josué 22.29


“Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de nos congregar” Hebreus 10.24-25


A Bíblia é realmente um livro interessante. Além de alguns recordes, como o livro mais vendido no mundo, tem características que qualquer obra literária gostaria de ter, uma delas, a constante atualidade. Livros vão e vem, de acordo com a época. Autores sobem e descem na crítica literária. Best-sellers variam de acordo com a ocasião. E a Bíblia? Sempre atual.

Veja os textos de hoje. Poderiam ter sido escritos ontem ou na semana passada. A rebeldia é uma característica dos dias atuais. A famosa expressão “e eu com isso” ou ainda “o que os outros tem a ver com isso”, se aplicam inclusive a questões de fé, ou melhor, a falta de fé. É a rebeldia contra Deus. É deixar de seguir os ensinamentos divinos. E as conseqüências todos nós estamos vendo no estilo de vida de nossa sociedade. Vale o conselho de Josué: Longe de nós nos tornarmos rebeldes.

Outra realidade retratada no texto de Hebreus é o individualismo. As pessoas tem cada vez menos consideração pelos outros e suas necessidades. Palavras de estímulo são cada vez mais raras. Sair do isolamento para “congregar-se”, isto é, ter o seu grupo (de casais, amigos) ou participar de alguma atividade comunitária (igreja, clube de serviço, atividade de ação social) está ficando cada vez mais difícil. Resultado imediato: o amor está esfriando nos relacionamentos e as “boas obras”, tão comuns e esperadas numa realidade cristã, não fazem mais parte do dia a dia da maioria das pessoas.

Então gente! Não acham que está na hora de se recuperar algumas virtudes e colocá-las em prática.



Terça, 09 de março de 2010


“A glória do Senhor se manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do Senhor o disse” Isaías 40.5


“Que sejam iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento” Efésios 1.18


Lembram daquela história de ler a Bíblia como se come peixe. Pois parece que hoje estamos diante de mais uma destas situações. Mas de fato não é. Isaías antevê um tempo em que a “glória de Deus” será reconhecida por TODOS. Mas, de acordo com a palavra do apóstolo Paulo em Efésios, só reconhece isso quem vê com os “olhos do coração”. O mundo de hoje nos ajuda a entender um pouco estas verdades ocultas nos dois textos deste dia. Vejamos!

Vivemos uma realidade onde tudo tem que ser provado, garantido, confirmado. Produtos precisam de selo de qualidade (ISO, etc.). Empresas precisam ser sólidas e oferecer vantagens (concorrência). Produtos e empresas precisam comprovar que são melhores que os demais e convencer o cliente disso (marketing). Usando termos do profeta Isaías: “mostrar a sua glória” (potencial, capacidade). O assunto chega à questão pessoal. Na vida profissional não é diferente - cursos, especializações, capacitações (curriculum vitae): “mostrar a sua glória”. Em algumas situações tudo isso chega a ser desumano e colocar uns contra os outros. Muitas vezes, apesar de tudo isso, alguém ainda não é reconhecido em sua capacidade. Porque? Depende com que olhos se está vendo esta realidade.

Os olhos físicos vêem as coisas sob uma perspectiva, mas os olhos do coração, tem outro alcance. É assim com nossa compreensão de Deus. Tentando provar tudo, “tim-tim por tim-tim” não se chega longe. Tem que por o coração. É assim também com nossas relações humanas. Não se pode ir só pelas aparências. Tem que por o coração.

Aí reside a lição maior. Pedir a Deus que nos ajude a ver as coisas com outros olhos. Não é uma boa idéia?



Segunda, 08 de março de 2010
Dia Internacional da Mulher

“Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina” Isaías 52.7



“Jesus enviou os Doze para pregar o reino de Deus e curar os enfermos” Lucas 9.2

Vejam que bela mensagem temos nestes dois textos do dia de hoje.

Primeiro essa beleza de Isaías com palavras que faltam tanto em nossos dias: boas-novas (são sempre as mesmas velhas coisas requentadas a cada dia); paz (é só guerra de todo tipo e pra todos os lados); coisas boas (impera a ruindade e a maldade) e salvação (‘o mundo tá perdido’, como se costuma dizer). E ainda dizem que a Bíblia é peça de museu e coisa do passado!

Depois este exemplo do curto tempo (3 anos e meio) que Jesus teve com seus doze apóstolos, mas onde conseguiu passar-lhes o essencial: falar do reino de Deus (boas-novas) e ajudar as pessoas (curar enfermos). Esta é outra palavra para os nossos dias. Cito um exemplo atual. Não é de hoje que sabemos que vivemos num mundo doente. A maioria destas doenças não são físicas na origem, mas com consequências físicas, as chamadas “doenças psicossomáticas”. Em um de seus blogs, o Dr. Marcos Ferreira psiquiatra, com larga experiência em psicofarmacologia e psicoterapia, clinicando em Santa Maria/RS, afirma que “de perto ninguém é normal. Apenas uma minoria da população pode ser considerada mentalmente sadia. A maioria , 99 %, é composta de pessoas extremamente doentes ou medianamente doentes (ainda funcionais, mas prejudicados). Agora você entende porque vivemos num planeta insano!”

E eu arrisco a dizer que para este mundo doente, uma boa palavra, uma atitude de compreensão, um “ir ao encontro”, um “tô vendo que você não tá legal” um “posso ajudar?” ou um “me desculpe”, são um santo remédio.

E agora MULHERES (que me desculpem os leitores homens) uma palavra especial para vocês neste Dia Internacional da Mulher.


PARABÉNS !!!!!!!!!!!!


Quero convidá-las a olhar o link



Domingo, 07 de março de 2010

"Tu és o Deus que operas maravilhas e, entre os povos, tens feito notório o teu poder" Salmo 77.14

"Vindo a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher" Gálatas 4.4

Estamos no período da Quaresma, que inicia na quarta-feira de cinzas, após o Carnaval, e se estende por 40 dias até o Sábado de Aleluia. Aí celebramos a Páscoa. A quaresma, com certeza, dentre as festividades cristãs que nos acostumamos a guardar, é a que sofreu mais mudanças. Jejuns e encontros diários (missas para os católicos), silêncio na Sexta-feira Santa, altar coberto de pano preto no sábado de Aleluia, etc. etc. Talvez o que se salvou, se posso usar esta expressão, foi o comer peixe na sexta-feira santa, e olha lá. Mas então, por que comemorá-la?

Pelo primeiro texto do dia de hoje, eu diria que a quaresma nos coloca num caminho em que as maravilhas de Deus com a humanidade são lembradas: os milagres de Jesus, as pessoas que tiveram suas vidas transformadas pela fé, a semente para o nascimento do cristianismo, são "feitos notórios" do poder de Deus. Nestes dias anteriores à Semana Santa vamos caminhando em direção ao evento maior. A Páscoa.


No segundo texto aparece este motivo maior: Jesus, filho de Maria, o Salvador. A expressão usada é "na plenitude dos tempos". Terminou a espera. Ele é o Messias anunciado para os Judeus, o Salvador anunciado para os pagãos e o Senhor anunciado para todo aquele que nele crê. No tempo certo. É como na nossa vida. Para tudo tem um tempo certo. Assim é para a fé.

Hoje é o tempo certo para crer.
Hoje é o tempo certo para se arrepender.
Hoje é o tempo certo para entrar nesta caminhada.
Não fique de fora. Caminhe conosco!

 

Sábado, 06 de março de 2010 


“Devíeis andar no temor do nosso Deus, por causa do opróbrio dos gentios, os nossos inimigos”
Neemias 5.9


“Vós o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus. Quanto ao trato passado, que vos despojeis do velho homem”  Efésios 4.21-2

Alguém disse um dia que estudar a Bíblia pode às vezes ser parecido com “comer peixe” e que, por causa dos espinhos, não deveríamos deixar de apreciar a carne. Os textos de hoje fogem um pouco daquelas citações costumeiras, conhecidas, de fácil assimilação. Mas fazem parte do cardápio diário que Deus quer repartir conosco.


Vou tentar ajudar! Nem que precise me estender um pouco mais!


No primeiro texto o convite é para que “andemos no temor de Deus”. Um dos princípios básicos da fé cristã é: “Devemos temer e amar a Deus...” Temer pode ser entendido de duas maneiras, como “ter medo” e como “respeitar”. Se lembrarmos nossos tempos de criança (e lá vai tempo) obedecíamos a nossos pais ou por respeito ou pelo medo do castigo. E funcionava. Isso é temor. Quando se perde essa virtude se perde também a vergonha, como se diz na gíria: “não tem vergonha na cara”. Seria um termo popular para “opróbrio” como aparece no texto (um dos espinhos do gostoso peixe).


Ontem minha esposa me encaminhou um texto: “A minissaia e a liberdade à brasileira” de autoria de Adriana Berger, professora de História e Literatura Brasileira, vivendo hoje nos Estados Unidos. Ele ilustra bem o que estou dizendo na reflexão de hoje. Ela se assustou, no tempo em que passou aqui, com o estilo de vida, a perda de valores e bons costumes e a banalidade alimentada pela TV brasileira, da qual afirma: “Não há na TV aberta brasileira (concessão pública) incentivo ao cumprimento de leis, a regras de respeito mútuo, à solidariedade e cooperação. Destaques, astros e estrelas, são os da marginalidade, corruptos bem-sucedidos, políticos mentirosos, os da sexualidade vulgar”. No tempo da jovem guarda se diria deste comentário: “falou e disse!”


Se vocês tem um pouco mais de paciência para continuar lendo ainda preciso falar do segundo texto. A expressão “vos despojeis do velho homem” significa que há uma natureza no ser humano, enganosa, malandra, perigosa que precisa ser encarada como, inclusive, mencionamos ontem. Assim “fostes instruídos” diz o apóstolo Paulo, “segundo a verdade”. Então, gente! É não abrir mão das coisas básicas. Podemos abrir mão do supérfluo e viver sem ele. Mas não do básico. Fazê-lo é cavar a própria sepultura. O “despojar-se” é como tirar uma roupa para por outra. A isso se chama mudança, ética e responsabilidade. Quem ainda quer viver assim?


Ah! Quem quiser o texto de Adriana Berger na íntegra, pode pedir que eu mando.




Sexta-feira, 05 de março de 2010 

“Venha, pois, a tua bondade consolar-me, segundo a palavra que deste ao teu servo” Salmo 119.76


“A graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos” Romanos 5.15

Há duas palavras muito importantes nestes dois textos para o dia de hoje: BONDADE e GRAÇA. E elas se referem à ação de Deus nas nossas vidas. E elas também contrastam fortemente com aquilo que encontramos no mundo no qual estamos vivendo. Para usar os antônimos, diria “maldade” e “desgraça”. Assim como a bondade e a graça são da natureza divina, a maldade e a desgraça são da natureza humana.

 
Nascemos maus e, por causa, disso nos metemos em situações que geram desgraça. O apóstolo Paulo, na mesma carta aos Romanos da segunda leitura, diz que “não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus” (Rm 3.10-11). Nós, de fato, maquiamos esta realidade. Tentamos achar desculpas para nossos erros e justificativas para nossas atitudes. Quando alguém toma uma atitude que não conhecíamos nela, dizemos: “mas ele/era uma pessoa tão boa... nunca imaginei uma coisa dessas dele/a”.


Para consertar este ser humano e a humanidade em si, só deixando se alcançar pela bondade de Deus. E isso é “graça”, favor que não merecemos.

Talvez o dia de hoje, Dia Mundial de Oração, celebrado desde 1887 e realizado em mais de 170 países e regiões, e neste ano organizado por mulheres de Camarões/África, seja um aviso de que não podemos viver de fato, sem nos aproximarmos de Deus e buscarmos por seu querer. Ao fazê-lo, como lemos ontem, deixamos que a “sonda” de Deus nos alcance e revele quem nós de fato somos. Isto vai nos fazer bem, tirando de nós alguns pesos que carregamos e que nos desgraçam a vida, para nos encher de gratidão e bondade.








Quinta-feira, 04 de março de 2010


“Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado; a sua grandeza é insondável” Salmo 145.3

“Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e de fato, somos filhos de Deus” I João 3.1

Não faz muito tempo que foi chamada nossa atenção pelos veículos de comunicação sobre o grande projeto científico, unindo cientistas de diversos países, gastando milhões de Euros, para que fosse simulado o possível momento de criação do mundo, na chamada teoria do “Big Bang”. Alguém se lembra do que aconteceu na hora em que “apertaram o botão”? Posso responder? NÃO... Pois ninguém disse nada, ninguém viu nada, ninguém provou nada.

SOU CRIACIONISTA. Como diz o salmista de nosso primeiro texto: “Grande é o Senhor”. E para isso não precisamos provar nada, pois “a sua grandeza é insondável”. Precisamos CRER. A palavra INSONDÁVEL é muito forte. Ilustro:     
Na busca por petróleo (veja Plataforma) se usam sondas. Para chegar à região do Pré-sal estas sondas chegam entre 5.000 e 7.000 metros (veja Sonda). É coisa, hein! Até aí chega a capacidade do ser humano. Para provar alguma coisa com relação a Deus (a favor ou contra) não há sonda que o ser humano possa criar.

Mais insondável ainda é o mistério da fé na segunda criação de Deus: em nos tornar seus filhos, como diz a segunda leitura. É o amor de Deus... insondável, incondicional. Somente nos colocando diante das Sondas de Deus (leia o Salmo 139. Se não quiser ler todo ele, pelo menos os versículos 1-6 e 23-24).

Você não precisa provar a existência de Deus. Apenas olhe para si e o mundo a sua volta. Aí está a prova. Você não precisa provar que é Filho de Deus nem tentar sê-lo por esforço próprio. Apenas olhe para si e aceite esta condição e viva de acordo com ela.


Quarta-feira, 03 de março de 2010

"Deus disse: A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso" - Êxodo 33.14
"Resta um repouso para o povo de Deus" - Hebreus 4.9

Falar em descanso nos dias de hoje é muito complicado. Nossa realidade é a de uma vida cada vez mais agitada: Planos de carreira, turnos, plantões, viagens, promoções. Tudo isso nos ocupa. Mas não somos máquinas. Aliás: Mesmo elas precisam de descanso e manutenção.

É bom lembrar o mandamento: "Guardarás o dia do descanso". E tenho certeza de que a Bíblia não pensa apenas "naquele dia", sagrado na tradição judaica (sábado), dedicado nas culturas cristãs (domingo). Descanso é também uma atitude de espírito. A certeza da presença de Deus, como diz o primeiro texto de hoje, nos permite ter uma atitude de descanso (presente) por mais agitado que seja nosso dia. Por outro lado, o cristão vive de esperança (futuro). No segundo texto de hoje chamado de "repouso". É o verdadeiro e final descanso. Não é um paliativo, nem um calmante. É força para a caminhada.

Esta presença de Deus nos impulsiona também a pensarmos nos tantos sem "descanso" em nossos dias. Catástrofes como as do Haiti e Chile tem tirado pessoas de seu descanso para minimizar o sofrimento de outros. Tenho acompanhado a situação pela WEB. A Pastora Presidente da Igreja Evangélica do Chile, Rev. Gloria Rojas, diz por email que "as orações e a solidariedade de vocês nos tem dado forças nestas horas difíceis". As igrejas cristãs se organizaram através do "Comité Intereclesiástico de Emergencia Chile 2010" e, hoje mesmo, dervem se deslocar para a região mais atingida. Mantenho o texto original: "El comité ha emitido un llamado para apoyar con la compra de canastas b'sicas de alimentación y de aseo (kits básicos, cumpliendo norma de ONEMI) con un valor de USD 44 y de USD 30 respectivamente cada uno. Con estos kits desean responder a las necesidades que se vienen presentando, y preparar la salida a Concepción, ahora proyectada para Miércoles, o a más tardar el Jueves".

O descanso de Deus vem pela sua presença e a nossa solidariedade aos cansados (sem descanso) nas diferentes realidades da vida.

Um bom descanso a todos... em plena quarta-feira!!!